O acidente ocorreu nesta terça-feira (15), em um bairro popular da cidade de Goma.
April Mosier, de 14 anos, uma das passageiras do avião da empresa Hewa Bora que caiu nesta terça-feira (15) em Goma, na República Democrática do Congo (antigo Zaire), escapou da morte por um buraco aberto na fuselagem da aeronave, relatou seu pai Barry Mosier, de 53 anos, à CNN nesta quarta-feira (16).
April viajava com os pais, uma família de missionários norte-americanos de Minnesota, para a cidade de Kinsangani, no Congo, onde mora seu irmão, Keith, de 24 anos. “April correu para frente e foi uma das primeiras pessoas a deixar o avião”, relatou Mosier.
Ela teria encontrado um homem que tentava sair da aeronave em chamas abrindo um buraco na fuselagem. “Ele retirava partes do avião e as empurrava para fora”, disse. Quando o espaço já era grande o bastante, April passou por ele e outros passageiros a seguiram.
Segundo Mosier, ele e a esposa, que estava carregando o filho deles de três anos, tiveram mais dificuldade para sair da aeronave. De acordo com seu relato, eles foram empurrados por uma “massa humana” e, depois de algum tempo, também conseguiram sair por uma abertura na fuselagem. “Eu acredito que Deus tenha um plano para nós. Ao contrário, não teríamos sobrevivido”, afirmou.
O acidente
O avião caiu sobre um bairro residencial durante tentativa de decolar do aeroporto. A primeira contagem de mortos, divulgada por agências de notícias e pela rede CNN no dia do acidente, apontava para cerca de 70 mortos.
Agora, as agências revisaram para baixo o número de vítimas. Segundo a France Presse, a contagem de mortos está em 37 (esse dado foi divulgado na manhã de quarta-feira, pelo horário do Brasil). A CNN fala em 33 mortos. O número de feridos oscila em torno de 100 pessoas.
As autoridades do país não precisaram ainda quantas das vítimas eram passageiros e quantas eram moradores do bairro residencial sobre o qual o avião caiu.
O avião, com uma tripulação de cinco pessoas, levava 79 passageiros, de acordo com a CNN.
Sobreviventes
Segundo a agência de notícias Reuters, Dirk Cramers, diretor de marketing da empresa, afirmou que a maior parte dos passageiros e todos os tripulantes sobreviveram.
"Com ajuda da ONU, pudemos retirar quase todos os passageiros antes que [o avião] pegasse fogo", disse Cramers à Reuters.
Cramers disse que o avião chegou ao final da pista sem velocidade suficiente para decolar, por causa do excesso de água no asfalto, e que o piloto tentou abortar a operação, mas o avião deslizou.
Mapa mostra local do acidente, na República Democrática do Congo
"Foi uma decolagem abortada e o avião bateu no muro. Bem atrás do muro havia algumas lojas. E a maioria das vítimas é de lá", disse ele.
Frederic Katemo, de 51 anos, contou que estava sentado, com o cinto de segurança apertado, quando ocorreu a batida. "Saltamos e conseguimos sair. Dava para sentir o fogo atrás da gente", contou ele.
O nariz do avião ficou praticamente intacto, mas o acidente espalhou pedaços de barracas de comércio e entulho de casas por uma rua do bairro de Birere. Pelo menos um prédio foi destruído, e vários ficaram em chamas. Uma enorme coluna de fumaça se erguia do local.
Acidentes constantes
A República Democrática do Congo (antigo Zaire), gigantesca ex-colônia belga que ainda se recupera de uma longa guerra civil, tem um dos maiores índices de acidentes aéreos do mundo, inclusive em Goma, cujo aeroporto fica ao pé de um vulcão.
"Já esperávamos algo assim. Houve muitos acidentes bem atrás do aeroporto", disse à Reuters o ambientalista Serge Ukundji, que vive em Goma.
Na semana passada, a União Européia colocou a Hewa Bora Airways na lista de empresas proibidas de voar para os 27 países do bloco por razões de segurança.
Houve oito acidente aéreos no ano passado na República Democrática do Congo, segundo o Acro, órgão de Genebra que registra esses incidentes.
A Iata (Associação Internacional do Transporte Aéreo) diz que a taxa de acidentes na África é seis vezes maior do que no resto do mundo, algo que a entidade considera "constrangedor."
Especialistas citam o Congo, com sua frota de velhos aviões, muitos deles soviéticos, como um dos piores entre os países africanos.
Fonte: G1 - Foto: Lionel Healing (AFP/Getty Images) - Arte: G1
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