sábado, 17 de janeiro de 2009

Cães e falcões ajudam a evitar choque de aves com aviões

Em Minas Gerais, Aeroporto da Pampulha foi primeiro a usar sistema.

Aeroporto Salgado Filho (RS) será o segundo a usar aves de rapina.

Falcões, gaviões e cães são usados para afastar aves da rota dos aviões nas proximidades dos aeroportos do país. A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) utiliza a técnica desde o primeiro semestre de 2008 no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte.

Falcões usados no Aeroporto da Pampulha, em Minas Gerais (Foto: Divulgação/Biocev Meio Ambiente)

Segundo especialistas, o choque com pássaros pode ter sido o motivo do pouso de emergência feito pela aeronave da US Airways com 155 pessoas a bordo nas águas geladas do rio Hudson, em Manhattan, Nova York, na tarde desta quinta-feira (15).

Segundo Abibe Ferreira, superintendente de segurança aeroportuária da Infraero, o uso da falcoaria no aeroporto da capital mineira reduziu significativamente o número de incidentes. "A queda é de 27%. O principal alvo das aves de rapina são garças, urubus, carcarás, pombos e quero-quero".

Clique aqui e veja fotos do trabalho feito com os falcões

De acordo com a Infraero, foram registrados 219 colisões de aves com aviões nos 67 aeroportos do país controlados pela empresa. "Esse número é diferente do apresentado pelo Cenipa, pois a área de abrangência dela é maior", afirmou Ferreira.

Segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foram registrados 550 colisões de aviões com pássaros em 2008.

Falcões

O biólogo Gustato Trainini, que está adestrando falcões e gaviões para possível uso em aeroportos no Sul do país, disse que as aves de rapina não matam suas presas. "Elas apenas identificam e recolhem as aves que podem oferecer risco ao sistema aéreo."

Gustavo Trainini treina falcões e gaviões no Rio Grande do Sul (Foto: Arquivo Pessoal)

Trainini fez curso na Argentina, onde a falcoaria é largamente usada para aumentar a segurança nos aeroportos. "Isso é trabalho especializado e não pode ser feito por aventureiros ou criadores comuns de falcões, pois estamos falando da segurança de voo, que pode colocar em risco a vida das pessoas e prejuízos elevados às companhias aéreas."

Técnicas

Além do uso de aves de rapina, os departamentos de segurança dos aeroportos já usam cães para identificar ninhos perto das pistas de taxiamento dos aviões. "Temos de manter o gramado sempre podado para evitar que as aves busquem alimentos nessa região ou façam ninhos por lá. Além disso, usamos fogos de artifício, redes de neblina, armadilhas e cães para afastar ou capturar as aves indesejadas", disse Ferreira.

O biólogo Gustato Diniz, consultor ambiental da Biocev Meio Ambiente, empresa responsável pelos falcões usados no Aeroporto da Pampulha, disse que a simples presença do falcão nas proximidades de um aeroporto já inibe a aproximação de outras aves. "Há uma hierarquia animal e o falcão se impõe sobre os outros. O urubu, por exemplo, também procura manter distância do falcão."

O voo dos falcões é feito quando os intervalos de pousos e decolagens são maiores de 15 minutos.

Ferreira disse que o Aeroporto Salgado Filho será o segundo a receber os falcões e o processo está em licitação. "Os aeroportos do Galeão e de Guarulhos serão os próximos na programação. No Rio de Janeiro e em São Paulo, um dos problemas é a ocupação no entorno dos aeroportos."

Situação crítica

O Aeroporto de Teresina foi considerado, até 2004, o local onde mais se registrava riscos de colisão entre aves e aviões. "Havia um lixão muito perto da rota aérea. Era o suficiente para atrair urubus para o local. Conseguimos, com apoio do Ministério Público, órgãos ambientais e administrações municipal e estadual, a desativar o lixo. Hoje, o aeroporto piauiense deixou de liderar a estatística de incidentes com aviões e aves", disse o superintendente da Infraero.

Em Bélém, segundo Ferreira, o risco aumenta quando a maré baixa. "Apesar de a feira do ver-o-peso não estar na rota dos aviões, quando o nível do rio baixa na região, os peixes chamam a atenção dos urubus. Por isso temos um cuidado especial com o local."

A escassez de chuva também é um problema para a segurança de voo, quando se fala da proliferação de aves na rota dos aviões. "As carcaças de animais aparecem com mais frequência quando o índice de chuva cai. Isso é mais comum no Nordeste, afirmou Ferreira.

Fonte: G1

No que compete à Infraero, os aeroportos realizam rotineiramente as seguintes ações internas:

1) Vistoria diária no sítio aeroportuário, identificação dos focos de atração de aves e animais, registro e acompanhamento estatístico das colisões de fauna com aeronaves;

2) Procedimentos para capturar animais na área de movimento;

3) Procedimentos para implantar programas de controle da cobertura vegetal, incluindo manutenção de corte de grama e recolhimento de aparas, desobstrução de valas de drenagem e galerias, eliminação de árvores frutíferas, operações para dispersão de aves (rojões) patrulhamento e vistoria das cercas operacionais e patrimoniais;

4) Procedimentos de informação e alerta para tripulação sobre a localização de focos nas proximidades do aeródromo.

Fonte: Aviação Brasil

Um comentário:

Unknown disse...

Jorge, dá uma olhada no vídeo do acidente do A320 da UsAir

http://aeroblogbrasil.blogspot.com/2009/01/vdeo-do-acidente-com-o-a320-da-us-air.html