Aeronave terá capacidade entre 70 e 90 lugares e pretende revolucionar o transporte regional.
Futuro do turbo-hélice da Embraer passa pelo desenvolvimento de novos motores e tecnologias de combustíveis (Imagem: Divulgação/Embraer) |
A Embraer poderá lançar um novo avião turbo-hélice ainda este ano, no mais tardar em meados de 2023. A confirmação ocorreu no Singapore Air Show, com entrevistas do presidente da Embraer Avião Comercia, Arjan Meijer, detalhando o futuro do projeto.
A Embraer tem apresentado a potenciais parceiros um projeto de um turbo-hélice com capacidade entre 70 e 90 lugares, usando a mesma fuselagem da família E-Jet. A possibilidade já havia sido apontada pela AERO Magazine em 2021, baseado em fontes internas da companhia. A expectativa é que as primeiras entregas ocorram até o final de 2027, em um cronograma considerado adequado para a complexidade do programa, mas que esbarra no desafio de encontrar um motor adequado e viável no médio e longo prazo.
Em uma série de entrevistas, concedidas no Singapore Air Show, Meijer não comentou quais os planos para os motores. Existe a expectativa de usar uma nova geração de propulsores, com tecnologia híbrida ou mesmo apostar em motores convencionais, mas com elevado rendimento e capacidade de operar mesmo abastecido apenas com combustível renovável de aviação (SAF, na sigla em inglês).
O mercado avalia como positivo o momento para a Embraer lançar um novo avião turbo-hélice, visto a incerteza de retorno da produção dos canadenses Dash 8-400, que tiveram a produção suspensa por tempo indeterminado pela De Havilland Canada, assim como a idade avançada do projeto básico da família ATR. O senão, este último detêm uma ampla liderança no mercado global ao oferecer um projeto consolidado e de acordo com as expectativas atuais das empresas aéreas.
Um dos maiores entraves para o desenvolvimento de novo avião é encontrar um equilíbrio entre o que será oferecido agora e a realidade do mercado daqui cinco ou seis anos. O risco é lançar um avião baseado em uma tecnologia de combustível ou motores que poderá ter data de validade já no médio prazo. A aposta em propulsão elétrica ou uso de hidrogênio ainda esbarra em uma série de desafios tecnológicos completos e distantes de serem viáveis no curto ou médio prazo. Novas tecnologias ainda esbarram em uma série de questões burocráticas, em especial quanto as regras de certificação ainda inexistentes.
Ainda assim, segundo estudos da Embraer, existe um mercado potencial para aproximadamente 2.260 turbo-hélices regionais para os próximos vinte anos, sendo 900 deles destinados apenas ao mercado da Ásia-Pacífico, que deverá ser o maior do mundo.
Mesmo sem confirmar a estratégia para o programa turbo-hélice, Meijer afirmou que a Embraer negocia com vários parceiros os termos para o desenvolvimento do novo avião. O fabricante brasileiro há várias décadas trabalha com parceiros de risco, tanto no segmento industrial quanto de financiamento, onde apresentado o potencial de mercado da aeronave os futuros parceiros ingressam no projeto arcando parte dos riscos inerentes ao lançamento.
Atualmente fontes no mercado apontam que a Rolls-Royce e a GE Aviation estão interessadas em trabalhar com a Embraer em uma novas tecnologias de motores turbo-hélices, que pode oferecem redução acima de 20% no consumo, assim como serem desenvolvidos para utilizar novos tipos de combustível, com consequente redução da emissão de poluentes.
Por Edmundo Ubiratan (Aero Magazine)
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