domingo, 4 de julho de 2021

Incidentes regulares com aeronaves da LAM deixam moçambicanos inquietos

Os moçambicanos estão a perder a confiança nas Linhas Aéreas de Moçambique por causa de vários incidentes com os aviões. Avarias e falta de liquidez afundam empresa em críticas, com vozes a sugerirem a sua privatização.

A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a única transportadora aérea de passageiros do país, tem assistido a um aumento de críticas e preocupações devido às frequentes anomalias nas suas aeronaves
Em menos de seis meses registaram-se três incidentes que podiam ter sido fatais, dois deles num único mês. Em fevereiro de 2021, um Boeing 737-700 derrapou e saiu da pista no Aeroporto de Quelimane, na Zambézia, no centro do país. A 9 de Junho, em Pemba, Cabo Delgado, no norte, outra aeronave ficou sem os vidros frontais da cabine em pleno voo e os pilotos viram-se forçados a regressar ao ponto de partida. 

No mesmo mês, no dia 27, um voo que saiu de Tete em direção a Maputo foi cancelado porque durante a descolagem a aeronave emitiu um aviso de anomalia.

Foto ao lado: Terminal de partidas do aeroporto de Maputo, Moçambique.

"Começam a ter problemas de manutenção, porque não estão a cumprir com os procedimentos todos", critica o passageiro Sandro de Sousa.

O cliente da LAM nunca presenciou nenhum incidente relacionado com os voos da empresa, mas acredita que os problemas financeiros da companhia podem um dia culminar num desfecho fatal.

"Sendo a companhia de bandeira com problemas financeiros deste tamanho e o Governo não consegue contornar esta crise, torna-se difícil para a vida do cidadão", comenta.

Avarias atrás de avarias


Cassamo Escada, outro passageiro, refere que já ficou em terra muitas vezes por causa dos cancelamentos dos voos da LAM, motivados por avarias. "De facto é um perigo para os passageiros. Já viu o que é viajar num avião que não fornece segurança? O cliente não sabe se vai chegar ao destino ou não", lamenta.

O jornalista do jornal "Evidências", Duarte Sitoe, que por diversas ocasiões reportou sobre os problemas da LAM, classifica a gestão da companhia de bandeira como "selvagem" e acredita que um dia pode custar vidas humanas.

"A empresa funciona agora com aviões alugados e não tem feito manutenção, razão pela qual têm acontecido esses problemas de constantes avarias o que tem atrasado certas viagens", relata o jornalista que adianta que a companhia está em falência técnica.

Em menos de seis meses a companhia registou três anomalias graves
relacionadas com o funcionamento das suas aeronaves
"A empresa por si só não é sustentável, é um elefante branco para o Governo. A empresa só tira os fundos que podiam ser alocados para a Saúde e Educação e outras áreas que carecem de financiamento", lastima, frisando que uma solução para a LAM passaria pela sua privatização.

Aviões no Quênia


Para Duarte Sitoe, outra preocupação são os aviões das LAM estacionados no Quénia. "Aviões esses que pagam 40 mil dólares por mês para estacionamento e outros valores para a devida manutenção. Esses aviões são da marca Embraer. Os aviões não estão avariados. Quando saíram de Moçambique, usou-se o pretexto de que eram para ser usados, mas até hoje continuam estacionados", denuncia.

De incidente em incidente, a LAM emite comunicados a negar a falta de manutenção dos seus aviões e escusou-se, até ao momento, a falar com os jornalistas, limitando-se a pedir desculpas aos passageiros pelos atrasos ou cancelamentos dos voos.

Via Deutsche Welle

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