Entre as decolagens e pousos, os aviões são notados pelos passageiros devido à tecnologia embarcada e à estrutura robusta. A aeronave conta com o trabalho de inúmeros profissionais para que possa percorrer milhares de quilômetros diariamente. Diante do conjunto de peças necessárias para que o aparelho se mantenha seguro e em funcionamento, uma delas normalmente passa despercebida pelas pessoas: a roda. Para cuidar da manutenção e concerto desse item tão importante, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras instalou uma oficina próxima ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Todas as rodas da frota da empresa são encaminhadas ao local, o único da companhia com essa atribuição.
A Oficina de Rodas e Freios da Azul está em funcionamento desde abril de 2020. O espaço tem perto de 1,3 mil m² e uma equipe de 31 mecânicos, que atuam em dois turnos - manhã e tarde -, de segunda à sexta-feira. Desde a sua inauguração foram realizados na oficina em torno de 4.500 consertos. Até 500 rodas passam pela oficina por mês. A maior peça pertence ao modelo Airbus A330. Ela comporta um pneu de um metro de diâmetro e pesa quase 200 quilos.
A título de comparação, o diâmetro da roda de um carro popular tem em torno de 60 centímetros, quase 16 vezes menor que a da aeronave. O Airbus A330 é um avião de grande porte, por isso demanda o uso de dez rodas. Oito delas - quatro de cada lado - ficam localizadas no meio do avião, o chamado "trem principal", local de maior sobrecarga sobre o aparelho no momento de impacto com o chão. As outras duas ficam na parte dianteira da aeronave, o chamado "nariz". Para que a troca das rodas possa ser realizada rapidamente, peças reservas ficam disponíveis nos aeroportos que recebem os aviões da frota da Azul, inclusive fora do Brasil.
Dessa forma, os aviões não ficam parados aguardando o conserto e os voos não são comprometidos. As rodas substituídas são encaminhadas para a oficina da companhia aérea para eventuais reparos ou descarte. A durabilidade de cada pneu varia de acordo com o fabricante. A média de uso é de três meses. Segundo o gerente de oficinas da Azul, Álvaro Luis da Silva Garcia, a vida útil da peça varia conforme a qualidade da pista do aeroporto, da condução da aeronave em solo e da posição das rodas, se elas estão no trem principal ou no nariz.
Quando as rodas chegam à oficina permanecem no local, em média, por três dias. O modelo Airbus A320 é o que mais demanda a substituição de rodas, de acordo com Garcia, por ser um dos modelos de aviões mais utilizados. A Oficina de Rodas e Freios foi instalada em Campinas porque a cidade comporta o maior complexo da Azul no país, acrescentou o gerente. O município possibilitou o melhor deslocamento estratégico das peças e a localização da oficina trouxe maior otimização nos consertos.
"O hangar de manutenção fica aqui. Ao lado está o aeroporto. Levamos em consideração toda a parte de logística dos materiais que são usados. O almoxarifado central da empresa também está instalado aqui. Tudo é favorável", informou Garcia. A concepção da oficina, contou o gerente, partiu da possibilidade de investir em uma manutenção própria e com equipamentos de ponta. Todas as rodas da frota de aeronaves da Azul precisam passar pelo plano de manutenção e inspeção. Antes da inauguração da oficina, a empresa dependia de fornecedores externos. Essa dinâmica também encarecia o custo do processo. A demanda de manutenção cresceu muito nos últimos anos com o aumento da frota. "Isso fez com que começássemos a pensar em alternativas para melhorar a rotina dos reparos", contou o funcionário da companhia aérea.
A Azul conta com uma multifrota de aeronaves. Segundo Garcia, ao mesmo tempo em que isso é um diferencial, também gera mais trabalho. Cada peça demanda um procedimento e o uso de ferramentas específicas de reparo. "Cada roda tem as suas peculiaridades. Com a frota plural e uma oficina capaz de atender as singularidades de cada peça, a Azul sai na frente", afirmou Garcia.
Por: Mariana Camba (Correio Popular)
Nenhum comentário:
Postar um comentário