sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Medo de voar? Sexo antes de embarcar no avião pode ajudar a enfrentar o voo

Sexo pode levar à liberação de oxitocina, que ajuda em momentos de estresse,
como é o voo para algumas pessoas (Imagem: iStock)
É comum ouvir que um grande número de pessoas tem medo de voar. Muitas vezes, esse medo é infundado ou pode ser racionalizado.

Em todo caso, uma recomendação inusitada pode ajudar quem não gosta de voar a embarcar em um avião e ter um voo tranquilo: fazer sexo antes do voo (e não durante!).

Isso pode estar relacionado com os níveis de oxitocina no organismo e pode ser uma estratégia para enfrentar o medo.

O papel da oxitocina


A oxitocina é um hormônio produzido no hipotálamo, que costuma ser associada ao parto e à amamentação, mas também está presente em situações de afeto, confiança e prazer.

Além de promover vínculos sociais, ela atua no sistema nervoso central modulando as emoções. Estudos científicos mostram que a oxitocina também pode reduzir reações de medo persistente e facilitar a adaptação em contextos novos ou estressantes.

É o caso de uma análise publicada em 2019 no Journal of Neuroscience, que documentou como a oxitocina modula memórias de medo em humanos. Os pesquisadores concluíram que o hormônio ajuda a distinguir situações realmente perigosas de contextos seguros, atenuando respostas ansiosas exageradas.

Outro artigo de 2020, desta vez no Frontiers in Neuroscience, reforça que a oxitocina desempenha um papel fundamental na plasticidade emocional, permitindo que o cérebro aprenda a reagir de forma mais equilibrada a estímulos estressantes, como pode ser a experiência de voar para alguns.

Como aumentar esse hormônio?


A liberação da oxitocina está ligada a estímulos físicos e emocionais positivos. Amamentar, abraçar, acariciar um animal de estimação, receber afeto ou até relembrar momentos de vínculo intenso são formas de estimular sua produção.

A própria lembrança de uma situação reconfortante já pode ajudar em momentos de estresse, como na decolagem ou durante uma turbulência, por exemplo. Essa estratégia é usada em terapias para fobia de voo, associando memórias seguras a etapas da viagem.

Sexo pode ajudar


É nesse ponto que entra a atividade sexual. O orgasmo masculino, por exemplo, provoca uma descarga de oxitocina, que promove relaxamento e sensação de vínculo. Nas mulheres, a liberação ocorre também durante as preliminares, reduzindo naturalmente medos e tensões.

O ex-piloto norte-americano Tom Bunn, que atende pessoas com medo de voar no programa Fear of Flying há 45 anos, conta que atendeu um passageiro que sofreu anos com pânico em viagens aéreas. "Toda vez que ele voava era um tormento, exceto em um voo", relatou.

Segundo Bunn, o passageiro explicou que, em uma dessas viagens, fez sexo antes do voo de volta. "Ele me disse: 'não dormi nada à noite e me arrastei até o avião, mas tive um voo completamente livre de ansiedade'", relatou o especialista. Para Bunn, a experiência ilustra como a oxitocina liberada durante a relação pode ser decisiva na regulação do medo.

Segurança emocional associada ao voo


Em entrevista ao UOL, Bunn também defende outro caminho: associar o voo a pessoas que transmitam segurança. "Quando estamos próximos de alguém de confiança, captamos sinais do rosto, da voz e do corpo dessa pessoa que ativam nosso sistema parassimpático e produzem calma", explicou.

Ele recomenda que passageiros ansiosos tentem associar mentalmente cada etapa da viagem à lembrança de alguém seguro. Dessa forma, avisos de cabine ou mesmo turbulências podem ser reinterpretados pelo cérebro como experiências menos ameaçadoras.


O piloto também destaca que não é preciso depender de uma experiência sexual intensa logo antes do voo para obter benefícios. Segundo ele, a simples lembrança pode ser útil em situações de ansiedade. "O passageiro pode trazer à mente a memória de uma experiência sexual de tempos em tempos durante o voo", diz.

Bunn recomenda inclusive um preparo prévio, criando uma associação entre essa lembrança e momentos específicos da viagem. "É possível vincular a memória a etapas como embarque, decolagem, turbulência e pouso. Assim, quando cada uma dessas fases acontecer, a oxitocina será liberada automaticamente", explica.

Limites e cuidados


Embora a oxitocina seja conhecida como "hormônio do amor" ou da calma, seus efeitos não são sempre previsíveis. Pesquisas mostram que, em ambientes emocionais negativos, ela pode até intensificar emoções desagradáveis.

Além disso, boa parte dos estudos ainda é experimental e feita em condições controladas. Por isso, o sexo antes do voo pode ser um recurso útil, mas não deve ser visto como solução isolada para o medo de voar (e ainda não comprovada cientificamente).

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

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