Em expansão no mercado internacional, a companhia aérea TAM resolveu concentrar atenção no crescimento doméstico.
Depois de ocupar o espaço deixado pela Varig nos voos de longa distância, vai ampliar atuação no Brasil a partir da aquisição da Pantanal que começará a receber novas aeronaves - para chegar a localidades ainda não atendidas - a partir do ano que vem.
Paulo Castello Branco (foto), vice-presidente comercial e de planejamento da TAM, estima que o mercado encerre o ano com crescimento de 18% e o preço das tarifas, calcula, deve ser reajustado em 5%.
A seguir os principais trechos da entrevista concedida ao Brasil Econômico:
Brasil Econômico - A TAM anunciou recentemente a compra de 20 aeronaves e tem mantido seus investimentos, apesar dos problemas de infraestrutura detectados no setor aeroportuário...
Paulo Castello Branco - O que acontece com uma empresa do porte da TAM - que é líder de mercado e opera internacionalmente como a única brasileira a atuar fora da América Latina - é que isso quer dizer que o nosso planejamento de frota requer aviões maiores. E o número desses aviões tenderá a continuar crescendo. No mercado doméstico basicamente operamos com os Airbus. Temos família do A320 e do A321 que também são utilizados para uma série de voos dentro da América do Sul. Mas é possível que ainda neste ano para a Argentina estejamos operando com A330 e para o Chile com o 777. O nosso planejamento de frota está mantido. O que a gente espera é que a infraestrutura aeroportuária comece a dar sinais de que vai acompanhar essa evolução.
Mas vocês continuam investindo, então devem esperar que o mercado cresça, ainda assim. Haverá aumento de tarifas nesse contexto?
É evidente que existe uma deficiência de infraestrutura. Mas, mesmo assim, nossa expectativa é de que o mercado cresça neste ano alguma coisa em torno de 18%. O PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer alguma coisa em torno de 6%. Eu calculo um aumento no valor médio das tarifas de mais uns 5% este ano para o mercado doméstico. Já o mercado internacional tem variações de preços em dólar e está extremamente aquecido, com aproveitamento médio da ordem de 80% praticamente para todos os destinos que a gente voa. Então, os preços em dólar devem se manter dentro da mesma linha.
Independentemente da infraestrutura, o mercado já teria condições de absorver a expectativa de demanda da companhia?
Hoje há melhor distribuição de renda, crédito abundante... Temos cerca de 46 milhões de passageiros voando no Brasil. Nisso há uns 20 milhões de CPFs (Cadastros de Pessoas Física), porque muitas pessoas voam várias vezes. Numa população de 190 milhões de habitantes isso mostra uma possibilidade imensa de crescimento do setor aéreo. Voar no Brasil já deixou de ter aquela aura de glamour. Avião no Brasil caminha para ser uma commodity.
E essa aposta está focada no mercado doméstico?
A aposta no mercado doméstico é irreversível. Neste ano, no segundo semestre, estamos trazendo sete aviões para o mercado local (de A319, A320 e A321). É a nossa prioridade, continuamos acreditando no aumento de operações para as cidades que a gente opera e em novos destinos. Recentemente compramos a Pantanal que é uma aposta para atingirmos mais e mais cidades, continuar cobrindo o interior de São Paulo e operar novas rotas. Estamos levando a operação da Pantanal, de vários voos que ela fazia do interior de São Paulo, para o aeroporto de Guarulhos (SP). E vamos ter rotas de maior intensidade como Curitiba, Porto Alegre e Brasília já com jatos Airbus em Congonhas (SP). Em Guarulhos vamos continuar com os aviões ATR pela Pantanal neste ano, até definirmos quais aeronaves vão substituí-las. Novos destinos serão operados a partir do momento que colocarmos novos aviões, o que já deve ocorrer no ano que vem. O mercado doméstico é muito impressionante. Todas as classes de trabalhadores tiveram aumentos acima da média da inflação. Isso trouxe de volta o brasileiro para dentro do avião. Ao mesmo tempo em que a política econômica foi fantástica, a infraestrutura pode inibir o crescimento.
E na TAM?
Na TAM a gente não para de crescer, certo? Tem o interior de São Paulo, tem vários novos voos a partir do Rio de Janeiro para o Sul do país e em várias outras localidades. Recentemente inauguramos uma rota Galeão-Goiânia. Internacionalmente teremos um voo do Rio para Frankfurt a partir de agosto e também Rio e Londres três vezes por semana. Haverá ainda um voo São Paulo-Bogotá no segundo semestre, inaugurando rota para a Colômbia.
Esses planos envolvem a necessidade de repensar o planejamento de aquisição de aeronaves e expansão de rotas?
Hoje não. Estamos mantendo o planejamento porque ele já era extremamente agressivo quando o fizemos, há três anos, acreditando em constante crescimento do mercado. Há rotas novas internacionais que seguramente ao longo desses anos, até 2020, vamos colocar, especialmente com a nossa entrada na Star Alliance. Há alguns mercados que a TAM ainda não opera. Estamos abrindo escritórios na Ásia, em Hong Kong, no Japão e na China. Tem mercados que não voamos com nossas aeronaves propriamente - mas que oferecem muitas possibilidades. A TAM opera, por exemplo, para China, não sozinha, mas indo até Madri e fazendo Madri-China com a Air China. Há muitos mercados a serem explorados. A África também é um deles. No segundo semestre vamos fazer acordo com a ANA para operar de Londres para Tóquio. Tem muita coisa a ser feita. Literalmente, o céu é o limite!
Fonte: Cláudia Bredarioli (www.brasileconomico.com.br)
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