terça-feira, 3 de junho de 2008

Especialistas em óvnis concordam que governo não oculta dados sobre ETs

Ministério do Reino Unido liberou quase 25 anos de relatos sobre supostos discos voadores.

Governantes estão sendo transparentes, mas não investigaram direito, dizem ufólogos.

Eles piscavam e tinham a forma de charutos, discos, caixões e bolhas amorfas. Eles pairavam de maneira ameaçadora, viajavam em velocidades impossíveis e desapareciam no mundo dos mortos, ou em uma cerca da Cornualha. Alguns carregavam formas de vida humanóides, ou assim parecia. Alguns se materializaram graças a alguns drinques a mais, como no caso de um grupo de luzes voadoras não-identificadas vistas passeando pelo céu por clientes de um pub em Kent.

Desenhos de óvnis feitos para o Ministério da Defesa britânico (Foto: NYT)

O que quer que fossem, os fenômenos relatados ao Ministério de Defesa Britânico ao longo dos anos e tornados públicos neste mês quase certamente não eram aeronaves alienígenas pilotadas por seres de outros planetas. “O governo estava nos dizendo a verdade,” declarou David Clarke, um conferencista sênior em jornalismo na Sheffield Hallam University, que tem um interesse paralelo em óvnis (objetos voadores não-identificados). “Há muitas coisas esquisitas no céu, e algumas delas não podemos explicar, mas não existe o menor fragmento de evidência de uma única visita alienígena.”

O que é, francamente, uma decepção, assim como a prosaica explicação do governo para o motivo de ter documentado meticulosamente, por décadas, os relatos de óvnis. “Nós só conferimos as informações para assegurar que nosso espaço aéreo militar não tenha sido invadido, e praticamente nunca temos invasões no espaço aéreo,” diz um porta-voz do Ministério da Defesa.

O porta-voz, que falou sob condição de anonimato — essa é a política do governo —, diz que o ministério começou a tornar públicos os arquivos por ter sido inundado com pedidos relacionados a óvnis, graças ao Ato da Liberdade de Informação na Inglaterra.

Os arquivos de 1978 a 2002 foram divulgados neste mês. Alguns arquivos mais antigos já foram desclassificados e tornados públicos; o restante será liberado ao longo dos próximos anos. Disponíveis na internet nos Arquivos Nacionais no endereço eletrônico ufos.nationalarchives.gov.uk, eles cobrem centenas de relatos. Grande parte do material consiste em formulários de uma página contendo detalhes como o tamanho da suposta aeronave e o que ela parecia estar fazendo.

De 1978 a 2002

Uma cidadã descreve seu choque e medo à visão de um pequeno “objeto em formato de vulcão” pairando no céu. Outra testemunha diz que foi atraída de sua cama por uma luz brilhante, emanando de um ovni “do tamanho de uma base para garrafas de leite.” E da Cornualha (sudoeste da Inglaterra) veio um relato de um motorista de 28 anos que observou uma forte luz amarela que “apareceu e se contorceu” sobre a estrada, uma imagem que lembrava o movimento da personagem Sininho em “Peter Pan.” “A luz mudou para uma cor purpúrea, antes de sair de dentro de uma grossa cerca-viva,” diz o relato.

Os arquivos incluem pedaços aleatórios de jornais de rigor jornalístico questionável. Um artigo do "Daily Mirror" de 1986 conta que uma luz “vinda de um objeto brilhante vermelho” cobriu a cabine de um jato da Força Aérea Real que levava o Príncipe Charles, preocupando seriamente o piloto. Como um aparte, o jornal publicou que “O Príncipe Philip tem sido um seguidor entusiasmado dos óvnis pelos últimos 36 anos.”

Há longas cartas com perguntas. “Quando um disco voador não é um disco voador?”, filosofa um correspondente. “E a nave-mãe é feita pelo homem ou vem de um planeta distante?”

Alguns entusiastas dos óvnis dizem acreditar que o governo britânico não divulgou todos os seus arquivos e está ocultando do povo britânico a maior parte das informações. Mas Joe McGonagle, um auto-intitulado pesquisador de óvnis de Londres, diz que os documentos mostram que, longe de esconder qualquer coisa, o governo fracassou em investigar propriamente os relatos em primeiro lugar.

Serviço porco

“Muitas pessoas imaginavam que havia um vasto projeto sobre óvnis, com montes de pessoas trabalhando, quando na realidade se tratava de um servidor público gastando 25% de seu tempo nisso, arquivando relatórios,” diz ele.

Não é como se as autoridades tivessem deixado de tratar o assunto com a devida seriedade. Em 1950, o governo reuniu um comitê secreto, a Reunião de Trabalho de Discos Voadores, para investigar relatos de óvnis. O comitê concluiu que os óvnis eram ilusões de ótica, fenômenos meteorológicos, aviões vistos de ângulos estranhos e afins. Essa tem sido a linha do governo desde então.

Em 1979, a Câmara dos Lordes discutiu o assunto pelo ponto de vista do Conde de Clancarty, que acreditava que o homem era descendente de alienígenas que rastejaram desde o núcleo da Terra por túneis especiais ou que chegaram em naves espaciais 65 mil anos atrás. Ele não era o único nobre com esse ponto de vista.

“Eu gostaria de contar a vocês, lordes, sobre algumas das coisas que vi”, disse o Conde de Halsbury, “começando aos 6 anos de idade, quando vi um anjo". O Lorde Gainford disse ter visto um ovni, que ele descreve como “uma bola branca brilhante com um toque de vermelho seguida por um cone branco”, em uma festa de Ano Novo na Escócia. Algumas crianças também a viram, ele acrescentou, e elas “beberam apenas refrigerantes.”

Nenhuma das explicações foi tão detalhada quanto aquela de um ex-soldado de 78 anos em Aldershot. Sua história, que ele contou a um investigador de óvnis, pode ser encontrada nos arquivos recém liberados.

História de pescador

Saindo para pescar em 1983, o homem havia acabado de servir-se com uma xícara de chá, ele recorda, quando foi abordado por dois seres de um metro de altura usando macacões verde-claros e grandes capacetes. Eles o conduziram para dentro do que veio a ser sua nave — “Eu pensei, ‘Cristo, o que é aquilo?’” diz ele — e, aparentemente considerando se iriam sujeitá-lo a experimentos extraterrestres, repentinamente anunciaram: “Você pode ir. Você é muito velho e doente para nossos propósitos.”

“Ansioso para evitar ofendê-los,” diz o relato, o homem não fez perguntas, mesmo as mais óbvias, como "de qual planeta vocês vieram?". Ele retornou à beira do rio, onde terminou seu chá (já frio) e continuou a pescar. Ele estava relutante em contar a sua família, diz o relato: “Eu sabia que minha esposa iria dizer, ‘chega de pescarias para você, meu velho’”.

Fontes: G1 / New York Times

Nenhum comentário: