terça-feira, 1 de agosto de 2023

Caça mais caro do mundo caiu após turbulência do avião da frente e “bug” no software

Lockheed Martin F-35A Lightining II da USAF (Foto: DepositPhotos)
Uma sequência de eventos e um bug no software do caça mais caro do mundo levaram a perda de uma aeronave nos EUA. O acidente ocorrido em 19 de outubro do ano passado, envolvendo um caça Lockheed Martin F-35A Lightining II da USAF, a Força Aérea dos EUA, teve seu relatório final divulgado esta semana.

A aeronave estava pousando na Base Aérea de Hill, no estado do Utah, quando o piloto de maneira repentina perdeu o controle do jato, que girou e foi em direção ao chão. Por rápida reação, o militar conseguiu ejetar e sofreu apenas ferimentos leves, mas o F-35A ficou totalmente destruído.

Uma investigação foi aberta no ano passado e agora concluída, relatando dois fatores principais: turbulência e problema de software.

Esta imagem de uma investigação da Força Aérea mostra a posição do acidente F-35 logo antes da ejeção do piloto. O jato atingido estava em uma posição que um piloto de teste chamou de virtualmente irrecuperável
Segundo reporta a revista militar Air & Space Forces, o caça F-35 estava voltando de um treinamento junto do seu esquadrão e, como de praxe, estavam fazendo uma aproximação com aeronaves mais próximas uma da outra.

Entretanto, a Torre de Controle da Base Aérea informou aos pilotos que, devido ao vento presente, seria necessário manter uma distância de separação de 2.700 metros, e não 900 metros como é o procedimento padrão.

Esta separação maior faz parte do “Procedimento de Turbulência de Ponta de Asa”. Qualquer aeronave por si só gera um deslocamento de ar, que pode afetar um avião que vem logo atrás, a depender do tamanho e velocidade de ambas as aeronaves. Aumentando a separação, a operação fica mais segura, o que normalmente não é seguido em procedimentos militares já que os aviões voam mais próximo um do outro para evitar exposição ao inimigo.

Mesmo com o aviso da torre, os pilotos seguiram em formação fechada e o segundo caça a pousar acabou enfrentando a turbulência causada pelo primeiro F-35 do esquadrão. Segundo o relatório oficial, o piloto enfrentou a movimentação turbulenta do ar por apenas 3 segundos.

Neste tempo, os sensores de voo (ADS) do lado direito da aeronave desligaram por receberem informações confusas, causadas pela própria turbulência. Com isto os computadores do F-35 usaram apenas as informações dos sensores do lado esquerdo.

Com isso, o próprio avião tentou corrigir os efeitos causados pela turbulência, mas acabou piorando a situação fazendo movimentos bruscos com a superfície de controle da aeronave, levando-a ao descontrole.

Esta ilustração na investigação da Força Aérea mostra o arranjo da formação dos F-35s usando o indicativo 'Legs' pouco antes do acidente de 19 de outubro de 2022. 'Legs 03' foi a aeronave do acidente
Em voos feitos no simulador, a situação foi repetida e comprovado que o piloto não conseguiria sair da condição de descontrole devido à proximidade com o solo. O relatório foi concluído com o fator mais contribuinte sendo o problema no ADS, mas como fator relevante o fato da distância entre aeronaves não ter sido respeitada.

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