sexta-feira, 19 de março de 2021

Pequenos aviões, grandes destinos: conheça as companhias aéreas regionais brasileiras

Malha aérea se amplia com fortalecimento da aviação regional e rotas que incluem o interior do Amazonas e a Serra Gaúcha.

Um dos aviões modelo Cessna 208 Grand Caravan da frota da Azul Conecta
(Foto: Luis Alberto Neves / Azul / Divulgação)
VoePass, Abaeté, Asta, Azul Conecta... Estes nomes podem não ser tão familiares para boa parte dos viajantes brasileiros, mas representam um movimento que já se nota em aeroportos, dos maiores aos menores, por todo o país. Usando aviões pequenos e pousando em pistas acanhadas, companhias aéreas regionais vêm ampliando a rede de voos comerciais de passageiros e conectando destinos antes isolados dos principais polos emissores brasileiros.

Destinos como São José da Cachoeira (Amazonas), Primavera do Leste (Mato Grosso) e Morro de São Paulo (Bahia) estão entre os que são atendidos pelas voadoras regionais. Com grande foco em viagens corporativas, a malha regional pode também servir de alavanca para o fortalecimento do turismo no interior do país, na visão do presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.

— A aviação regional é uma grande esperança para a recuperação econômica brasileira, com viagens de negócio, puxadas pelo agronegócio e pela mineração, que não pararam durante a pandemia, ou mesmo por turistas, que estão descobrindo novos destinos para explorar dentro do país — acredita o executivo.

Um marco para o setor se deu em agosto de 2020, com o lançamento da Azul Conecta, braço ultrarregional da Azul, resultado da aquisição da Two Flex, empresa que operava voos de passageiros para pequenos aeroportos em todo o país. A frota de 17 Cessna 208 Grand Caravan, cada um para nove passageiros, voa para aproximadamente 40 destinos.

Efeito pandemia


Três deles ficam no litoral do Rio: Búzios, Angra dos Reis e Paraty, com voos para o Santos Dumont e para Congonhas, em São Paulo (no caso das cidades da Costa Verde). Esta operação, no entanto, está temporariamente suspensa por conta da alta dos casos de Covid-19 e deve ser retomada em 1º de julho. Previsto para maio, o início dos voos diretos para Canela, na Serra Gaúcha, saindo de Porto Alegre, também foi adiado por conta da crise sanitária.

Um trunfo da Conecta é estar ligada à rede da Azul, presente em mais de cem cidades no país. Isso significa que é possível comprar um bilhete saindo do Rio e desembarcando na cidade paraense de Breves, na Ilha de Marajó, por exemplo, com a mesma companhia.

— A aviação regional é uma parte muito importante da operação da Azul, desde a fusão com a Trip, lá em 2012. Com a Conecta vimos a oportunidade de ligar novos destinos à nossa rede, que já tinha mais de cem cidades no Brasil — contou Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Relações Institucionais da Azul.

Avião turboélice modelo ATR-72 da VoePass (Foto: Marcelo S. Camargo / VoePass / Divulgação)
Conectar destinos “isolados” aos grandes centros urbanos também foi a solução encontrada pela VoePass, a antiga Passaredo, que tem acordos de codeshare com Gol e Latam. Assim, a empresa consegue fazer com que um passageiro carioca, com um só bilhete, voe até São Gabriel da Cachoeira, quase na fronteira com a Venezuela, em “apenas” 12 horas — pouco, comparado com os três dias de barco pelo Rio Negro, saindo de Manaus, a outra opção de viagem. A empresa também tem acordo de comercialização de voos com a Asta, uma voadora regional que opera dentro do Mato Grosso, saindo de Cuiabá.

— Outro exemplo é a nossa operação no Nordeste — diz Eduardo Busch, CEO da VoePass. — Saindo de Salvador, voamos com os nossos aviões as rotas da Gol para cidades como Ilhéus, Porto Seguro, Aracaju e Petrolina.

A capital baiana também é a base de operações da Abaeté Aviação, que em janeiro lançou sua primeira rota de passageiros: Salvador-Morro de São Paulo, no município de Cairu, com apenas 30 minutos de duração. No futuro, a empresa pretende lançar rotas para outros destinos turísticos no estado, como a Ilha de Boipeba e a Chapada Diamantina.

Tamanho, bagagens e tarifas


Como são os aviões?

Esqueça os grandes jatos da Boeing, da Airbus ou da Embraer. O modelo mais popular entre as companhias regionais é o Cessna 208 Grand Caravan, um monomotor com uma hélice no bico, com capacidade para nove passageiros.

Ele é usado nas frotas da Azul Conecta, da Abaeté e da Asta, por exemplo. Como voa numa altitude considerada baixa, a cabine não é pressurizada, o que faz com que o ambiente seja mais barulhento. Turbulências e solavancos são mais sentidos também.

A VoePass, por sua vez, adota os modelos ATR-42, para 48 passageiros, e ATR 72, para 70. São aviões de médio porte, que se caracterizam pelas hélices em cada asa. Só há um banheiro e não há sistema de entretenimento de bordo.

Como são as políticas de bagagem?

Como nos aviões maiores, os passageiros de VoePass e Abaeté podem levar, dependendo do tipo de tarifa, duas malas de até 23kg, além de uma bagagem de mão de até 10kg. Já a Azul Conecta permite despachar apenas uma bagagem de até 23kg. Na Asta, o limite é de 15kg por peça.

Caro ou barato?

O preço do bilhete pode variar muito. Pela Abaeté, por exemplo, uma perna na rota Salvador-Morro de São Paulo, com 30 minutos de duração, sai a partir de R$ 450 por pessoa. A Azul Conecta, por sua vez, tem passagens entre o Santos Dumont e Búzios por a partir de R$ 500, ida e volta. Já Manaus-São Gabriel da Cachoeira, na VoePass, não sai por menos de R$ 600, ida e volta.

Via Eduardo Maia (O Globo)

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