domingo, 30 de janeiro de 2022

Satélite Starlink cai de volta na Terra e é visto no MA e TO; veja vídeos

Satélite Starlink se desintegra em reentrada na atmosfera (Foto: Reprodução)
Um estranho fenômeno luminoso foi visto pelos céus do Maranhão e do Tocantins, na noite de ontem (29). Segundo especialistas, foi uma reentrada de lixo espacial na nossa atmosfera —provavelmente, um pequeno satélite da rede Starlink, lançado em 2020. 

Moradores de Imperatriz (MA) e Araguaína (TO) conseguiram registrar o momento, por volta das 23h. Dá para ver o objeto brilhante cair lentamente, com um rastro azulado, se fragmentar e depois desaparecer.


Uma das evidências de que se tratava de um lixo espacial foi a lentidão do movimento, que durou mais de 20 segundos. Um meteoro passaria muito mais rápido. Um avião caindo —como algumas pessoas temeram— também. 

Jackeline Susani, que testemunhou o evento em Carolina (MA), mas não conseguiu filmar, conta que "foi muito brilhante, tinha uma bola maior e várias pequenas tudo junto, e ele passou lentamente, do ângulo que eu vi era como ele 'estivesse dando a volta na terra', foi incrível".

Ela também informou ter visto brilho nas cores laranja e amarelo, em seu relato na ferramenta da Exoss. Se você também viu ou fotografou este ou outro corpo brilhante cruzando o céu, faça o mesmo e contribua com a pesquisa brasileira e mundial.


Reentrada na atmosfera


Satélites e pedaços de foguete "caindo" é algo comum na nova era da exploração espacial e da ocupação da órbita terrestre, que está repleta de objetos feitos pelo homem. Alguns têm prazo de validade, outros apresentam falhas, e eventualmente fazem uma reentrada —mais ou menos controlada.

"Com a facilidade dos smartphones sempre à mão, têm aumentado os registros de objetos reentrando em nossa atmosfera, tanto naturais, como meteoros e bólidos, como lixos espaciais. É algo que vamos ver com cada vez mais frequência. Infelizmente, pois prejudicam as observações astronômicas. Mas não deixam de ser uma visualização interessante para quem presencia", acredita Julio Lobo, astrônomo do Observatório Municipal de Campinas (SP).

Ao atingir nossa atmosfera em altíssima velocidade, eles literalmente queimam, devido ao atrito com o ar, gerando o fenômeno luminoso como o visto ontem no Brasil. As cores do rastro dependem da composição, combustíveis e gases contidos. 

Durante o processo, o corpo é fragmentado, vaporizado e totalmente (ou quase) desintegrado - se sobram partículas para de fato atingir ao solo, são muito pequenas. Fique tranquilo: o risco de ferimentos ou destruição por estes detritos é praticamente inexistente.

Starlink


Ao que tudo indica, o objeto que caiu ontem sobre o Brasil era um satélite de internet da rede Starlink, da SpaceX - empresa espacial do bilionário Elon Musk. Havia uma previsão de reentrada para ontem à noite, aproximadamente no mesmo horário e local:


O satélite de número 1840 foi lançado em 25 de novembro de 2020, da base aérea de Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), no 14º lote do projeto. Até hoje, já foram 34 lançamentos, que colocaram quase 2.000 minissatélites Starlink na órbita da Terra. 

Eles são pequenos, com aproximadamente 230 kg cada, e relativamente frágeis: uma fina estrutura metálica que abriga instrumentos e painéis solares. Considerando a velocidade orbital de 27 mil km/h, quase toda estrutura é completamente desintegrada em uma reentrada.

"Esse satélite é muito frágil, muito fino, pequeno e leve. Dificilmente, alguma parte vai sobreviver à passagem atmosférica. Ele é inofensivo para pessoas em solo. Ele não tem tanques de hidrazina dos satélites convencionais, que poderiam, sim, ser um risco", acredita Zurita. 

As únicas partes de um Starlink que podem sobreviver à reentrada são os thrusters: três propulsores iônicos de cerca de 10 cm cada, para fazer as manobras, feitos de materiais mais resistentes. Mesmo assim, são muito pequenos e as chances de caírem em uma área desabitada, uma floresta ou no oceano são muito superiores.

Por Marcella Duarte (Tilt/UOL)

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