sábado, 13 de novembro de 2021

Complexas e minuciosas, investigações de acidentes aéreos podem demorar meses

Equipes da Aeronáutica foram até Lagoa da Confusão iniciar a apuração sobre o acidente que matou dois pilotos na quinta-feira. Apuração sobre a queda do avião com parte do time do Palmas, em janeiro, ainda não foi concluída.

Dois acidentes aéreos marcaram o ano no Tocantins
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera e Divulgação/SSP - Montagem/g1)
As investigações sobre acidentes aéreos são consideradas extremamente complexas e é comum que elas sejam muito demoradas. Além dos fatores mecânicos dos aviões é necessário levar em consideração fatores humanos, meteorológicos e às vezes até estruturais dos locais onde as ocorrências são registradas.

A Força Aérea Brasileira informou que a tragédia registrada na zona rural de Lagoa da Confusão nesta quinta-feira (11), em que dois pilotos morreram na queda de um avião agrícola, já está sendo apurada. A investigação está por conta do Sexto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 6), localizado em Brasília (DF).

A equipe é a mesma que investiga outro acidente que chocou o Tocantins: a queda do avião com parte da delegação do Palmas Futebol e Regatas em janeiro deste ano. Os trabalhos relacionados a este acidente também estão em aberto.

O primeiro passo para os investigadores do Seripa é identificar indícios, fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, ouvir relatos de testemunhas e reunir documentos. A Polícia Civil do Tocantins informou que está colaborando com todo este processo. O caso é acompanhado pela 58ª Delegacia da Polícia Civil, que isolou o local da queda para perícia.

É importante ressaltar que o objetivo das investigações realizadas pela Aeronáutica é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. O trabalho não tem o objetivo de apontar culpados e nem determina causas, apenas 'fatores contribuintes' para os acidentes.

Quando há indícios de que existam responsáveis pelas tragédias que devam, por qualquer razão, responder criminalmente, esta investigação é feita à parte, pelas autoridades policiais. Este não é o caso em nenhum dos dois acidentes registrados no Tocantins este ano até o momento.

A Força Aérea Brasileira afirma que "a conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes". Em investigações complexas e de grande porte é comum que os relatórios fiquem prontos mais de um ano após os acidentes.

A queda em Lagoa da Confusão


O acidente aconteceu por volta das 10h da quinta-feira (11) na fazenda Pé de Limão, a cerca de 70 km do centro da cidade. Às 11h30 de quinta-feira (11) as polícias militar, civil e Corpo de Bombeiros confirmaram o acidente e as mortes. As vítimas foram identificadas como Matheus Dias Fernandes, de 25 anos e Mauro Júnior, de 27. O irmão de um deles viu o momento em que tudo aconteceu.

Mauro Júnior e Matheus Dias Fernandes morreram em acidente aéreo (Foto: Reprodução)
A aeronave é do modelo Ipanema 201 A e de prefixo PT-GRQ. No registro aeronáutico da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a informação é de que a situação de aeronavegabilidade do avião era normal e que ele tinha autorização para voos diurnos. O aparelho foi fabricado em 1977.

Testemunhas constaram que o avião caiu de bico e as fotos mostram que a aeronave foi partida ao meio. Matheus era recém formado como piloto agrícola e aproveitava para aprender mais sobre voos com Mauro, que era mais experiente. O acidente provocou grande comoção na cidade.

Tragédia com o time do Palmas


A queda do avião foi logo após a decolagem, por volta das 8h30 do dia 24 de janeiro de 2021 em um aeródromo de Porto Nacional. Os relatos das testemunhas indicam que o choque com o solo foi segundos após a tentativa de levantar voo e que logo em seguida houve duas explosões.

O avião levaria os jogadores e o dirigente do Palmas para Goiânia. A equipe enfrentaria o Vila Nova, pela Copa Verde. Seis pessoas estavam a bordo do avião. Nenhuma delas sobreviveu.

Vítimas do acidente aéreo que levava parte da delegação do Palmas Futebol e Regatas, do topo esquerdo, em sentido horário: o atacante Marcus Molinari, o lateral-esquerdo Lucas Praxedes, o empresário Lucas Meira, o piloto Wagner Machado, o goleiro Ranule e o zagueiro Guilherme Noé (Fotos: XV de Jaú/Divulgação; Caldense/Divulgação; Reprodução)
A aeronave era pilotada por Wagner Machado Júnior, que tinha mais de 30 anos de experiência em aviação, segundo um amigo próximo. O presidente do Palmas Futebol e Regatas, Lucas Meira também estava a bordo.

Os outros quatro ocupantes são atletas do time. O goleiro Ranule, o lateral-esquerdo Lucas Praxedes, o zagueiro Noé e o atacante Marcus Molinari. Nenhum deles tinha estreado pelo clube ainda, já que tinham sido contratados neste início de ano.

Por João Guilherme Lobasz, g1 Tocantins

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