terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Portugal: suicida de Tires hesitou duas vezes

Deu dois tiros ao vizinho e telefonou a avisar que não ia conseguir chegar a horas

J. Oliveira, 69 anos, que se suicidou sexta-feira, depois de a avioneta em que seguia se ter despenhado em Tires (Cascais), hesitou duas vezes antes de embarcar. O aluguer do PAC 750 fora combinado com a empresa Get High, de Évora, duas semanas antes, e custaria 3750 euros. O voo estava combinado para a sexta-feira anterior, mas foi adiado devido às más condições climáticas. O ex-militar da Força Aérea apresentou-se como fotógrafo profissional; o percurso acordado seguia por Tires e Ponte de Sôr, regressando a Évora. "Disse que precisava de ir a Tires apanhar três japoneses amigos", conta Mário Pardo, director da empresa.

No dia do acidente, nova hesitação. Devia embarcar no aeródromo de Évora às 15h00, mas "ligou a dizer que estava atrasado; chegou às 16h00", conta o responsável. A essa hora já tinha alvejado o vizinho, em Fortios (Portalegre). Quis embarcar só com o piloto, mas foi impedido "por razões de segurança". Levava uma câmara de filmar profissional "das antigas, com cassetes" e um saco de viola - onde escondia a carabina. Por estar atrasado, o dono da empresa avisou que já não havia tempo para toda a volta. Mas a prioridade para o ex-militar "era chegar a Tires", conta Mário Pardo. Na empresa ninguém desconfiou. "Estranhei pagar tanto para ir a Tires, mas pensei que estivesse com algum cliente e quisesse dar ares de magnata."

J. Oliveira, natural da Beira Interior, é descrito pelos vizinhos como "instável". Depois de se reformar, emigrou para Macau, onde terá conhecido a mulher - de quem, segundo os vizinhos, se estaria a divorciar. De volta a Portugal, comprou casa em Fortios (Portalegre), "mas acabou por vendê-la e comprar um lote" a J. Garcia, militante da CDU e ex-ferreiro.

Por voltas das 14h00, o ex-militar terá disparado duas vezes contra J. Garcia, que sofreu ferimentos no rosto e no braço esquerdo e foi transportado para o Hospital de Portalegre - mais tarde transferido para São José, em Lisboa. Apesar de não comentar o caso, a nora da vítima adiantou ao i que J. Garcia "está a recuperar bem". Na origem do desentendimento estaria a venda do lote onde o ex-militar construiu a moradia onde vive há três anos.

Depois de atingir o vizinho, seguiu para o aeródromo (foto) num Hyundai que se incendiou no estacionamento, pouco depois de a avioneta descolar. Seguia no avião com o piloto sueco, Mikael Andersen, e dois pára-quedistas portugueses, coagidos a saltar pouco antes da queda. "O objectivo era, óbvio: sequestrar a avioneta", conclui Mário Pardo.

Fonte: Rosa Ramos (i-Online - Portugal) - Fotos: Agência Lusa

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