Derrubada de aeronave, que tinha 176 pessoas a bordo, ocorreu em janeiro de 2020, dias depois do assassinato de Qassem Soleimani, principal líder militar iraniano.
O Boeing 737-800 da Ukraine International Airlines estava realizando o voo de Teerã a Kiev (Foto: Getty Images) |
O Organização de Aviação Civil do Irã definiu, em um relatório final publicado nesta quarta-feira, o erro de um operador de defesa aérea como a causa da queda de um avião de passageiros ucraniano em janeiro de 2020, que matou as 176 pessoas a bordo.
“O avião foi identificado como um alvo hostil, devido a um erro de um operador de defesa aérea (...) próximo à Teerã, e dois mísseis foram disparados contra ele”, afirma o relatório em seu resumo publicado no site do órgão. “A operação do voo não teve interferência na criação do erro pela bateria antiaérea”, acrescenta o relatório.
A Guarda Revolucionária do Irã derrubou o voo da Ukraine International Airlines (UIA) com mísseis terra-ar, que possuem uma tecnologia de acertar alvos no céu direto do chão. O abate ocorreu em 8 de janeiro de 2020, pouco depois de o avião civil ter decolado de Teerã.
Mais tarde, o governo iraniano declarou que a derrubada foi um “erro desastroso” cometido por forças que estavam em alerta máximo durante um confronto regional com os EUA.
O Irã estava em alta tensão por conta de um possível contra-ataque, depois que o país disparou mísseis contra bases iraquianas que abrigavam forças dos EUA, em retaliação ao assassinato, dias antes, do comandante militar iraniano Qassem Soleimani, em um ataque de mísseis americanos contra o aeroporto de Bagdá.
Como em um relatório preliminar emitido em junho passado, a Organização de Aviação Civil do Irã disse que o erro surgiu de um desalinhamento do radar de uma bateria antiaérea e da falta de comunicação entre o operador da defesa aérea e seus comandantes.
"Após uma realocação tática, a ADU (unidade de defesa aérea) relevante falhou em ajustar a direção do sistema devido a erro humano, fazendo com que o operador observasse o alvo voando a oeste do IKA (aeroporto) como um alvo se aproximando de Teerã do sudoeste em um baixa altitude ", disse o relatório final.
“Sem receber sinal verde ou resposta do centro de comando, ele (o operador) chegou a identificar o alvo como hostil e disparou mísseis contra a aeronave, indo contra o procedimento planejado”, disse.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, criticou o relatório em um post no Facebook. "O que vimos no relatório publicado hoje não é nada mais do que uma tentativa cínica de esconder as verdadeiras razões para a queda de nosso avião", disse ele. "Não permitiremos que o Irã esconda a verdade, não permitiremos que evite a responsabilidade por esse crime."
O governo de Teerã alocou US$ 150 mil por danos a serem pagos às famílias das vítimas, e disse que várias pessoas foram julgadas pelo desastre.
A Ucrânia afirmou que a compensação deve ser definida por meio de negociações, levando em conta a prática internacional, uma vez que as causas da tragédia sejam estabelecidas e os responsáveis sejam levados à Justiça.
Via O Globo e Reuters
Nenhum comentário:
Postar um comentário