quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Filme 'Sequestro do Voo 375' terá estrutura inédita no cinema nacional

História sobre o sequestro de um avião da Vasp em 1988, produzida pela Escarlate e distribuída pela Disney, terá cenas reais de caças da FAB. Copiloto foi morto com tiro na cabeça, e piloto, considerado herói.


A ideia inicial — em 2012 — era produzir um documentário. Mas o projeto ganhou corpo e vai se tornar uma megaprodução do cinema nacional. A mudança ocorreu por conta da determinação da produtora Joana Henning, CEO da Escarlate Conteúdos Audiovisuais. Joana e sua equipe trabalharam em vários detalhes até levarem a proposta à Disney.

As gravações começaram em 16 de novembro de 2022, e a conclusão está prevista para o final da primeira quinzena de janeiro de 2023. Um dos principais sets é o Museu da Aeronáutica no Rio de Janeiro, MUSAL, onde são feitas todas as cenas externas do Boeing 737-200 da Vasp, simulando o ambiente outdoor de um aeroporto em pleno funcionamento, com embarque da tripulação e passageiros no voo 375, além de detalhes de cabine da aeronave.

Também no MUSAL foram gravadas cenas das negociações que, simulando o que aconteceu no aeroporto Santa Genoveva — em Goiânia — naquele 29 de setembro de 1988, quando a Polícia Federal instalou um posto de comando em terra de onde partiam as negociações com o sequestrador Raimundo Nonato Alves da Conceição.

O criminoso, que portava uma revólver calibre 32, matou o copiloto Salvador Evangelista com um tiro na nuca após este tentar contato com o controle de tráfego aéreo. Raimundo Nonato planejava jogar o avião com 98 passageiros e 7 tripulantes no Palácio do Planalto por ter perdido suas economias com os planos econômicos do governo do presidente José Sarney.

Desde o último 18 de novembro as gravações partiram para São Paulo, onde serão feitas todas as cenas relativas à torre de comando Brasília, do Cindacta, que — na realidade — se localiza em Brasília. Foi montada uma estrutura que simula todos os consoles Controle de Tráfego Aéreo (ATC) da década de 1980, onde os controladores receberam o sinal do código transponder 7500 do voo da Vasp, que representa que o avião está sob interferência ilícita, geralmente um sequestro de aeronave ou quando alguém é feito refém a bordo.

Também em São Paulo foram gravadas todas as cenas referentes às movimentações dos aeroportos de Brasília e Confins em 1988, já que o voo da Vasp cumpria várias escalas.

A estrutura montada no set de filmagem: reprodução de um Boeing 737-200
A maior locação do filme está no Pavilhão Santa Cruz, em São Bernardo do Campo, São Paulo, onde foram construídas duas estruturas gigantes que simulam o interior do Boeing 737-200. O cenário abriga as cenas internas da aeronave, tanto da cabine de comando quanto da área de passageiros. Com essa estrutura, inédita no cinema nacional, tem sido possível simular as manobras feitas pelo piloto Fernando Murilo em 1988, sem necessidade de trucagem de câmera, oferecendo muito mais realidade aos movimentos que ocorreram durante o sequestro. Murilo realizou um movimento denominado "tonneau", em que a aeronave executa um giro completo através de seu eixo longitudinal. Os técnicos da Boeing que investigaram o incidente ficaram surpresos com o movimento do avião. E, para captar esse "acontecimento aeronáutico" do episódio, a tecnologia e o capricho da equipe foram essenciais.

"Não giramos a câmera, e sim o avião e dentro dele, com todos os atores e o elenco de apoio", diz um técnico que participa das gravações.

Nesta terça-feira (13), a equipe do Sequestro do Voo 375 volta ao Rio de Janeiro, com gravações na Base Aérea de Santa Cruz, onde jatos F5 da Força Aérea Brasileira vão decolar para um treinamento de rotina de seus pilotos. A equipe do filme aproveitará a movimentação dos caças para a captação de imagens de pousos e decolagens, além de manobras de aproximação e escolta.

Assim que o Cindacta foi comunicado do sequestro, a Força Aérea despachou caças F5 para interceptar o Boeing 737-200. O comandante Murilo sabia que, se insistisse na aproximação para o Palácio do Planalto, a FAB não hesitaria em derrubar o avião da Vasp. Murilo então desviou para Goiânia, onde pousou com os tanques do jato praticamente vazios.

Na etapa seguinte às gravações serão iniciadas as fases de montagem e finalização. A previsão de estreia nos cinemas é em outubro de 2023.

O elenco principal terá nomes como Danilo Grangheia, César Melo, Jorge Paz, Juliana Alves, Arianne Botelho, Wagner Santisteban, Diego Montez, Roberta Gualda e Gabriel Godoy.

O roteiro é de Lusa Silvestre e Mikael Albuquerque, baseado em argumento e pesquisa do jornalista Constancio Viana. A produção executiva é de Paula Torres e Joanna Henning, e a direção, de Marcus Baldini.

Via Luiz Fara Monteiro (R7) - Imagens: Divulgação/Escarlarte

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