Segundo eles, aeronave reúne várias características que a tornam a primeira com este modelo a ser fabricada no Brasil. Previsão é que o avião esteja no mercado ainda neste ano e que custe entre 110 e 175 mil dólares.
O avião com três lugares e paraquedas em construção |
Empresários de Goiânia criaram um avião com três lugares, paraquedas e outras características que eles dizem que o tornam o primeiro com este modelo a ser fabricado no Brasil. Um vídeo mostra o piloto e comandante Klézio Marinho, que é especialista em segurança de aviação, mostrando detalhes da aeronave, que está em fase final de fabricação (assista acima). A expectativa deles é que o avião possa ser comercializado ainda neste ano e custe um valor que gire entre 110 e 175 mil dólares.
Klézio, que tem mais de 20 anos de experiência em aviação, divide a sociedade da empresa goiana FITS Aero com o engenheiro mecânico e aeronáutico Celso Farias e o engenheiro aeronáutico Luciano Castro.
Eles dizem que o avião, que foi batizado de FITS F2, é o primeiro brasileiro com três lugares, paraquedas, além de outras características pensadas na segurança do voo, como o conceito de “crashworthiness”, que trabalha com a capacidade de estrutura em proteger os seus ocupantes durante um impacto. Eles contam que já investiram 15 mil horas de engenharia no monomotor (veja mais detalhes do modelo abaixo).
Segundo eles, o avião foi pensado, especialmente, para encurtar distâncias entre cidades que não possuem linhas aéreas. Eles contam que o monomotor será capaz de voar até 1,8 mil quilômetros sem precisar reabastecer e que o custo de gasolina por hora de voo será de cerca de R$ 150.
“Imaginando o cenário do Brasil, onde tudo é muito longe, você quer um conforto, um bagageiro grande, uma máquina segura, e esse é objetivo”, contou Klézio Marinho.
Os empresários ressaltam que o avião não é experimental e que a expectativa é que ele esteja disponível para venda ainda neste ano. Marinho conta que já tem 23 possíveis clientes interessados em comprar a aeronave, no entanto, ela só poderá ser vendida após os ensaios em voo e, por fim, certificação pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Planejamento e prototipação do avião
A ideia começou a ser desenvolvida há cerca de três anos. Após muitas pesquisas, há cerca de dois anos os empresários tiraram o projeto do papel e começaram a por em prática. Ao g1, Marinho explicou que a ideia surgiu pela forte demanda por aviões leves, seguros e projetados para trajetos mais curtos.
“Nós criamos uma aeronave para dar autonomia e conforto para quem a utiliza. Ela tem a filosofia ‘crashworthiness’, que proporciona uma estrutura para causar um menor impacto em caso de emergência", disse Marinho.
Ao planejarem o avião, que atualmente está em fase de prototipação, os empresários pensaram em diferenciais com o objetivo de trazer segurança para os ocupantes. Entre os principais atrativos do modelo, estão:
- 3 lugares: aeronave com capacidade para três pessoas e o piloto pode ser o próprio dono;
- Paraquedas: em caso de emergência, o piloto aciona um paraquedas para o próprio avião, fazendo com que, em situação de queda, o impacto seja menor;
- Crashworthiness: a capacidade de uma estrutura em proteger os seus ocupantes durante um possível impacto;
- Modernidade: painel moderno e simples, investimento na engenharia da aeronave.
Paraquedas e facilidade de pilotagem
Segundo os empresários, o paraquedas é para o próprio avião e não para os ocupantes. O avião monomotor com paraquedas é um dos modelos de aeronaves mais populares no mercado, que oferece praticidade aliada à segurança.
“A aeronave tem paraquedas, então, diante de qualquer problema é só acionar o sistema e ela fará um pouso seguro”, contou o comandante.
Os empresários contam ainda sobre a possibilidade do próprio dono do avião poder aprender a pilotá-lo, já que o painel foi desenvolvido com o objetivo de ser “simples e moderno”. Além disso, Marinho conta que o dono poderá tirar a habilitação no próprio veículo.
“É uma aeronave dócil, vai muito bem em pistas curtas. Vai dar muita praticidade, porque o cliente vai poder aprender a pilotar no próprio avião que comprou”, ressaltou Klézio.
Certificação pela Anac
Ao g1, a Anac informou que os empresários entraram em contato com a agência para tirar dúvidas sobre o processo de certificação.
A agência explicou que o processo de operacionalização para uma Aeronave Leve Esportiva (ALE), como é o caso do modelo, é diferente da certificação aplicada a aeronaves de maior porte.
Segundo a Anac, uma ALE não é certificada ou aprovada pela agência, mas o fabricante deve declarar que cumpriu normas industriais reconhecidas pela Anac, que são, no caso, normas da American Society for Testing and Materials (ASTM), que é um órgão estadunidense de normalização e certificação de materiais, produtos, sistemas e serviços.
A Anac explicou ainda que, quando emite um certificado de aeronavegabilidade especial ou um certificado de autorização de voo experimental para uma ALE, significa que a agência está reconhecendo a declaração de cumprimento com tais normas.
A agência informou ainda que, quando se trata de um novo modelo, a declaração de cumprimento de normas é expedida pela empresa na entrega da primeira unidade e a Anac, ao receber as especificações do modelo, faz uma análise amostral da declaração para checar a consistência com as normas.
Depois que a primeira unidade é entregue, a Anac explicou que o modelo passa a fazer parte da lista de modelos reconhecidos, que podem ser consultadas no site do órgão.
Possível comercialização
Empresários e equipe que desenvolvem avião com três lugares e paraquedas em Goiânia |
A previsão dos empresários goianos é que, em cerca de 60 dias, já esteja tudo pronto para começar os ensaios em voos. Depois dos testes, eles planejam arrumar a documentação para solicitar a aprovação da Anac. Eles estimam que o certificado possa ser solicitado em cerca de 40 dias após os ensaios em voo.
Após a validação da Agência Nacional, os empresários já devem começar a fabricação em série. Em abril, eles esperam já estarem vendendo aviões do novo modelo e acreditam que em cerca de 150 dias após isso já tenham as aeronaves prontas para entregar aos clientes. De acordo com Marinho, a empresa já tem 23 possíveis clientes interessados em comprar a aeronave.
Como o projeto foi pensado por três empresários experientes no ramo da aviação, eles acreditam que conseguiram reunir no FITS F2 várias características positivas que eles já viram em outras aeronaves em um único avião. Marinho conta que ver a ideia tomando forma é a realização de um sonho.
“A gente que voa muitos aviões distintos, a gente pensa: ‘esse avião tem isso de bom, aquele outro tem aquilo de bom, como eu queria que tivesse todos num só’. E eu estou muito feliz em fazer parte disso”, finalizou Marinho.
Texto e fotos via Danielle Oliveira, (g1 Goiás)
Nenhum comentário:
Postar um comentário