Além de visitar a estratosfera, Dina também fez voos de gravidade zero com astronautas russos |
A aposentada e ex-Atuária Dina Barile, de 65 anos, sempre gostou de explorar lugares fora da rota turística. "Tinha paixão por países exóticos, sou fissurada em vulcões e culturas pouco exploradas", afirma.
O desejo de conhecer o diferente se deu ainda mais quando ela, em 2015, decidiu viajar para a estratosfera — segunda camada mais próxima da atmosfera. "Eu tive esse desejo na época em que assisti uma palestra do Marcos Pontes e ele falava que era possível uma viagem ao espaço. Comecei a pesquisar e entrei em contato com a agência de viagens dele."
Porém, quando ela começou a checar os preços, viu que esse tipo de turismo seria altamente custoso. Ao consultar um novo pacote, na mesma agência, um funcionário ofereceu a opção de conhecer a estratosfera em vez do espaço. Além de mais "barato", o pacote ainda oferecia manobras radicais e voo de gravidade zero. Na época, Dina desembolsou US$ 32 mil (aproximadamente R$ 163 mil).
Debaixo de temperaturas negativas na Rússia, Dina fez embarcou para estratosfera |
Única brasileira - e gravidade zero
Depois de organizar toda a viagem, a aposentada partiu para a Rússia, de onde um caça a levaria até a estratosfera. Nesse ponto, é possível ver a escuridão do espaço e um pedaço da terra. Quando o avião vai subindo é uma emoção muito grande.
O piloto disse para eu olhar para a minha direita e quando vi tudo aquilo comecei a chorar muito. Rezei e agradeci", relembra.
Todos os voos são feitos em aviões caça. Esse modelo era o MiG 29 |
No entanto, esta aventura não foi suficiente. Depois de alguns dias, a aposentada experimentou um voo de gravidade zero com um grupo de turistas. Ela foi levada para uma base, onde astronautas russos treinam.
O avião é todo fechado, sem nenhuma janela e simula a gravidade zero. "Eu era a única mulher no meio de 20 homens. Acharam bem curioso e olhavam para mim com um cara de espanto", diz.
Dina Barile em sua viagem pela estratosfera |
Todo o trajeto dura aproximadamente uma hora e, durante a volta, o piloto ainda faz manobras radicais. "No retorno, ele me perguntou se eu queria dirigir e aceitei. Mas virei o caça de cabeça para baixo e vi que não foi a melhor opção", relembra rindo.
A Terra vista da estratosfera |
Ao voltar para o país, Dina foi reconhecida como a primeira e única brasileira a viajar para a estratosfera, de acordo com o Rank Brasil (órgão semelhante ao Guinness World). Por enquanto, nenhuma mulher repetiu seu feito.
Ela foi reconhecida pelo Rank Brasil |
Viagem pelo mundo aos poucos
Antes de ir para a estratosfera, a aposentada já tinha explorado os cinco continentes. Hoje, ela conhece 140 países — todos visitados durante as férias ou períodos longos de recesso. Ela começou a viajar com quase 30 anos e sempre com o dinheiro do trabalho.
Nunca tirei sabático ou coisa do tipo. Sempre fui de economizar muito. Vinha de uma família humilde e sempre estudei com bolsa de estudos. Por isso poupava dinheiro", conta.
Durante as viagens, ela conta que a prioridade era explorar os lugares, conhecer pessoas e turismo de compras não era seu desejo principal. Para ela, o melhor são as histórias e experiências que terá ao longo dos dias em que passará pelos países.
Sua última viagem foi para Papua Nova Guiné, onde conheceu tribos e participou de festivais |
E seja sozinha ou acompanhada, Dina tem muitas histórias e perrengues de viagens que hoje relembra com saudosismo.
Uma vez, ela e uma amiga estavam viajando de trem por Paris e, de repente, sentiram uma sonolência muito grande. Quando se depararam, bandidos haviam jogado gás paralisante em seus rostos e elas não conseguiam se mexer.
Depois de alguns minutos, eles levaram todas as malas e quantias em dinheiro. "Minha amiga perdeu tudo. Eu ainda estava com algumas notas guardadas comigo, mas foi bem ruim".
Diante do portal do Inferno, no Turcomenistão |
Em uma outra viagem de trem pela Noruega, o funcionário da bilheteria não falava inglês e elas não conseguiram entender o que ele tentava explicar ao entregar o cartão de embarque.
No trajeto, as duas dormiram e quando acordaram na cidade, o vagão com suas malas se separou do vagão inicial e elas ficaram sem as bagagens. "Pensávamos que tínhamos sido roubadas, mas era isso que o homem estava tentando explicar e não entendemos."
Por Priscila Carvalho (Nossa/UOL) - Fotos: Arquivo pessoal
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