Com disputa acirrada pelo mercado e margens cada vez mais estreitas, companhias apelam para fontes alternativas de receita: a partir de novembro, passageiros da TAM poderão usar celulares a bordo e os da Gol terão serviço de entretenimento
As companhias aéreas deixaram para trás o tempo em que se restringiam à venda de passagens para obter lucro. De olho nos brasileiros com cada vez mais dinheiro no bolso lotando os voos, as empresas vêm investindo na criação de novos serviços a bordo para aumentar suas receitas.
Enquanto a Gol lança sua plataforma de entretenimento a bordo, que possibilitará aos passageiros receber informações via celular, a TAM vai permitir, também em novembro, o uso do aparelho para fazer ligações. "Vamos lançar em novembro serviços de entretenimento individual, usando o telefone do cliente. É uma plataforma em que o passageiro poderá receber informações no seu aparelho dentro do avião", diz a vice-presidente de Mercado da Gol, Claudia Pagnano, sem dar mais detalhes.
As aéreas que apostarem em serviços de conectividade podem ser dar bem, avalia André Castellini, da consultoria Bain & Company. "Existe um grande potencial na possibilidade de os passageiros acessarem a internet e se comunicarem", afirma.
Segundo ele, parte das receitas geradas com as ligações ficará com a companhia aérea. "A empresa participará do resultado, pois disponibilizará um cliente que, naquele momento, é dela", diz. Embora os valores das chamadas ainda não tenham sido divulgados, o minuto deverá custar US$ 8,99, de acordo com operadoras.
Venda. Os novos negócios a bordo não se restringem apenas a serviços. Atenta ao potencial de um consumidor com alto poder aquisitivo, a TAM ampliou no mês passado seu "duty free" de bordo nos voos internacionais. A empresa já vende bebidas, doces, acessórios de viagem, joias, relógios, perfumes e cosméticos nos voos.
Os produtos são entregues imediatamente e podem ser pagos em dólar ou com cartão de crédito internacional. A cota individual, definida pela Receita Federal, é de U$ 500. A empresa viu a oportunidade de ampliar a venda para os voos domésticos e, também em outubro, lançou iniciativa semelhantes para aviões que partem de Guarulhos para Fortaleza e Recife.
Já a Azul está satisfeita com a receita gerada com a cobrança pela venda de poltronas com mais espaço para os passageiros. São 16 assentos com 86 centímetros de distância para a poltrona da frente em cada voo - as demais têm um espaçamento de 79 cm. "É uma taxa cobrada por um assento mais confortável, que custa R$ 20 por trecho. Estamos muito satisfeitos com os resultados da receita adicional que esse espaço gera para a companhia", afirma o diretor de comunicação e marca da Azul, Gianfranco Beting.
Caracterizado por uma competição intensa e por operar com margens estreitas de lucratividade, o setor de aviação civil tem nas receitas adicionais um elemento importante para equilibrar suas contas. Num ano em que a demanda por voos vem crescendo a taxas próximas a 30%, os resultados das empresas aéreas não são tão expressivos quanto o de empresas de outros segmentos, avalia Castellini.
"O problema de fundo é um excesso de oferta. Essa rivalidade intensa que existem entre Gol e TAM se manifesta nos planos de crescimento de frotas muito agressivos. Por mais que o mercado esteja saudável, existem aviões demais e isso faz com que a rentabilidade esteja aquém do esperado. Apesar do crescimento, as empresas não têm conseguido aplicar as tarifas que gostariam", diz.
A importância das receitas adicionais também é salientada por Beting. "Sabemos que, em uma indústria com margens muito estreitas, qualquer fonte de receita adicional pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo", diz. A Azul recentemente fechou contrato com a Nestlé para adesivar 15 aviões com mensagens e imagens relacionadas à linha de chocolates da empresa, outra forma de ampliar os ganhos na operação.
Fonte: Glauber Gonçalves (O Estado de S.Paulo)
As companhias aéreas deixaram para trás o tempo em que se restringiam à venda de passagens para obter lucro. De olho nos brasileiros com cada vez mais dinheiro no bolso lotando os voos, as empresas vêm investindo na criação de novos serviços a bordo para aumentar suas receitas.
Enquanto a Gol lança sua plataforma de entretenimento a bordo, que possibilitará aos passageiros receber informações via celular, a TAM vai permitir, também em novembro, o uso do aparelho para fazer ligações. "Vamos lançar em novembro serviços de entretenimento individual, usando o telefone do cliente. É uma plataforma em que o passageiro poderá receber informações no seu aparelho dentro do avião", diz a vice-presidente de Mercado da Gol, Claudia Pagnano, sem dar mais detalhes.
As aéreas que apostarem em serviços de conectividade podem ser dar bem, avalia André Castellini, da consultoria Bain & Company. "Existe um grande potencial na possibilidade de os passageiros acessarem a internet e se comunicarem", afirma.
Segundo ele, parte das receitas geradas com as ligações ficará com a companhia aérea. "A empresa participará do resultado, pois disponibilizará um cliente que, naquele momento, é dela", diz. Embora os valores das chamadas ainda não tenham sido divulgados, o minuto deverá custar US$ 8,99, de acordo com operadoras.
Venda. Os novos negócios a bordo não se restringem apenas a serviços. Atenta ao potencial de um consumidor com alto poder aquisitivo, a TAM ampliou no mês passado seu "duty free" de bordo nos voos internacionais. A empresa já vende bebidas, doces, acessórios de viagem, joias, relógios, perfumes e cosméticos nos voos.
Os produtos são entregues imediatamente e podem ser pagos em dólar ou com cartão de crédito internacional. A cota individual, definida pela Receita Federal, é de U$ 500. A empresa viu a oportunidade de ampliar a venda para os voos domésticos e, também em outubro, lançou iniciativa semelhantes para aviões que partem de Guarulhos para Fortaleza e Recife.
Já a Azul está satisfeita com a receita gerada com a cobrança pela venda de poltronas com mais espaço para os passageiros. São 16 assentos com 86 centímetros de distância para a poltrona da frente em cada voo - as demais têm um espaçamento de 79 cm. "É uma taxa cobrada por um assento mais confortável, que custa R$ 20 por trecho. Estamos muito satisfeitos com os resultados da receita adicional que esse espaço gera para a companhia", afirma o diretor de comunicação e marca da Azul, Gianfranco Beting.
Caracterizado por uma competição intensa e por operar com margens estreitas de lucratividade, o setor de aviação civil tem nas receitas adicionais um elemento importante para equilibrar suas contas. Num ano em que a demanda por voos vem crescendo a taxas próximas a 30%, os resultados das empresas aéreas não são tão expressivos quanto o de empresas de outros segmentos, avalia Castellini.
"O problema de fundo é um excesso de oferta. Essa rivalidade intensa que existem entre Gol e TAM se manifesta nos planos de crescimento de frotas muito agressivos. Por mais que o mercado esteja saudável, existem aviões demais e isso faz com que a rentabilidade esteja aquém do esperado. Apesar do crescimento, as empresas não têm conseguido aplicar as tarifas que gostariam", diz.
A importância das receitas adicionais também é salientada por Beting. "Sabemos que, em uma indústria com margens muito estreitas, qualquer fonte de receita adicional pode ser a diferença entre o lucro e o prejuízo", diz. A Azul recentemente fechou contrato com a Nestlé para adesivar 15 aviões com mensagens e imagens relacionadas à linha de chocolates da empresa, outra forma de ampliar os ganhos na operação.
Fonte: Glauber Gonçalves (O Estado de S.Paulo)
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