sexta-feira, 6 de agosto de 2010

“Não quero mais voar neste país”

Há dois anos, ele desistiu. Depois de 21 anos trabalhando como piloto em companhias aéreas brasileiras (primeiro Vasp, depois Varig e Gol), Norton Kripka (foto) parou de tentar conciliar trabalho e qualidade de vida no Brasil. Como não cogitava abandonar a profissão com a qual sempre sonhou, mudou-se para o Canadá para ser piloto dos mesmos aviões que comandava nos céus brasileiros.

Desde que seu visto de trabalho canadense foi expedido, Kripka pilota Boeings 737-800 na Sunwing Airlines, que opera voos charter. Diariamente, o porto-alegrense conduz turistas das terras geladas do Canadá para locais mais ensolarados como Flórida e Caribe. O salário, segundo Kripka, é equivalente ao que recebia no Brasil.

– Não deixei o meu país por dinheiro. Deixei por uma vida melhor, que nunca teria na aviação brasileira – diz.

A ameaça de greve dos funcionários da Gol e a recente polêmica sobre as condições de trabalho das tripulações fizeram Norton lembrar os motivos pelos quais foi embora:

– Imagine voar com várias escalas e chegar ao fim de sua jornada de 11 horas tendo que sobrevoar Guarulhos para esperar vaga para o pouso, porque o aeroporto mais movimentado do país não tem pistas suficientes.

Além das questões trabalhistas, os pilotos, conta, precisam lidar com outros impasses do sistema aéreo.

– Muitas vezes, presenciei colegas discutindo com controladores de voo no ar, por eles não estarem auxiliando a equipe. Nossa estrutura aeronáutica é muito deficiente e contribui para o estresse das tripulações – destaca.

Por ter conseguido qualidade de vida e de trabalho no Exterior, o piloto só volta ao Estado para rever a família.

– Não pretendo voltar para o Brasil para trabalhar – garante.

Fonte: Patrícia Lima (Zero Hora)

2 comentários:

Galvam disse...

Caro Jorge Tadeu,
Esse cara não é piloto de verdade, é só um aventureiro que quer ganhar um salário bom e se dar bem. O piloto mesmo, faz qualquer negócio para continuar voando o maior tempo possível. Esse cara teve a oportunidade que eu não tive, talvez tenha sido mais perseverante do que eu,ou teve o paio da família que eu não tive, eu parei em 1980. Tentava entrar para as grandes companhias e esbarrava nos enormes contingentes de pilotos angolanos(brancos e negros) desmobilizados da Força Aérea Portuguesa vindos da Africa. Eu tinha pouco mais de 2.500 horas registradas na aviação pequena(Pantanal, Mato Grosso, Sul do Pará,Rondonia,Acre,Bolivia e Paraguai, vários translados de aeronaves dos EUA para o Brasil)Voei toda a linha de aviões momo e multimotor da Cessna ,Piper e Beechcraft que havia no Brasil, excetuando-se os de grande porte. A duras penas dominei o voo de helicoptero num já veterano Bell 47G, depois um Hughes 300c, e iniciando instrução num tubo bell 206. A votec e a Cruzeiro, a líder taxi aereo, estavam contratando pilotos para atender operações off-shore em Campos e no Nordeste do Brasil. Pegaram os Angolanos para trabalhar; Eles vinham com 15.000, 20000 horas de voo em combate! Operando qualquer equipamento! Os caras voavam.DC-3,T-6,F-86,T-33,Fiat G-91, Harpoon,Convair,C-130,Gazelle,Puma,...os angolanos ganhavam todos os empregos inclusive os de taxi aereo, da chesfe e da eletrobrás! E nós os pobres pilotos brasileiros formados em aeroclubes do centro-oeste? Ficávamos nos aero-rurais da vida esperando alguém que tenha avião contratar um piloto para uma ou duas viagens! Muitas vezes voltavamos para casa de onibus e sem emprego, perdi as contas de quantas vezes viajei dois ou tres dias e dormia no avião, tomava banho de torneira esperando o dono da aeronave terminar seus negócios para poder voltar para casa. Eu trocaria de lugar com qualquer piloto da Gol,Tam, ou Varig que quisesse não voar mais de 85 horas por mês, sério mesmo, aviação é uma paixão!

Fred Mesquita disse...

Tiro do SEULLUNGA como minhas as palavras. Nunca deram e nunca derão direitos aos pilotos formados aqui no Brasil. Só o produto de fora que é valorizado. Muitas vezes mão de obra pouco treinada e/ou qualificada.