sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Quatro meses após queda de avião matar sete pessoas em Piracicaba, causa ainda é investigada; entenda o que se sabe e o que falta saber

Segundo a FAB, investigação está em transcorrendo conforme seu processo normal; Polícia Civil aguarda laudo da Aeronáutica para dar andamento em inquérito.


Quatro meses após um acidente aéreo matar sete pessoas em Piracicaba (SP), a causa da queda do avião ainda não foi esclarecida e segue sob investigação. A Força Aérea Brasileira (FAB) aponta que as apurações estão transcorrendo conforme seu processo normal, mas não informou previsão de prazo para sua conclusão.

Já a Polícia Civil apontou que aguarda o laudo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da FAB, para dar andamento no inquérito sobre o caso.

A queda ocorreu em uma área de mata no bairro Santa Rosa, no dia 14 de setembro de 2021, logo após a aeronave partir do aeroporto da cidade com destino ao Pará. No avião estavam o empresário Celso Silveira Mello Filho, sócio da Raízen, e sua família, além de piloto e copiloto.

Conforme dados disponibilizados pelo Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), atualmente, a "aeronave não está liberada no tocante à investigação". O órgão esclareceu que se trata de um status padrão, que indica que ainda há necessidade de se realizar algum tipo de pesquisa adicional nos destroços.

"Assim que toda a análise for concluída, a aeronave será liberada no tocante à investigação Sipaer e os destroços serão devolvidos ao proprietário ou seu representante legal", explicou.

O sistema da Aeronáutica também aponta que a aeronave está destruída, como foi possível observar em imagens do acidente, que causou uma explosão e um incêndio no local. Segundo a FAB, a classificação como "destruída" significa que esses danos tornaram inviável recuperá-la para voo, mas isso não representa, necessariamente, o grau de dificuldade para análises de seus destroços.

Área onde avião caiu, nas proximidades da Fatec, em Piracicaba (Foto: Drone César Cocco)
"Mesmo que a aeronave tenha sido considerada destruída (em razão do impacto contra ou solo ou de fogo), exames, testes e pesquisas poderão ser realizados pela comissão investigadora em qualquer um de seus componentes (motores, hélices, instrumentos de voo, superfícies de comando, trem de pouso, etc.), tendo em vista que qualquer um desses elementos pode fornecer informações importantes acerca das condições de voo da aeronave antes do acidente", acrescentou.

A distribuição de destroços no terreno e análise de sistemas ou de componentes específicos também podem ajudar a esclarecer a dinâmica do acidente, informou o órgão.

Ainda conforme a Aeronáutica, a investigação começou com a coleta de dados no local, no dia do acidente, e não tem previsão de término. "O tempo varia conforme o nível de complexidade de cada investigação e os trabalhos podem demandar mais ou menos tempo, conforme os achados identificados no decorrer do processo. De qualquer forma, o Cenipa trabalha para que esse tempo seja o menor possível", completou.

Polícia Civil aguarda relatório do Cenipa


Já a Polícia Civil, aguarda a conclusão do relatório do Cenipa para dar andamento em um inquérito que está aberto para investigar o acidente, informou o delegado Fábio Rizzo de Toledo, que comanda as apurações pelo 4º Distrito Policial.

"Dependemos, praticamente, só dos laudos para determinar qual foi a causa da queda do avião", informou. Segundo ele, o documento é fundamental para determinar a causa.

Câmera de segurança flagra queda de avião em Piracicaba (Reprodução/ EPTV)

No entanto, a corporação já deu andamento a outros passos da apuração, como colheita de depoimentos e colheita de imagens de câmeras de segurança. "Mas isso não determina a causa do acidente. As imagens todo mundo tem. É uma coisa que não comprova muito o motivo pelo qual ocorreu o acidente. Realmente, depende da perícia", ressaltou.

Entenda o que ocorreu ponto a ponto

  • No dia 14 de setembro, o empresário Celso Silveira Mello Filho, sua esposa, três filhos, piloto e copiloto partiram pouco antes das 9h do Aeroporto de Piracicaba. A viagem teria como destino o Pará, para uma fazenda da família, onde passariam uma semana.
  • O avião caiu 15 segundos após a decolagem, em uma área de mata próxima à Faculdade de Tecnologia (Fatec) da cidade.
  • O Corpo de Bombeiros foi acionado e no local encontrou as sete vítimas já mortas, carbonizadas.
  • O Cenipa e a Polícia Civil foram acionados para realizar as investigações sobre a causa do acidente.
  • No local, equipes localizaram a caixa preta do avião, onde o histórico de voo é armazenado, que será analisada.
  • Destroços do avião também foram recolhidos para a apuração do Cenipa.
  • De acordo com a FAB, a documentação e manutenção da aeronave estavam em dia. O avião foi fabricado em 2019 e é considerado de alta versatilidade por especialista.
  • A última manutenção foi realizada em 23 de agosto. O retorno da oficina ocorreu nem 13 de setembro.
  • Quase seis horas após o acidente, os destroços começaram a ser retirados do local.
  • Os corpos passaram por exame no Instituto Médico Legal (IML).
Quem são as vítimas do acidente aéreo em Piracicaba (Imagem: Reprodução/ TV Globo)

O que falta saber

  • A causa do acidente ainda não foi esclarecida. A Polícia Civil e o Cenipa informaram que entre os passos das investigações estão a análise de destroços, realização de perícias, busca de possíveis contatos com a torre de controle, coletas de imagens do momento da queda e depoimentos de testemunhas.
  • Ainda não foi esclarecido porque a aeronave caiu apesar de ser considerada nova por especialista (foi fabricada em 2019), ter passado por manutenção um dia antes do acidente e estar com a documentação em ordem.
  • Não foi esclarecido, também, o movimento de curva que a aeronave fez logo após decolar e foi destacado pela maioria das testemunhas e flagrado por câmeras de segurança. Autoridades não souberam informar se o piloto tentava retornar ao aeroporto.
  • Também não há explicações oficiais para o fato da queda ter ocorrido 15 segundos após a decolagem, abastecida e revisada dias antes.
Por Rodrigo Pereira, g1 Piracicaba e Região

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