quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Para fugir de mísseis no Afeganistão, aviões lançam fogos e voam em espiral

Avião Airbus A400M, como o do Afeganistão, dispara flares para despistar mísseis que
rastreiam calor por ondas infravermelhas (Foto: Divulgação/Airbus)
A difícil retirada que vem ocorrendo no Afeganistão é marcada por tensão e risco. Em um dos momentos mais marcantes dos últimos dias, um avião com capacidade para 134 pessoas decolou com 823 passageiros a bordo. Algumas das aeronaves que retiram as pessoas do país têm adotado manobras evasivas para evitar ataques.

O objetivo é escapar de mísseis ou outros riscos. Uma das imagens mais impressionantes foi a de um avião militar Airbus A400M decolando do aeroporto da capital, Cabul, e lançando artefatos conhecidos como flares para despistar eventuais mísseis. Os flares são parecidos com fogos de artifício.

Veja:


Nas imagens, é possível ver o A400M disparando os flares, que são dispositivos de defesa aérea para despistar armamentos guiados por infravermelho. O material pirotécnico queima como bolas de fogo e confunde o sistema dos mísseis inimigos. 

Os mísseis seguem o calor gerado pelos aviões, e, ao se depararem com o calor desses "fogos", buscam o alvo falso. Assim, a aeronave consegue ganhar tempo para se desviar da ameaça. 

Tanto aviões como helicópteros podem disparar estes artefatos, que são fundamentais para proteção numa situação dessas. 

Veja esses dispositivos irradiadores de infravermelho (como também são chamados) sendo lançados de um C-390 Millennium, da FAB Força Aérea Brasileira):


Para o alto


Outra medida de segurança que vem sendo observada nos aviões que saem de Cabul é o voo em espiral. Para evitar sobrevoar locais já dominados pelo Talibã, os aviões decolam e voam em círculos até atingir determinada altitude, onde estarão protegidos de ataques do solo. 

Como na aproximação para o pouso e na decolagem os aviões estão mais próximos ao chão, eles são alvos fáceis de artilharia em terra. 

Há relatos, também, de aproximações para pouso mais inclinadas do que o normal, com os aviões realizando algo similar a um mergulho de nariz. O objetivo também seria evitar voar a baixas altitudes por muito tempo.

Atentados


Inicialmente, não se acredita que o Talibã possa realizar algum ataque do tipo contra as aeronaves que estão saindo do país. Segundo analistas internacionais, o maior perigo seria um ataque vindo do grupo Estado Islâmico Khorasan (ou Isis-K, na sigla em inglês), considerado inimigo do Talibã 

Esse grupo poderia estar aproveitando a retirada das tropas para tentar praticar os atos terroristas. Especula-se que o Talibã não estuda fazer isso, pois poderia ser alvo de uma forte retaliação de outros países.

Por Alexandre Saconi (UOL)

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