domingo, 20 de março de 2022

De brincadeira a competição oficial: brasileiros disputam vagas em mundial de aviõezinhos de papel

Voltado ao público universitário, campeonato reúne 62 países e tem como etapa final uma disputa multicultural realizada na Áustria. Evento acontece desde 2006.

Campeonato de aviãozinho de papel tem seleção em Ribeirão Preto (SP) (Foto: Samo Vidic/Red Bull)
Criatividade, habilidade e uma dose extra de nostalgia. Esses são os ingredientes base para um bom desempenho no maior torneio mundial de aviõezinhos de papel que chega em sua 6ª edição em 2022.

Com seletivas realizadas em 62 países, o campeonato reúne estudantes do mundo afora em torno de um objetivo em comum: colocar a imaginação em prática e decolar com a ajuda de uma folha de papel.

Em Ribeirão Preto (SP), uma das cidades que sedia a seletiva do Red Bull Paper Wings, os participantes puderam relembrar os tempos de criança ao verem suas criações pelos ares do Ginásio Poliesportivo Favaro Júnior.

Um deles foi o estudante de educação física, Diego Sachs Oliveira, de 18 anos. Classificado com a melhor pontuação na modalidade tempo de voo, o jovem lançou um avião que planou no ar por mais de cinco segundos.

Para ele, a paixão pela brincadeira, que começou ainda na infância ao lado do pai, é uma motivação para sonhar com as etapas seguintes da disputa. A expectativa é de que com seu resultado consiga se classificar para as próximas fases em direção à etapa mundial, realizada na Áustria.

"Seria um sonho participar da nacional. É uma paixão desde pequeno pelos aviõezinhos e um sonho muito maior caso me classifique para o mundial. Representar o Brasil lá na Áustria seria uma honra para mim", diz.

Diego Sachs Oliveira, campeão na modalidade tempo de voo no campeonato de
aviãozinhos de papel em Ribeirão Preto (SP) (Foto: Arquivo pessoal)

Em busca do mundial


Representar o Brasil em solo austríaco não é só um desejo de Diego Sachs, mas também do cuiabano Heitor Souza, sétimo colocado no mundial na modalidade maior distância em 2019.

Aos 24 anos, o estudante de agronomia sonha com a possibilidade de disputar e, quem sabe, repetir o feito conquistado há três anos. Para ele, brasileiro com melhor pontuação na 5ª edição do evento, os desafios já começaram antes mesmo da disputa.

Para conseguir de fato participar da seletiva, Heitor precisou pegar a estrada com destino a Goiânia. É que neste ano, o campeonato não foi realizado em Cuiabá, cidade onde Heitor vive.

“Vou para outra cidade apenas por causa do campeonato, para tentar ganhar. Eu tenho expectativa de ganhar novamente aqui no Brasil e ter a oportunidade de viajar de novo para a Áustria”, diz.

Estudante de agronomia Heitor Souza participante da 5ª edição do Red Bull Paper Wings
 (Foto: Joerg Mitter/Red Bull)
Ainda em 2019, Heitor viu suas expectativas serem superadas ao encarar a primeira viagem internacional graças a uma brincadeira que o acompanhou durante a infância, adolescência e vida adulta.

Ele conta que a ideia de que um campeonato onde ‘brincar’ com aviõezinhos de papel pudesse oferecer aos competidores experiências como a de um tour cultural gerou certa desconfiança nos amigos e até nele mesmo.

“O pessoal falava coisas do tipo: ‘Um avião de papel vai dar uma viagem para Áustria?’. Desacreditaram um pouco do campeonato e de que poderiam ganhar. Até eu estava meio desacreditado. Minha ficha só foi cair quando eu pousei”, diz.

Ao confirmar a disputa já na Áustria, Heitor conta ter vivido experiências únicas na etapa final do campeonato. Apesar de não ter alcançado o top três na competição, destaca que o mais importante foi ter aproveitado a oportunidade.

“Quando eu cheguei lá e vi tudo, as pessoas, diversas línguas, a troca de cultura, eu esqueci da competição e foquei em viver o que estava acontecendo ali. A experiência é incrível”, afirma.

Heitor Souza durante lançamento de aviãozinho em 2019 (Foto: Joerg Mitter/Red Bull)

Como funciona o campeonato?


Realizado desde 2006, o evento conta com 405 seletivas neste ano e é dividido em três etapas: qualificatórias, etapa nacional e final mundial. (Veja detalhes da disputa abaixo).

A ideia é que os competidores consigam desenvolver suas habilidades criativas na busca de voos que percorram grandes distâncias, sejam demorados e artísticos.

Modalidades
  • Maior distância: para vencer essa categoria o participante precisa ter o avião de papel capaz de percorrer a maior distância entre a decolagem e o ponto de chegada;
  • Maior tempo de voo: o participante se consagra como vencedor dessa categoria ao desenvolver o avião de papel que permaneça por mais tempo no ar;
  • Acrobacias: para vencer a categoria o participante é avaliado por meio de um vídeo em que apareça mostrando suas habilidades lançando um avião de papel de forma criativa e original.
Regras
  • Todas as participações precisam ser realizadas em ambientes fechados, sem vento, ar-condicionado ou ventiladores;
  • Os aviões só podem ser construídos com uma única folha de papel: formato A4 padrão, com até 100 gramas;
  • Não é permitido rasgar, colar, cortar, grampear ou lastrear o papel;
  • Os aviões de papel devem ser construídos no local com o papel oficial fornecido;
  • Lançamentos devem ser realizados apenas pelos competidores, sem nenhum tipo de ajuda;
  • Os aviões devem ser lançados de trás de uma linha marcada no chão;
  • Cada participante tem duas chances de lançamento. Aviões diferentes podem ser usados e a melhor tentativa conta.
Premiação

Após disputar as qualificatórias, etapa nacional, os participantes que mais bem pontuarem irão conhecer e disputar a grande final no edifício Hangar-7, que fica no aeroporto de Salzburgo, na Áustria.

Todas as despesas dos participantes serão custeadas pelo campeonato e como premiação final, os vencedores ganharão uma experiência de voo acrobático.

Campeonato de aviãozinho realiza final mundial na Áustria (Foto: Jan Henrik Pärnik/Red Bull)
Via g1

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