Apenas planos de expansão de frota de Gol, TAM e Azul contemplam 107 novas aeronaves até 2014, que demandarão cerca de mil pilotos
O descompasso entre o ritmo de crescimento do mercado brasileiro de aviação e a velocidade de formação de pilotos preocupa as companhias aéreas e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O temor é que faltem profissionais para pilotar as novas aeronaves que reforçarão a frota das empresas nos próximos anos. O setor aéreo ensaia uma reação, com incentivos a treinamentos, mas esbarra em um número reduzido de interessados.
Apenas os planos de expansão de TAM, Gol e Azul contemplam pelo menos mais 107 aeronaves em operação até 2014. Hoje, a frota das três companhias aéreas soma 305 unidades. Cada aeronave nova requer a contratação de seis a dez pilotos, segundo o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins. De acordo com as estimativas, serão necessários cerca de mil pilotos para operar apenas as novas aeronaves das três companhias aéreas nos próximos cinco anos. “A necessidade é muito maior. As empresas também precisam repor os profissionais que se aposentam ou deixam o emprego por outros motivos”, afirma Jenkins.
O número de licenças emitidas para pilotos é pequeno se comparado à demanda por transporte aéreo, que cresceu 35% nas rotas domésticas no primeiro trimestre de 2010, de acordo com a Anac. Em todo o ano passado, apenas 258 licenças para pilotos de linhas aéreas foram concedidas. “Hoje não há carência de mão de obra, mas, com esse crescimento no setor, temos que nos preocupar com o médio prazo”, afirma Jenkins.
O custo elevado para a formação e o pagamento de salários menos atrativos nesta década diminui o interesse dos jovens pela profissão de piloto, afirma Graziela Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, entidade que representa pilotos e comissários de bordo. O investimento em cursos teóricos e práticos para a formação de pilotos varia de R$ 100 mil a 150 mil, segundo estimativas de especialistas, mas o salário inicial é de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Para pilotos mais experientes, remuneração chega a R$ 20 mil.
“Ninguém mais fica rico como piloto”, afirma Enio Dexheimer, professor do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS e ex-comandante da Varig. Os salários da categoria encolheram com o excesso de oferta de mão de obra provocado pela falência de grandes empresas nos últimos 20 anos, como Vasp, Varig e Transbrasil. E os custos de formação aumentaram. “Na década de 60, um salário mínimo comprava mais de dez horas de voo nos aeroclubes. Hoje, compra no máximo duas”, diz Dexheimer.
Por falta de empregos ou para receber melhores salários, muitos pilotos foram para o exterior trabalhar nas companhias internacionais. A estimativa de especialistas consultados pelo iG é que cerca de 500 pilotos brasileiros voam em empresas estrangeiras. O contrário não pode acontecer. Mesmo com as aéreas internacionais em crise, o Brasil não pode aproveitar estes profissionais, porque a legislação do setor proíbe a contratação de estrangeiros, com raras exceções.
Fonte: Marina Gazzoni (iG)
O descompasso entre o ritmo de crescimento do mercado brasileiro de aviação e a velocidade de formação de pilotos preocupa as companhias aéreas e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O temor é que faltem profissionais para pilotar as novas aeronaves que reforçarão a frota das empresas nos próximos anos. O setor aéreo ensaia uma reação, com incentivos a treinamentos, mas esbarra em um número reduzido de interessados.
Apenas os planos de expansão de TAM, Gol e Azul contemplam pelo menos mais 107 aeronaves em operação até 2014. Hoje, a frota das três companhias aéreas soma 305 unidades. Cada aeronave nova requer a contratação de seis a dez pilotos, segundo o diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins. De acordo com as estimativas, serão necessários cerca de mil pilotos para operar apenas as novas aeronaves das três companhias aéreas nos próximos cinco anos. “A necessidade é muito maior. As empresas também precisam repor os profissionais que se aposentam ou deixam o emprego por outros motivos”, afirma Jenkins.
O número de licenças emitidas para pilotos é pequeno se comparado à demanda por transporte aéreo, que cresceu 35% nas rotas domésticas no primeiro trimestre de 2010, de acordo com a Anac. Em todo o ano passado, apenas 258 licenças para pilotos de linhas aéreas foram concedidas. “Hoje não há carência de mão de obra, mas, com esse crescimento no setor, temos que nos preocupar com o médio prazo”, afirma Jenkins.
O custo elevado para a formação e o pagamento de salários menos atrativos nesta década diminui o interesse dos jovens pela profissão de piloto, afirma Graziela Baggio, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, entidade que representa pilotos e comissários de bordo. O investimento em cursos teóricos e práticos para a formação de pilotos varia de R$ 100 mil a 150 mil, segundo estimativas de especialistas, mas o salário inicial é de R$ 3 mil a R$ 5 mil. Para pilotos mais experientes, remuneração chega a R$ 20 mil.
“Ninguém mais fica rico como piloto”, afirma Enio Dexheimer, professor do curso de Ciências Aeronáuticas da PUC-RS e ex-comandante da Varig. Os salários da categoria encolheram com o excesso de oferta de mão de obra provocado pela falência de grandes empresas nos últimos 20 anos, como Vasp, Varig e Transbrasil. E os custos de formação aumentaram. “Na década de 60, um salário mínimo comprava mais de dez horas de voo nos aeroclubes. Hoje, compra no máximo duas”, diz Dexheimer.
Por falta de empregos ou para receber melhores salários, muitos pilotos foram para o exterior trabalhar nas companhias internacionais. A estimativa de especialistas consultados pelo iG é que cerca de 500 pilotos brasileiros voam em empresas estrangeiras. O contrário não pode acontecer. Mesmo com as aéreas internacionais em crise, o Brasil não pode aproveitar estes profissionais, porque a legislação do setor proíbe a contratação de estrangeiros, com raras exceções.
Fonte: Marina Gazzoni (iG)
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