Restrição para pousos no Salgado Filho atrapalha a chegada dos órgãos durante a madrugadaAlém da escassez de doadores, a burocracia ameaça a obtenção de órgãos para transplante durante a madrugada no Rio Grande do Sul. Médicos sustentam que a dificuldade de negociação para pousos noturnos no Aeroporto Internacional Salgado Filho, em obras de ampliação da pista, coloca em risco o envio de doações de outros Estados para Porto Alegre.
Uma carta do médico gaúcho José J. Camargo, publicada na quarta-feira em Zero Hora na coluna de Paulo Sant’Ana, relatou a luta de especialistas para conseguir pousar um avião entre a 0h e as 6h15min – período em que, desde agosto, permanece fechado para a realização de obras na pista. A solução foi atrasar a cirurgia de retirada de dois pulmões do doador, em Santa Catarina, para que a aeronave retornasse ao final da madrugada do dia 15.
– O problema é que, ao atrasar a retirada, sempre corremos o risco de o coração parar e perdermos todos os órgãos do doador – lamenta Camargo.
Nesse caso, a sorte esteve do lado dos dois receptores gaúchos. A cirurgia foi bem sucedida, e eles receberam os pulmões. No começo de dezembro, porém, os entraves burocráticos impediram que um fígado fosse transferido também de Santa Catarina para Porto Alegre. O coordenador de transplantes da Santa Casa e integrante da Central de Transplantes do Estado, Walter Garcia, afirma que a dificuldade em pousar o avião na Capital durante a madrugada fez com que o fígado acabasse destinado para o Paraná.
O entrave é mais significativo porque, nos últimos anos, a criação de um sistema bem estruturado de notificação de mortes cerebrais nos hospitais catarinenses faz com que sejam destaque nacional na oferta de órgãos. Parte das doações, quando não encontram receptor na própria região, ou envolvem órgãos que não são transplantados em solo catarinense, como os pulmões, é enviada para o Rio Grande do Sul. O problema que afeta os gaúchos é a falta de articulação entre as equipes médicas, que fazem a solicitação do transporte, a Casa Militar, responsável pelo contato com a Infraero, e a própria Infraero, a quem cabe liberar a pista.
– Não temos contato direto com a Infraero, isso é feito via Casa Militar. Mas sempre temos avião disponível quando necessário. No máximo, apenas atrasamos um pouco a viagem – observa a coordenadora da Central, Heloísa Foernges.
No dia 15, mesmo que não fizesse parte de suas atribuições, José Camargo tentou falar com alguém da Infraero para pedir uma autorização emergencial de pouso. Não conseguiu.
Porém, o superintendente do Salgado Filho, Jorge Herdina, garantiu que a Infraero está disposta a flexibilizar o uso noturno da pista. Ele afirmou ainda que não foi registrado contato da Casa Militar para pouso emergencial.
A Casa Militar informou que o assunto será tratado na segunda-feira com a Central de Transplantes.
A alternativa
- A Base Aérea de Canoas pode ser uma opção em caso de urgência
- O problema, segundo a Central de Transplantes, é que o uso da pista canoense envolve custos mais elevados porque a aeronave tem de fazer uma nova decolagem a fim de retornar à Capital
Fonte: Zero Hora - Foto: Pedro Argenti
Uma carta do médico gaúcho José J. Camargo, publicada na quarta-feira em Zero Hora na coluna de Paulo Sant’Ana, relatou a luta de especialistas para conseguir pousar um avião entre a 0h e as 6h15min – período em que, desde agosto, permanece fechado para a realização de obras na pista. A solução foi atrasar a cirurgia de retirada de dois pulmões do doador, em Santa Catarina, para que a aeronave retornasse ao final da madrugada do dia 15.
– O problema é que, ao atrasar a retirada, sempre corremos o risco de o coração parar e perdermos todos os órgãos do doador – lamenta Camargo.
Nesse caso, a sorte esteve do lado dos dois receptores gaúchos. A cirurgia foi bem sucedida, e eles receberam os pulmões. No começo de dezembro, porém, os entraves burocráticos impediram que um fígado fosse transferido também de Santa Catarina para Porto Alegre. O coordenador de transplantes da Santa Casa e integrante da Central de Transplantes do Estado, Walter Garcia, afirma que a dificuldade em pousar o avião na Capital durante a madrugada fez com que o fígado acabasse destinado para o Paraná.
O entrave é mais significativo porque, nos últimos anos, a criação de um sistema bem estruturado de notificação de mortes cerebrais nos hospitais catarinenses faz com que sejam destaque nacional na oferta de órgãos. Parte das doações, quando não encontram receptor na própria região, ou envolvem órgãos que não são transplantados em solo catarinense, como os pulmões, é enviada para o Rio Grande do Sul. O problema que afeta os gaúchos é a falta de articulação entre as equipes médicas, que fazem a solicitação do transporte, a Casa Militar, responsável pelo contato com a Infraero, e a própria Infraero, a quem cabe liberar a pista.
– Não temos contato direto com a Infraero, isso é feito via Casa Militar. Mas sempre temos avião disponível quando necessário. No máximo, apenas atrasamos um pouco a viagem – observa a coordenadora da Central, Heloísa Foernges.
No dia 15, mesmo que não fizesse parte de suas atribuições, José Camargo tentou falar com alguém da Infraero para pedir uma autorização emergencial de pouso. Não conseguiu.
Porém, o superintendente do Salgado Filho, Jorge Herdina, garantiu que a Infraero está disposta a flexibilizar o uso noturno da pista. Ele afirmou ainda que não foi registrado contato da Casa Militar para pouso emergencial.
A Casa Militar informou que o assunto será tratado na segunda-feira com a Central de Transplantes.
A alternativa
- A Base Aérea de Canoas pode ser uma opção em caso de urgência
- O problema, segundo a Central de Transplantes, é que o uso da pista canoense envolve custos mais elevados porque a aeronave tem de fazer uma nova decolagem a fim de retornar à Capital
Fonte: Zero Hora - Foto: Pedro Argenti
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