terça-feira, 5 de abril de 2022

Investigação sobre quadrilha que adaptava aviões para tráfico internacional envolveu departamento antidrogas dos EUA

Imagens compartilhadas com a Polícia Federal mostram os dois aviões incendiados na Guatemala e na costa de Belize. Dez dos 11 suspeitos investigados estão presos; suposto chefe se apresentou em Palmas, no Tocantins.

Avião caiu na Guatemala e foi incendiado (Foto: Divulgação)
As aeronaves brasileiras que transportavam drogas para países da América Central foram localizadas durante investigações que envolveram a agência americana de investigação de drogas, a Drug Enforcement Administration (DEA). Imagens compartilhadas com a Polícia Federal mostram os dois aviões incendiados na Guatemala e na costa de Belize. O suspeito de chefiar o grupo se apresentou à PF nesta segunda-feira (4).

As investigações internacionais envolvendo o grupo começaram ainda em 2020. Em setembro daquele ano a DEA informou à PF a queda da primeira aeronave, na Guatemala, onde foram encontrados 735 quilos de cocaína próximos aos destroços.

O segundo avião foi localizado em outubro de 2021 durante uma investigação conjunta entre as autoridades do México, Belize e dos EUA. O voo sem identificação foi detectado no dia 8 e os destroços da aeronave, incendiada pela própria tripulação, foram encontrados três dias depois.


O suspeito de chefiar o grupo de tráfico internacional é Cleanto Carlos de Oliveira. Ele ficou quatro horas prestando depoimento em Palmas nesta segunda-feira (4), passou pelo Instituto Médico Legal e foi levado para o presídio. Ele deixou o IML cobrindo o rosto e não quis responder à reportagem da TV Anhanguera.


Além dele, mais 10 pessoas tiveram a prisão determinada pela Justiça Federal. Os mandados foram cumpridos na semana passada durante a Operação Tuup. Investigadores da Polícia Federal afirmam que o grupo atuou até a véspera da operação.

Três dos investigados foram presos no momento em que estariam preparando um novo voo para transporte de drogas. O avião apreendido foi avaliado em R$ 2 milhões e tem capacidade para transportar mais de uma tonelada de cocaína.

Avião incendiado em Belize (Foto: Divulgação)
Segundo as investigações, as duas primeiras aeronaves foram adulteradas em um aeródromo em nova Ubiratã (MT). O homem apontado como dono local é Isaias Luiz Pereira, que também foi preso. Conforme a decisão judicial que autorizou as prisões, a PF acredita que ele pode estar atuando há bastante tempo no suporte logístico a diferentes traficantes que adotam o modal aéreo.

“Constatou-se também que ele atua como mecânico de aviões, muito embora a licença esteja cassada pela ANAC. Além disso, o filho de Isaias, André Luiz pereira, foi preso no dia 20 de 05 de 2021 em Orealla, na Guiana Inglesa, após fazer um pouso de emergência com um avião carregado com 453 (quatrocentos e cinquenta e três) quilos de cocaína", diz trecho da decisão.

Momento em que Cleanto Carlos, dentro da viatura, deixou o IML em direção à CPP
(Foto: Ana Paula Rehbein/TV Anhanguera)
Dos 11 mandados de prisão da operação Tuup, 10 foram cumpridos até esta segunda-feira (4). Na audiência de custodia, o juiz atendeu aos pedidos da PF e do Ministério Público Federal e manteve todos os investigados presos. Além de tráfico e lavagem de dinheiro, eles também vão responder por atendado contra o espaço aéreo.

Segundo a investigação da PF, o grupo trabalhava como freelance fazendo o transporte de drogas para outras quadrilhas de traficantes. Eles passavam cerca de um ano preparando as aeronaves para as viagens. Depois partiam para países da América Central como a Guatemala e Belize.

As viagens eram feitas de forma clandestina sem qualquer registro ou plano de voo, para evitar suspeitas. Isso causava sérios riscos para a segurança do tráfego aéreo. Em alguns casos as aeronaves foram queimadas após as entregas para evitar suspeitas.

Operação da PF investiga quadrilha suspeita de tráfico internacional de drogas
(Foto: Divulgação/Polícia Federal)

O que diz a defesa dos citados


O advogado de Cleanto Pereira disse que ele se apresentou de forma espontânea perante a autoridade policial para cumprir a determinação judicial. "A única participação nos eventos apresentados pela Polícia Federal, de forma inconsequente, é o fato do Sr. Cleanto ter intermediado a venda de uma aeronave que, posteriormente e supostamente, teria sido usada para transporte de narcóticos. Portanto não qualquer possibilidade de ser apontado como chefe de tráfico, conforme apontado pela autoridade policial. Isto será demonstrado nos autos em momento oportuno", afirmou.

O advogado de Isaías Pereira e do filho dele, André Luiz Pereira, nega veementemente as acusações. A defesa dos três homens que foram presos em Porangatu (GO) não quis se manifestar neste momento.

A operação


Avião foi apreendido pela PF em Porangatu (Foto: Thaís Alcântara e Evandro Alves/Divulgação)
A operação Tuup foi deflagrada pela Polícia Federal para cumprir 28 mandados judiciais emitidos pela a 4ª Vara da Justiça Federal do Tocantins. São seis de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 14 ordens de busca e apreensão no Tocantins e mais sete estados.

Os mandados foram cumpridos no Pará, Ceará, Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Santa Catarina. Durante a manhã três investigados foram presos em Porangatu (GO) e os agentes da PF apreenderam R$ 82 mil na casa de piloto em Sorocaba (SP). O dinheiro estava escondido dentro de uma panela.

Os presos podem responder pelos crimes de associação ao tráfico, tráfico internacional de drogas e financiamento ao tráfico, além de atentado à segurança do transporte aéreo.

Via g1 Tocantins

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