A Aeronáutica começa a analisar nesta segunda-feira a caixa-preta e os destroços do bimotor King Air que caiu na última sexta-feira em Trancoso, no Sul da Bahia, matando 14 pessoas - quatro crianças e um adulto - e atingindo três gerações da família do empresário Roger Wright , ex-sócio do Banco Garantia e dono da Arsenal Investimentos. A caixa-preta da aeronave foi encaminhada para Recife e os motores serão analisados pelo Centro Técnico da Aeronáutica em São José dos Campos, no Vale do Paraíba, em São Paulo. Não está descartada a possibilidade de a caixa-preta ser remetida para análise no exterior.
Quatro funcionários da pista de pouso particular do condomínio Terravista, onde o empresário e sua família passariam o fim de semana, prestaram depoimento no sábado. O aeroporto funciona por comunicação de rádio. Eles viram as asas do avião balançarem pouco antes de a aeronave inclinar e cair, causando explosão. Para as quatro testemunhas que presenciaram o acidente, uma rajada de vento no momento do procedimento de pouso - o trem de pouso já havia sido acionado e travado - pode ter sido a causa da queda. Pouco antes, o piloto Jorge Lang Filho, 56 anos, havia entrado em contado com os operadores de pista e não havia relatado problemas. A Aeronáutica verificou as condições de iluminação da pista. Para os técnicos, não houve problemas por falta de sinalização. O piloto já havia pousado na pista particular outras vezes e o avião cuja manutenção deveria ter sido renovada no dia 14 de maio, estaria com a revisão em dia.
Os corpos estão sendo identificados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Salvador, por meio de arcada dentária e, se necessário, será feito exame de DNA. O enterro só ocorrerá depois da liberação de todos os corpos. Nove já foram identificados.
- Quem vai apurar as causas do acidente é a Aeronáutica, que vai avaliar a caixa-preta e os destroços da aeronave, mas as testemunhas relatam que não havia qualquer problema no voo ou no procedimento de pouso até, a cerca de 150 metros da pista - disse no sábado o delegado Evy Paternostro, coordenador Regional da Polícia Civil da Bahia, da 23ª Coordenadoria de Arraial d'Ajuda, que colheu os depoimentos.
Pelo menos dois funcionários do aeroporto privado do condomínio estavam na pista no momento do acidente e ambos relataram que o comandante do avião se comunicou por rádio com os operadores de pista, obteve autorização de pouso e já havia acionado o trem de pouso, perto da cabeceira, quando perdeu altitude e, logo após, recuperou altitude correta. Em seguida, já mais perto da cabeceira, balançou as asas e inclinou para um dos lados. Segundos depois, diz a testemunha, foi ouvido o barulho da queda e avistado o clarão da explosão vindo da área, que é de mata fechada.
- Pouco antes do acidente havia chovido. Segundo Paternostro, não há torre de controle na pista do condomínio privado. A comunicação entre pilotos e operadores é por meio de rádio e a sinalização de pista é feita pelos operadores, que se encarregam também de estender um tapete para recepção dos moradores do condomínio, que é de alto luxo.
"Ele baixou o trem de pouso, travou e, na hora que estava se aproximando, de uma hora para outra balançou as asas, inclinou, como se fosse uma rajada de vento, e caiu", contou um dos funcionários, que avistava o pouso enquanto estendia o tapete.
O avião decolou do Aeroporto de Congonhas com número maior de passageiros do que o recomendado pela fabricante da aeronave. Para o comandante Carlos Camacho, diretor de segurança de voo do Sindicato Nacional dos Aeronautas, se isso ocorreu, a aeronave deixou Congonhas em situação "ilegal". Porém, o fato de ter quatro crianças a bordo, a mais do que o relatado em Congonhas e recomendado, não seria suficiente para, sozinho, ter provocado a queda.
Veja fotos do acidenteFonte: O Globo / pe360graus / IBahia - Foto: divulgação