quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Avião com 64 pessoas e helicóptero militar com 3 soldados colidem no ar em Washington, nos EUA

Jato da American Airlines partiu do Kansas e estava próximo do pouso. Não se sabe ainda o que provocou o acidente. Autoridades dizem não acreditar que haja sobreviventes.


Um avião comercial e um helicóptero militar colidiram no ar em Washington D.C., capital dos Estados Unidos, na noite desta quarta-feira (29). A colisão aconteceu por volta das 21h, pelo horário local — 23h pelo horário de Brasília. As autoridades disseram achar que não há sobreviventes.

O avião Bombardier CRJ-701ER (CL-600-2C10), prefixo N709PS, da American Eagle, subsidiária da American Airlines, operada pela PSA Airlines, transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. 


Já no helicóptero militar Sikorsky UH-60L Black Hawk, do Exército dos EUA, estavam três soldados. 


A batida aconteceu quando o avião comercial se aproximava do aeroporto Ronald Reagan, que opera voos nacionais, e sobrevoava o rio Potomac. Já o helicóptero fazia um voo de treinamento na hora em que colidiu com o avião. O vídeo acima mostra o momento da batida.

As duas aeronaves caíram no rio Potomac, que fica nas proximidades do aeroporto, o que dificultou os trabalhos de buscas. Até a última atualização desta reportagem, 28 corpos haviam sido resgatados — 27 estavam no avião e um, no helicóptero.

Barcos estão fazendo resgate no rio Potomac (Foto: Getty Images)
Os bombeiros disseram que as condições no local são "extremamente difíceis", devido ao frio e ventos intensos. A temperatura em Washington na madrugada desta quinta-feira estava na casa dos 4°C — havia placas de gelo no rio.

No início da manhã, uma das caixas-pretas foram recuperadas.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse em comunicado que está monitorando a situação e pediu orações. "Fui informado sobre o terrível acidente que acabou de ocorrer no aeroporto Nacional Reagan", afirmou. "Estou monitorando a situação e fornecerei detalhes à medida que surgirem."

Resgate busca vítimas de acidente entre avião e helicóptero em Washington nos EUA,
em 30 de janeiro de 2025 (Foto: Andrew Caballero-Reynolds/AFP)

Colisão pouco antes do pouso


O avião envolvido na colisão é um Bombardier CRJ700, com capacidade para 65 pessoas e utilizado para voos regionais. De acordo com as autoridades, era um voo da American Airlines que partiu de Wichita, no Kansas, com destino a Washington.

A batida aconteceu quando o avião estava a poucos metros da pista, momentos antes de pousar. A American Airlines confirmou que se trata de uma aeronave da companhia.

"Estamos cooperando com o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes em sua investigação e continuaremos a fornecer todas as informações que pudermos", disse o CEO da companhia aérea, Robert Isom.
O helicóptero é um modelo Sikorsky UH-60 Black Hawk, usado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos. Segundo o Exército americano, nenhum militar sênior estava a bordo.

Todos os pousos e decolagens foram suspensos no aeroporto, que fica a apenas 6 km do centro de Washington, D.C., onde está a Casa Branca.

Resgate difícil


Cerca de 300 socorristas em barcos foram mobilizados para procurar sobreviventes, disse o chefe dos Serviços de Incêndio e Emergência de Washington, John Donnelly.

"O desafio é o acesso. Há vento e pedaços de gelo (na água). É perigoso e difícil trabalhar", disse ele.

As temperaturas caíram abaixo de zero durante a noite na área onde ocorreu a colisão, de acordo com o National Weather Service (NWS). As mínimas eram previstas em cerca de -1 a -2 °C ao redor da área.

Washington DC tem visto temperaturas congelantes nas últimas semanas, e o gelo cobre partes do Rio Potomac, embora quarta-feira tenha sido um dos dias mais quentes do ano até agora. 

As condições climáticas serão um fator crucial na missão de resgate.

O presidente da autoridade que controla o aeroporto de Washington disse que 19 voos foram desviados para o Aeroporto Internacional Dulles, que fica nas proximidades.

Ele acrescentou que as equipes de resposta estão em modo de resgate e continuarão a trabalhar durante as próximas horas.

Atletas da patinação estavam no voo


A US Figure Skating — o órgão que representa a patinação artística nos EUA — confirmou em uma declaração que vários membros de sua comunidade estavam a bordo do voo 5342 da American Airlines.

"Esses atletas, treinadores e familiares voltavam para casa após o National Development Camp realizado em conjunto com o campeonato da U.S. Figure Skating em Wichita, Kansas", diz a declaração.

"Estamos devastados por esta tragédia indizível e guardamos as famílias das vítimas em nossos corações. Continuaremos monitorando a situação e divulgaremos mais informações assim que estiverem disponíveis."

Um evento chamado Prevagen US Figure Skating Championships de 2025 foi realizado em Wichita, Kansas, entre 20 e 26 de janeiro.

Patinadores artísticos e treinadores russos também estavam a bordo do voo, segundo informações divulgadas pelas agências Reuters e Tass.

Como aeronaves militares devem evitar colisões


George Bacon, apresentador e ex-piloto das Forças Aéreas Reais do Reino Unido, disse à BBC que aeronaves e helicópteros militares voam rotineiramente próximos a aviões de passageiros.

"Eu voei como piloto militar nos EUA e estou um pouco familiarizado com o espaço aéreo ao redor de Washington DC. É altamente congestionado, mas o tráfego civil e militar compartilham uma frequência de rádio", diz ele.

Bacon acrescenta que os pilotos militares desfrutam de muito mais liberdade nos EUA quando se trata de navegação do que teriam no espaço aéreo do Reino Unido.

"Os militares se regulam e os pilotos podem escolher voar para onde quiserem e precisarem. Em um espaço aéreo controlado como este, eles ainda têm liberdade para tomar medidas de evasão, mas seguem a orientação dos controladores de voo. A ênfase é que eles devem sempre olhar ao redor, o que é conhecido no meio como 'observar e evitar'", detalha o ex-piloto.

Isso contrasta com os aviões civis, Bacon explica, que devem seguir rotas de voo pré-determinadas.

Questionado sobre a comunicação por rádio que alertou o piloto do helicóptero sobre a presença da aeronave de passageiros, ele avalia: "É padrão para controladores de tráfego aéreo perguntarem coisas como 'você vê a aeronave?'. Havia uma instrução muito clara, então caberia ao piloto do helicóptero militar evitar o avião comercial."

"Não é incomum que helicópteros militares estejam próximos de aeronaves comerciais. Os investigadores estabelecerão o que aconteceu e, se houver lições a serem aprendidas, haverá uma mudança nos procedimentos", complementa ele.

Condições climáticas tiveram algum papel no acidente?


Embora a causa do acidente ainda seja desconhecida, no momento em que há um evento do tipo, uma observação meteorológica detalhada é realizada por especialistas no assunto.

Os investigadores usarão essas informações para determinar se o clima teve algum impacto no choque entre o avião e o helicóptero.

Sabemos que o acidente aconteceu por volta das 21h, no horário local.

Embora o céu estivesse limpo, com visibilidade de mais de 16 km, havia alguns ventos fortes naquele momento em torno de Washington DC.

O vento vinha da direção oeste-noroeste com uma velocidade de 26 km/h, com rajadas de até 42 km/h.

O voo da American Airlines deve ter usado a Pista 33 (direção 330º), o que significa que estaria quase pousando contra o vento (290º), como uma aeronave normalmente faria.

No entanto, ainda há um componente de vento cruzado, algo que os pilotos estão cientes em qualquer pouso.

Neste caso, o vento cruzado na superfície era de 16 km/h com rajadas de 27 km/h.

Esses valores estão dentro dos limites da aeronave e da capacidade de um piloto pousar.

Diante disso, não haveria grandes preocupações com o clima na aproximação da aeronave com o solo, segundo especialistas.

O que as testemunhas oculares dizem?


Ari Schulman disse à NBC Washington que viu o avião cair enquanto dirigia na George Washington Parkway, rodovia próxima do aeroporto.

Ele disse que a aproximação do avião parecia normal, até que viu a aeronave se inclinando fortemente para a direita, com faíscas na sua parte inferior.

Naquele momento, ele disse que sabia que algo estava "muito, muito errado". Ele disse que a parte inferior de um avião não deveria ser visível no escuro.

As faíscas, segundo Schulman, iam do nariz do avião até a cauda.

Jimmy Mazeo disse que viu o acidente enquanto jantava com sua namorada em um parque perto do aeroporto.

Ele se lembra de ter visto um "clarão branco" no céu e que os aviões voando para o Aeroporto Ronald Reagan pareciam estar seguindo "padrões irregulares".

Mazeo disse que só percebeu a gravidade da situação quando viu os serviços de emergência começarem a chegar ao local.

O que as autoridades dos EUA estão dizendo?


O presidente Donald Trump disse que foi informado sobre o "terrível acidente" e que estava monitorando a situação de perto.

"Que Deus abençoe suas almas", disse ele em uma declaração. "Obrigado pelo trabalho incrível que está sendo feito por nossos primeiros socorristas."

Em sua conta de mídia social TruthSocial, ele também levantou questões sobre como o incidente poderia ter acontecido. "Esta é uma situação ruim que parece que deveria ter sido evitada. NÃO É BOM!!!"

Donald Trump atribuiu a responsabilidade à tripulação do helicóptero e aos controladores
de tráfego aéreo (Imagem: Reprodução Truth Social @realDonaldTrump)
O vice-presidente JD Vance pediu orações para aqueles que estavam no incidente.

O secretário de Defesa Pete Hegseth e o secretário de Transportes Sean Duffy, cujas nomeações foram confirmadas recentemente, também disseram que estavam monitorando a situação.

O CEO da American Airlines, Robert Isom, expressou "profunda tristeza" em um vídeo que foi postado no site da companhia aérea.

Histórico de acidentes aéreos


O último grande acidente aéreo comercial ocorreu nos EUA em fevereiro de 2009, quando um voo da Continental Airlines que partiu de Newark, em Nova Jersey, operado pela Colgan Air, colidiu com uma casa ao se aproximar do aeroporto em Buffalo, em Nova York.

O avião era um Bombardier Q400 e 49 pessoas morreram.

O acidente mais recente da American Airlines foi em novembro de 2001, perto do Aeroporto Internacional John F. Kennedy.

O voo nº 587 da American Airlines, um Airbus A300, caiu logo após a decolagem, e vitimou 265 pessoas.

O voo tinha como destino Santo Domingo, na República Dominicana, e caiu na área de Belle Harbor, em Rockaways, no bairro do Queens, em Nova York.

Em 2009, um Airbus A320 da US Airways fez um pouso forçado minutos após decolar do aeroporto LaGuardia, em Nova York, depois que ambos os motores foram afetados por um bando de pássaros.

O piloto decidiu planar com o avião até o local de pouso no Rio Hudson e todos os 155 passageiros e tripulantes foram resgatados sem fatalidades.


Via g1, UOL e ASN

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