quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Será que os celulares são mesmo um risco dentro de aviões?

EUA afirmam que algumas aeronaves em operação foram equipadas com instrumentos vulneráveis à interferência gerada por telefones e outras ondas de rádio.

Em 2014, autoridades do governo dos EUA revelaram que os celulares de passageiros ou outras fontes de sinais de rádio poderiam representar uma ameaça aos sistemas de bordo de alguns modelos dos aviões Boeing 737 e 777.

Mais de 1.300 jatos registrados nos EUA foram equipados com displays vulneráveis à interferência de Wi-Fi, telefones celulares e até mesmo fontes exteriores como radar meteorológico, de acordo com a Federal Aviation Administration (FAA), que deu às companhias aéreas até novembro de 2019 para substituir as unidades feitas pela Honeywell International Inc.

Um relatório da FAA indica que cerca de 100 aviões ainda estão voando com esse sistema inseguro. Embora o problema ainda exista, são poucos os aviões afetados, e portanto o risco para os passageiros no geral é baixo.

Caso alguma aeronave sofra interferência, informações como velocidade, altitude e dados de navegação podem "desaparecer" das telas na cabine e "resultar em perda de controle do avião a uma altitude insuficiente para recuperação", disse a FAA. Ela não informou em seu relatório a quantidade de sinais de rádio necessários para causar uma pane no sistema.

A Honeywell afirma que nunca ouviu falar de uma falha do tipo em seus aviões. Ela está ciente de apenas um caso em que todas as seis telas em um 737 ficaram "em branco", disse Nina Krauss, porta-voz da empresa. A causa foi um problema de software que foi corrigido e atualmente está sendo testado em voo, disse ela.

Enquanto isso, a Boeing Co. contou que descobriu a interferência em um teste de laboratório em 2012 mas não viu problemas semelhantes em outras aeronaves, segundo um porta-voz da companhia.

A Honeywell disse inicialmente à FAA que o equivalente a quase 1.700 aviões foram afetados em todo o mundo. E, quando perguntado esta semana sobre o progresso das correções, Krauss disse que 8.000 componentes foram substituídos e menos de 400 ainda precisavam ser atualizados.

Tanto a Delta Air Lines Inc. quanto a Southwest Airlines Co. concluíram suas revisões, de acordo com as companhias. A American Airlines Group Inc. tem mais 14 jatos que precisam de unidades recondicionadas, e a United Airlines ainda precisa substituir componentes em 17 aeronaves, disseram representantes dessas empresas.

A Ryanair Holdings Plc, uma companhia aérea irlandesa de baixo custo, disse à FAA em 2014 que seus aviões detinham 707 unidades dos equipamentos da Honeywell afetados pelo problema.

Acidentes

Apenas nos últimos três anos, pilotos no comando de jatos Boeing 737 NG ou 777 - os mesmos modelos citados no alerta da FAA sobre telefones celulares - relataram mais de uma dezena de casos de importantes informações de voo desaparecendo.

Em setembro de 2018, os pilotos de um 737-700 notaram que várias informações de voo estavam piscando, mostrando diferentes velocidades e altitudes. Eles decidiram pousar o avião antes que algo desse errado.

Três anos atrás, o piloto de um 737-800 relatou múltiplos episódios de importantes informações de voo “apagando ou simplesmente não funcionando”, incluindo um incidente em que o avião voou em uma cortante de vento devido à falta de dados. "O chamado apagão momentâneo", escreveu o piloto, "é um enigma".

Edição de texto e imagens: Jorge Tadeu (Com Bloomberg) - Imagens: Reprodução

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