sexta-feira, 24 de julho de 2009

Câmara abre processo contra suspeitos de vender passagens

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), determinou ontem a abertura de processos administrativos contra 44 servidores e ex-servidores da Casa acusados de vender passagens aéreas da cota mensal dos parlamentares. O relatório da comissão de sindicância ficou pronto após 90 dias de investigações e traz indícios de envolvimento de deputados. Inicialmente, a Câmara divulgou que iria abrir processos contra 47 servidores e ex-servidores, mas corrigiu a informação.

No entanto, quem vai investigar a participação desses parlamentares - cujos nomes ainda estão sob sigilo - é a Corregedoria da Câmara. Isso porque a comissão de sindicância era formada por funcionários e não pode ouvir depoimento de deputados. O corregedor-geral, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), é quem terá que apurar se os deputados foram apenas citados ou participaram no esquema ilegal de venda de passagens.

No ofício do presidente Michel Temer, cópias do relatório da comissão de sindicância vão ser encaminhadas para o Supremo Tribunal Federal e para o Ministério Público Federal. O processo foi aberto depois que o presidente do Supremo, ministro Gilmar Mendes, solicitou providências sobre a denúncia de que ele teria viajando utilizando passagem da cota do deputado Paulo Roberto (PTB-RS).

O ministro apresentou comprovantes da compra do bilhete aéreo no cartão de crédito pessoal e o deputado informou que já suspeitava que um secretário parlamentar, responsável pelas passagens, estivesse vendendo parte da cota.

A comissão de sindicância foi criada para descobrir como e por que diversos agentes de viagens conseguiam comprar sobras de passagens aéreas de deputados e vendê-las para terceiros.

A crise das passagens começou quando o deputado Fábio Faria (PMN-RN) pagou passagens com a cota da Câmara para a ex-namorada, a apresentadora de TV Adriane Galisteu, a mãe dela e um funcionário particular. Fábio Faria foi inocentado das acusações, depois que o presidente Michel Temer recebeu dois pareceres, encomendados por R$ 150 mil, afirmando que antes não havia regras claras para o uso da cota de passagens aéreas. Outros parlamentares admitiram o uso da cota com familiares ou amigos, como o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e o deputado Eugênio Rabelo (PP-CE) - que usou a cota para a viagem de 27 jogadores, dois técnicos e três dirigentes do Ceará Sporting Club.

Fonte: Keila Santana (Terra)

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