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Famílias dos jovens mortos no Morro dos Macacos tentam reconstruir a vida
Rita Fernandes está vazia por dentro. Maria da Costa carrega no peito um câncer alimentado por silêncio e dor. Suas vidas quebraram-se às 2h30m de 17 de outubro de 2009. Seus filhos e enteados - Marcelo da Costa Ferreira Gomes, Leonardo Fernandes Paulino, Francisco Hailton Vieira da Silva e Alcinei de Oliveira Justino - foram quatro vítimas inocentes da guerra no Morro dos Macacos. Não eram policiais ou bandidos. Morreram por estarem na Rua Petrocochino, uma das entradas da favela, no momento da invasão.
- Era aniversário do meu neto no dia seguinte. O Leo foi buscar os enfeites. O painel da festa (o tema era "Os Incríveis") foi metralhado. E ele perguntava: "Vó, e a minha festa"? O que podia falar? Ele viu o pai coberto por um pano. Estou morta, só não fui enterrada. Perdi 20 quilos. Perdi tudo. É uma tortura passar todos os dias por cima de onde meu filho morreu - desabafa Rita.
Leo havia saído com os irmãos Francisco Hailton e Francisco Halailton e o primo Marcelo no recém-comprado Peugeot 206 preto. Na volta para casa, encontraram o bonde do tráfico onde estariam os traficantes FB e Mica. Não tiveram tempo para erguer as mãos, sinal de paz. O carro, jamais periciado, ficou por 15 dias numa garagem até ser consertado e vendido.
Com 26 anos, experiente em departamento pessoal e técnico em informática, Leo viu que a violência não era algo virtual. Pai de um menino de 6 anos, ex-funcionário dos hospitais Amiu e São Victor e da Caixa Econômica Federal, ele era um homem dócil, agarrado à família e ao Botafogo, seu clube de coração. Amante do futebol, brilhou em campeonatos no Clube da Light, a pouco mais de um quilômetro do local onde morreu.
- Olho para o céu e pergunto se meu filho está me vendo... Quando quero beijá-lo, beijo meu neto - conta Rita. - Dizia a ele para matar a barata. Ele a pegava pelas patas e jogava pela janela. Não matava. Tinha pena. Esse era meu filho.
Vizinha de porta da prima Maria da Costa, Rita compartilha com a mãe de Marcelo o sofrimento e o tratamento psiquiátrico para síndrome do pânico e depressão. Maria tem dias em que mal consegue falar. Vítima de um câncer, retirou a mama. O que não sai da cabeça é a lembrança do dia em que o filho, vascaíno brincalhão, saiu para não mais voltar. A lata de leite condensado que ele usou para o último brigadeiro da vida ainda está em casa. A toalha com a qual a mãe limpou o rosto do filho morto ainda carrega o cheiro da cebola do cachorro-quente que ele amava. Procurada pelo EXTRA em quatro oportunidades, ela se derramava em lágrimas a ponto de não conseguir mais falar.
- Foram quarenta minutos entre sair vivo e ser morto. Ele dizia que queria morrer antes de mim. E foi... Outro dia, fui no INSS resolver a pensão, me fizeram exigências que eu olhei para a passarela e pensei em tirar a vida. Já tentei me enforcar - desespera-se Maria.
Além da morte do filho Marcelo, auxiliar de mecânico que investia seu dinheiro na ambição de ser enfermeiro, Maria da Rocha divide o sofrimento com o marido José Vieira do Nascimento, pai de Francisco Hailton e Francisco Halailton, o único sobrevivente do Peugeot, que carrega as marcas das violência física e emocional. Atingido por dois tiros de fuzil, o braço esquerdo está mais curto. De lá para cá, Halailton ouve com dificuldade. Assombrado pelo trauma, vive trocando de residência.
- É muito sofrimento - narra Maria.
Irmã de Alcinei Justino, de 22 anos, Marinéia Justino contou aos policiais da 20 DP que o irmão sofria de problemas mentais e epilepsia. Na Escola Municipal Rodrigo Melo Franco Andrade, no Andaraí, Alcinei tropeçava nos estudos. Vivia como ajudante de obras. Naquela noite, assustado com os tiros, tentou subir as escadas para a casa da irmã. Mas foi visto por bandidos e alvejado. Na contabilidade da Polícia Militar, Alcinei ainda consta como marginal morto.
- O que importa é a consciência da família - afirma Érica Justino, outra irmã de Alcinei.
Sem o bem mais precioso, os filhos, Maria e Rita buscam indenização do Estado para amparar pais e netos e, mais do que isso, poder comprar uma gaveta para guardarem os ossos dos rapazes.
- Não queremos largar os ossos dos nossos filhos em qualquer lugar. Uma gaveta custa R$ 3 mil ou 4 mil - clamam.
Fonte: Fernando Torres, Guilherme Amado e Guto Seabra (Extra) - Fotos: Gustavo Azeredo / Álbum de família / Reprodução / Gustavo Azeredo
Sobreviventes da queda do helicóptero narram sua dor
Um ano depois do ataque do tráfico ao helicóptero da PM no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, o jornal EXTRA apresenta histórias exclusivas sobre o episódio no especial 'O Dia do Abate' - parte 3.
Parentes dos mortos e sobreviventes do helicóptero carregam as marcas da tragédia
A pergunta veio do nada, bem do jeito das crianças, numa tarde recente:
- Vovó, cadê o papai?
Sogra do soldado Marcos Stadler Macedo, dona Lenilda aconchegou a neta no colo:
- Papai foi pro céu, virou uma estrelinha e está olhando pra gente.
Filha do cabo Marcos Stadler Macedo - ele foi promovido por bravura-, Mirella, uma menina de quase três anos, cabelo claro, olhos expressivos, ar de anjinho, correu para a janela, mas só viu o sol.
- Vovó, cadê a estrela?
A avó improvisou:
- Ela só aparece à noite, no espaço.
O casal Marcos e Denise Macedo sonhava em ter um filho. Tentaram, tentaram até a confirmação em meados de 2007. De lá até sua morte, ainda dentro do helicóptero, o homenzarrão de 1,90m, 39 anos, na época um soldado - a promoção para cabo só veio após a morte - com fama de sério e introvertido, ainda descobria a deliciosa novidade de ser pai.
- Quando a gente fez a ultrassonografia, ele olhou para mim, eu olhei para ele... Ele disse "me bateu uma emoção tão grande, eu queria menina mesmo" - lembra Denise.
Memórias também enchem a casa de Daniele Patrício, viúva do terceiro-sargento Izo Gomes Patrício, morto dois dias após a queda. Lá, só se fala no presente. "Izo é, Izo gosta, Izo veste". Ele ainda vive na casa da família Patrício. Na memória dos filhos, Igor e Larissa, na aliança de casamento que Daniele não tira, no juramento que seu irmão, Robson, também policial, fez no túmulo do irmão morto. Prometeu não compactuar com erros da PM.
Uma overdose de porta-retratos, empilhados sobre a estante envernizada da TV, colore a sala da casa. O rosto de Izo, brincalhão, sorridente, jeito de atleta, parece onipresente.
- Ter 90% do corpo queimado seria uma tortura, ele não suportaria a dependência - imagina, entre lágrimas, a mãe, Regina.
Mexer nas fotos da lua de mel com Edney de Oliveira Canazaro - na época, soldado do GAM; hoje, cabo -, é uma forma de Verônica Moreira ter o marido por perto. Viúva aos 27 anos, ela o teve por seis como namorado, mas só por cinco meses como marido. Haviam casado em 2 de maio.
- Um dia, ele chegou para mim e disse: "Mô, nunca imaginei que ia ser tão feliz".
Em comum, Marcos, Izo e Edney tinham o amor pela profissão. Uma vez, pousaram numa favela e crianças correram para abraçá-los. Sentiram-se heróis que vinham do céu. Hoje, alguns até podem duvidar, mas as famílias têm certeza. Heróis do céu ou estrelas do espaço, um dia, os três vão reencontrar quem hoje sente saudade.
Hoje terceiro-sargento, Anderson Fernandes carrega na pele o amor à farda. Usa macacão térmico para superar as queimaduras, não pode se expôr ao sol, teve que enxertar pele da coxa no braço. Sofreu o pão que o destino amassou, mas fala de tudo com leveza. Evangélico, fez da dor uma vitória, prega em cultos e dá testemunhos a quem quiser ouvir. O militarismo é uma religião.
Fica emocionado ao lembrar da visita do comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, e de sua mulher, a tenente-coronel Viviane Duarte, durante os 51 dias em que ficou internado. O militarismo é fidelidade. Fiel, aliás, é o nome da função que ocupava no Fênix 3. Era responsável por coordenar a tripulação.
- Não posso me abater. Estou ferido, não derrotado - conta, à espera de mais cinco anos até as queimaduras desinflamarem.
A paixão pela profissão também fez o hoje major Marcelo de Carvalho Mendes, copiloto do Fênix 3, sofrer a perda de três companheiros em sua primeira operação aérea. Mas a dor que mais o consome não tem gritos de desespero, tiros de fuzil ou labaredas de querosene. É quieta, mas dilacerante. Há 480 dias, sua mãe, Lúcia Helena de Carvalho, está em coma, após um acidente vascular cerebral.
Quando derrubaram o Fênix 3, Mendes só podia ter sobrevivido. Afinal, quatro meses antes, já havia sido abatido. Tão logo teve alta, o policial de 29 anos só encontrou a paz no colo de 65 anos da mãe. Chegou devagarinho ao leito do hospital, abaixou no pé da orelha e, mesmo no silêncio do coma, sentiu o que precisava. O militarismo é emoção.
- Choro quase todo dia. O acidente, já superei. Mas o estado da minha mãe, não.
Em Maceió, o outro Marcelo, piloto do Fênix 3, também tenta tocar a vida. Discreto, Marcelo Vaz é um anônimo nas ruas da capital alagoana, onde está estudando pela PM. Apontado como herói, ele recusa a alcunha. O militarismo é heroísmo.
- Prometi à minha esposa não aparecer mais em entrevistas. Essa coisa de herói foi uma invenção, só fiz a minha parte.
Fonte: Fernando Torres, Guilherme Amado e Guto Seabra (Extra) - Fotos (na sequência): Luis Alvarenga / Álbum de família / Bruno Gonzalez / Fábio Guimarães / Wania Corredo
Guerra no Morro dos Macacos após queda do helicóptero da PM
Um ano depois do ataque do tráfico ao helicóptero da PM no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, o jornal EXTRA apresenta histórias exclusivas sobre o episódio no especial 'O Dia do Abate' - parte 2.
No último voo do Fênix 3, o sorriso de todos sumiu
No fim da madrugada, a Grajaú-Jacarepaguá ainda está mergulhada numa neblina leve, herança da noite, que embaça os para-brisas dos carros. Naquele sábado não era diferente. De passagem por ali, levando a mulher e a filha para a casa da sogra, o soldado Marcos Stadler até podia não ter a melhor visão do caminho. Mas o som dos tiros chegava nítido. Reconheceu sem dificuldade a origem dos disparos. Vinham do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, bem perto dali.
- Hoje os meninos estão animados - brincou Marcos, referindo-se aos traficantes.
Tá entrando fumaça! Se o Vaz já perdeu o controle, eu já perdi também. Será que a gente vai morrer? O campo tá chegando, tá chegando. A gente vai cair. Meu Deus... A noite da véspera foi estranha para a mulher do soldado Edney Canazaro. Quando o marido foi deitar, pediu a companhia dela. Verônica conhecia aquele rosto há quase sete anos, mas, ao se enroscar nos braços do marido, achou tudo meio diferente.
- Mô, você tá mais bonito hoje - soprou ao mesmo ouvido que, cinco meses antes, em frente ao padre, ela havia dito "sim".
Canazaro e Stadler chegaram ao GAM cedo, às 7h, como de costume. O cabo Anderson Fernandes já estava lá. Morador de Santíssimo, na Zona Oeste, acordara às 4h30m para chegar ao trabalho. A baldeação em três ônibus tinha ajudado a dissipar um desentendimento da véspera com a mulher. Mas trabalho era trabalho. Vibração era palavra de ordem para quem se dispõe a guerrear pelo ar nas favelas cariocas.
Esse era o espírito do capitão Marcelo Mendes. Estava ansioso, pois agora estava apto a participar de combates em favela. Naquele dia, talvez surgisse uma oportunidade. Ele e o piloto Marcelo Vaz, capitão como ele - os dois entraram juntos na PM, em 2000 - preparavam o helicóptero Fênix 3 para o abastecimento no Aeroporto Santos Dumont.
A calma do dia foi quebrada por um sargento de 1,60m. Numa empolgação inversa à sua altura, Jefferson Cordeiro já estava no tal estado de vibração típico de quem serve no GAM.
- Tá tendo um problema nos morros dos Macacos e São João, uma invasão, troca de tiro, policial encurralado - contou Cordeiro, que, apesar do tamanho, representava com perfeição o tal ideal de vibração.
Logo depois, o coronel Eduardo Luiz, comandante do GAM, telefonou para Mendes.
- Decola pro Morro dos Macacos, para dar apoio. Faz contato com o telefone de alguém que esteja em terra - ordenou Luiz.
Foi Cordeiro que definiu quem seriam os quatro tripulantes que acompanhariam o piloto Vaz e o copiloto Mendes. Fernandes, Stadler, Canazaro e Patrício.
O cabo Izo Patrício já estava lá desde cedo. Quando dava tempo, aproveitava para correr antes do trabalho. Era um hábito antigo. Corria, malhava, jogava futebol. Aos 36 anos, parecia um garoto de 20.
Rola, Patrício. Rola! E se eu bater nele com o meu macacão? Não tenho mais o que fazer... Quase não tem mais colete, é só carne queimando. Deus, ajuda o Patrício. Prestes a decolar, Mendes ligou para o tenente Luiz Fernando Aca, do GAT do 6º BPM, desde a véspera no Macacos.
- Tamo ficando encurralado, sem munição. Ajuda a gente - Aca se desesperava.
Mendes correu na reserva de armamento e pegou duas caixas com 50 projéteis de fuzil 556 cada. Decolaram sem informações precisas. Não tinham ideia do que encontrariam. Numa ação orquestrada, traficantes de diversas favelas tentavam tomar o Macacos de seus rivais. A PM também estava lá.
Dizem que, em tempos de guerra, não há sol. No Rio, havia. Os raios das 8h30m já despontavam no horizonte. Vaz, à direita. Ao lado, Mendes assumiria se o chefe fosse atingido. Atrás, do lado direito, estavam Fernandes e Stadler. Na outra ponta, Patrício e Canazaro debruçavam-se para escolher o ângulo de tiro. A adrenalina já corria nas veias.
Vai ficar tudo bem. Tenho que passar tranquilidade para ele. A dor... As queimaduras...
Começaram o voo pela Radial Oeste, deram um rasante no Macacos e avistaram o grupo de Aca. Segundos depois, os dedos dos homens do Fênix 3 já apertavam os gatilho dos fuzis. Veio a recíproca dos traficantes, e um tiro entra pela porta direita. Perfura o banco e só para a quatro dedos da região lombar de Mendes. Patrício tinha visto o lugar de onde haviam sido feitos os disparos.
- Foi de uma casa. Eu vi, vamos voltar lá! - pedia, na última voltagem de excitação.
- Vaz, tô bem - alegou Mendes.
- Se eu disse que vamos sair, vamos sair.
Rumo ao Santos Dumont, Vaz testa o comando do helicóptero.
- Mendes, assume a aeronave, pra você estar pronto, caso a gente tenha que adotar algum procedimento de emergência.
Ainda no GAM, o sargento Luiz Afonso Xavier havia orientado a equipe do Fênix 2 para ficar de prontidão. Além de Cordeiro, decolariam os cabos Nilson Gonçalves e William Xavier, e o major Miguel Ramos. Afonso era um dos mais antigos do GAM. Fez contato com o Fênix 3 e decidiu ir ao Santos Dumont para discutir a volta ao Macacos.
- Aí, Mendes, estreou com tudo, hein! - os amigos encarnavam no novato.
- Pô, lá é muito pior, hein?
Mal o Fênix 2 chega ao Santos Dumont, Cordeiro recebe pelo rádio a notícia de que André Guedes, do 6 BPM, estava ferido. Tinham de voltar para a guerra.
- Ele é gordo? Leva pro alto do morro.
O resgate foi rápido. Deixaram Guedes no Batalhão de Choque, o clima bem mais tenso. Discutiram se deveriam voltar. Patrício ainda não tinha conseguido encontrar a tal casa de onde saíra o tiro.
- Parece que a situação lá está mais tranquila - disse um dos tripulantes.
- Situação de combate em favela nunca é tranquila - alertou Afonso, um dos mais experientes do grupo.
Sem saber por que, Afonso pega sua câmera e tira uma foto da tripulação da Fênix 3. Vaz, Mendes, Canazaro, Patrício, Stadler e Fernandes. Segundos antes de decolar, no último voo do Fênix 3, o sorriso de todos sumiu.
Tenho que sair daqui, voltar pra casa. Que voz é essa? Tudo bem, vou sair, vou sair...
Do alto do Fênix 3, os quatro praças escrutinavam cada metro da favela.
- Cuidado, não sai atirando. Tem policial no mato - dizia Vaz, precavido.
- Ali! Ali! Tem mais de 20 vagabundos.
- Tem mais, tem mais!
Os bandidos se protegiam por trás de uma imensa pedra. Mas os seis homens do Fênix 3 só viram os traficantes tarde demais. Agora, eram cerca 30 bandidos contra seis PMs.
- Atira, atira! É pra derrubar as duas - ordena um dos traficantes do grupo.
Fernandes leva um tiro no fêmur. Canazaro tenta ajudá-lo e é atingido na cabeça. A chuva de tiros também silencia Stadler.
De dentro do Fênix 2, mais desespero:
- A traseira de vocês tá pegando fogo!
Seis tiros atingem o Fênix 3: a pá, a base das pás, a parte de baixo e a frente do helicóptero. Lutando para manter o comando, Vaz avista um campo de futebol para pousar. É a Vila Olímpica do Sampaio. Joga para a direita, tenta controlar a perda de altura e consegue, tudo em 40 segundos. A cauda partida, o helicóptero tomba para a esquerda. O calor cresce e tudo vira uma panela. O cheiro de carne queimada empesteia o ambiente.
Ao ver a queda do Fênix 3, Afonso ignora o risco e mergulha na mesma direção.
-Vamos preparar pra desembarcar - ordena, aos berros, Afonso. - Pega o extintor - a ordem sintonizava no desespero.
Cadê Stadler? Canazaro? Protege os dois, protege eles, Deus...
O capacete de Mendes sai na velocidade com que ele deixa o helicóptero. O macacão ainda pega fogo, ele manca devido ao tiro no pé esquerdo. Cai sentado e, com a ajuda de Vaz, apaga as chamas. Com destreza, o piloto havia saído atrás dele. Vaz procura Fernandes. O "fiel" do Fênix 3 ainda estava lá dentro.
Fernandes briga com o cinto, o fogo queima seu braço. Ferido na perna, tudo é mais difícil. Mas tem que sobreviver. Tinha que fazer as pazes com Elisângela, sua mulher. Mas, como ia sair dali? Fernandes ouve uma voz. É Deus, ele tem certeza.
- Levanta, fica em pé e sai da aeronave - Ele diz. Era um milagre.
Fernandes consegue sair, mas o fogo lambe metade de seu corpo. Os homens do Fênix 2 correm em direção ao 3 e ajudam a tirar o policial de perto do fogo. As labaredas crescem e todos saem de perto, com medo da explosão.
- Fernandes, vai lá ajudar o Patrício.
- Mendes, não dá. Eu tô baleado.
Não está só baleado. As coxas, o braço direito e a barriga queimaram.
Com esforço, Patrício sai pelo espaço entre a aeronave e o chão. Era dali que vazava o combustível. Agoniza, encharcado de querosene. Todos lutam para apagar o fogo do amigo, à medida que o cheiro de carne queimada se alastra. Rastejando, envolvido numa bola de fogo, o homem berra por ajuda.
- Arranca o meu colete! Arranca!
Vaz queima a mão tentando apagar o fogo de Patrício. Instantes depois, os traficantes do São João recomeçam a atirar. Os homens do Fênix 2 trocam tiros e defendem o grupo. O som da munição explodindo dentro do Fênix 3 faz os traficantes fugirem.
- Não liga pra minha família, vai assustar - Patrício fala, com clareza.
Alegando haver risco, os bombeiros se recusam a voar até lá para o resgate. O major Ramos e o cabo Gonçalves erguem o pesado Patrício e o carregam até o Fênix 2. Voam para o Hospital da Força Aérea. O socorro por terra chega aos poucos. Prestes a partir, os olhos de Vaz percorrem o campo. Era verdade: Canazaro e Stadler não tinham escapado.
Habituados a deixar os combates em favela pelo ar, naquele dia os seis saíram por terra. Vivos ou mortos, todos de cabeça erguida.
Fonte: Fernando Torres, Guilherme Amado e Guto Seabra (Extra) - Fotos (na sequência): Reprodução / Pablo Jacob / Reprodução de vídeo / Bruno Gonzalez
Cúpula da segurança pública do Rio subestimou o tráfico
Um ano depois do ataque do tráfico ao helicóptero da PM no Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro, o jornal EXTRA apresenta histórias exclusivas sobre o episódio no especial 'O Dia do Abate' - parte 1.
Um telefonema para o gabinete do comandante do 6º BPM (Tijuca), coronel Fernando Príncipe, revela: traficantes da maior facção criminosa do Rio se preparam para invadir o Morro dos Macacos, em Vila Isabel. "Será uma ação com muitos homens", ressalta o informante. O aviso sobe a hierarquia e chega ao comandante do 1º Comando de Policiamento de Área (CPA), coronel Marcus Jardim, e ao chefe do Estado Maior Geral da PM (EMG), coronel Álvaro Garcia. Ainda faltam cinco horas para o tiroteio começar. A polícia sabe, mas trata o conflito iminente como apenas mais um. Naquele mês, houve outras cinco guerras de facções. Dar àquela invasão ao Morro dos Macacos um tratamento superficial foi o primeiro de uma série de equívocos que resultou no abate do Fênix 3, helicóptero do Grupamento Aero-Marítimo da Polícia Militar (GAM), na morte de três dos cinco tripulantes.
Por volta das 17h, escuta telefônica feita por uma delegacia da Polícia Civil detecta a movimentação dos bandidos do Complexo da Penha. O então diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC), Ronaldo Oliveira, é avisado e repassa o alerta ao subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança, Rivaldo Barbosa. Não são produzidos relatórios de inteligência (Relints) por causa da urgência da notícia. A comunicação é feita por celular e radiostransmissor. Mas a Polícia Civil, apesar de saber, não aciona delegacias ou a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
Enquanto o major João Jacques Busnello organiza o cerco, sob as ordens de Príncipe, outro informante da polícia revela que o grupo invasor está sendo comandado pelo chefe do tráfico da Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Fabiano Atanasio da Silva, o FB. Ele quer os pontos de venda de drogas do Macacos e, para entrar ali, vai passar pelo Morro do São João, no Engenho Novo, dominado por sua facção e vizinho de seu alvo. O acesso a essa comunidade, mesmo sendo o atalho óbvio, foi ignorado pelo planejamento da PM, que olhou apenas para um lado do maciço de favelas e esqueceu o outro, na área do 3º BPM (Méier).
- A estratégia estava pronta desde a noite de sexta, mas a intensidade da invasão foi surpreendente - admite Busnello.
O comandante do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 6º BPM, tenente Luiz Fernando Aca, prepara duas equipes, com dez PMs cada. Uma vai para o Macacos e outra para o Morro da Casa Branca. O Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque) envia oito carros em apoio: três (12 PMs) em apoio ao GAT e cinco (20 PMs) à Favela do Arará, dominada pela mesma facção do bando que está partindo para o Macacos. É evidente que a favela não será tomada pelo grupo. São 20h e traficantes do São João, reforçados por Mangueira, Jacarezinho, Manguinhos, Mandela, Vila Cruzeiro, Alemão, Arará e Matriz começam a entrar na terra inimiga. "Às 3h, cinco policiais escutaram disparos vindos do Cruzeiro. Segui com o blindado e não vi traficantes. Saí e esperei clarear", revela Aca, em depoimento.
Enquanto a polícia arrisca, 150 bandidos armados estão prontos para o confronto. Tiros de reforço vêm dos morros do Quieto e do Encontro. Já na manhã de sábado, o caveirão do 6º BPM sobe. Aca se junta aos comandados. Na quadra da Matinha, divisa do Macacos com o São João, FB passa orientações a seu bando, que vai à caça de rivais e policiais. O tenente conta o sufoco: "A equipe começou a ter problemas com armamento. Fuzis apresentaram pane, não sendo possível usá-los". Ele pede ajuda e Jardim determina o apoio do GAM. São três viagens até o Fênix 3 cair, em chamas, na Vila Olímpica do Sampaio.
O abate é o estopim do caos. A fumaça passeia pela cidade, com dez ônibus e um carro incendiados. A Polícia Civil convoca uma reunião. As portas da sala do chefe Allan Turnowski, à Rua da Relação, estão fechadas. O diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada, Rodrigo Oliveira, quer invadir as favelas e partir pra cima dos traficantes. Outro delegado da cúpula pondera e lembra que será difícil segurar a tropa: há risco de matança. Turnowski, que está há seis meses como chefe, decide não invadir favelas. Policiais civis de folga são chamados para cercar Manguinhos, Jacarezinho, Mangueira e Complexo da Penha, pois novos bondes querem sair para reforçar o São João.
O 3º BPM vai às ruas, segundo o depoimento do soldado Willian Noronha - corroborado por um oficial da unidade, somente às 9h30m de sábado. Se junta ao 6º BPM, 9º BPM (Rocha Miranda), BPChoque e Batalhão de Operações Especiais (Bope). Um entra na área do outro. O caos leva à formação do gabinete de crise, na sala do comando do 6º BPM, à Rua Barão de Mesquita. Quinze dias antes, o Rio fora escolhido sede das Olimpíadas de 2016. "Como está o Patrício, do Fênix 3?" e "O que o mundo vai pensar disso tudo?" são as preocupações. O comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, inicia a operação Grande Cerco. O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, admite que tinha conhecimento da invasão, mas seu chefe o desmente. Mais de 48 horas, um Fênix abatido e 13 pessoas mortas depois, o governador diz que ninguém sabia.
- Não temos essa informação de que a polícia sabia. Nessa hora, o que mais tem é palpiteiro. Toda hora que estressa, aparecem os urubus para gerar um clima em torno do assunto que estamos tratando com a maior seriedade. Eu e Mariano não temos a informação de que a policia sabia - declarou Sérgio Cabral, na manhã de segunda-feira, dia 19.
Fonte: Fernando Torres, Guilherme Amado e Guto Seabra (Extra) - Fotos (na sequência): Cléber Júnior / Ricardo Leoni / Reprodução
O sonho de Ícaro era voar até o Sol, mas a cera das asas construídas pelo personagem da mitologia grega derreteu com o calor do Astro Rei, despencando o sonhador do seu intento. Bem mais modesto, o empresário de Campo Grande Luis Fernando França da Nova, já vivencia o sonho de estar nas nuvens, e em um projeto bem mais econômico.
Luis Fernando França da Nova, empresário do ramo de máquinas e gasodutos, de 51 anos, já pilota aviões há mais de 20 anos. Ele idealizou e construiu o primeiro avião tripulado com motor a diesel, uma fórmula de baratear os custos dos voos.
“Pensei em criar o avião com motor automotivo movido a diesel por conta do custo do combustível, da manutenção e da durabilidade. O projeto tem quatro anos e ainda não está finalizado. Mas já avançamos muito”, explica Luis Fernando.
O projeto do empresário possui espaço para dois passageiros e carrega até 100 quilos de carga. A economia com o motor a diesel chega a 75%. “A gasolina de aviação custa em média R$ 4,00, enquanto o diesel vale R$ 2,00. além disso, o motor consome 17 litros por hora de voo, enquanto para utilizar a gasolina são necessários 25 litros por hora.
“Fiz voos experimentais para Cuiabá e Ponta Porã com resultados interessantes. Muitos pecuaristas deixaram de usar aviões para chegar até sua propriedade”, diz o empresário.
Luis Fernando usa o nome de uma figura pantaneira para ilustrar o custo de voo. “Tem quem diga que um avião é uma onça, pois ‘come’ um bezerro para ida e outro na volta”, esclarece, citando o valor de um bovino em combustível.
O motor a diesel ainda tem custo de manutenção menor e as peças são as mesmas utilizadas em automóveis. “Estou nas nuvens, mas sei que meu bolso não está indo pro espaço”, diverte-se Luis Fernando.
O avião, ultraleve experimental Conquest 180, prefixo PU-LFN, tem até o momento 300 horas de voo. Para ser considerado plenamente testado, são necessárias 1.000 horas no ar.
A paixão de Luis Fernando pela aviação começou quando passava pela BR-163, na saída para São Paulo. “Um dia vi um pequeno avião no céu e pensei que também poderia voar. Passei a frequentar o aeroporto e fui aprendendo”.
Seu primeiro avião foi comprado em 1984, um ultraleve semelhante ao modelo usado pelo pai da aviação, Santos Dumont. Hoje, Luis Fernando tem mais de quatro aeronaves.
Fonte: Jorge Almoas (campogrande.news.com.br) - Foto: João Garrigó
Uma estratégia seria enviar inicialmente quatro astronautas, dois em cada uma de duas espaçonaves, ambas com módulo de pouso e com suprimentos suficientes - Imagem: NASA/JPL
Voos tripulados
Quando Barack Obama tomou posse, ele afirmou que era preciso rever os projetos de voos tripulados da NASA.
Embora tenha dito que poderia ser possível enviar o homem a Marte até 2030, o efeito mais imediato da nova política espacial da NASA foi o cancelamento do projeto de retorno à Lua.
Com um mero passeio lunar cada vez mais distante, e com as decepcionantes dificuldades que a própria NASA demonstrou na execução do projeto Constelação, que nada mais era do que um upgrade da histórica Apolo, ir a Marte ou a qualquer outro planeta parece um sonho cada vez mais distante.
Viagem sem volta a Marte
Mas talvez haja uma alternativa, uma missão que seja mais simples e mais barata e que viabilize a chegada do homem a Marte.
Para isso, basta que seja uma viagem sem volta, ou seja, uma viagem para astronautas que aceitem o desafio de ir para Marte sem qualquer plano de voltar à Terra.
Esta é a proposta de Dirk Schulze-Makuch, da Universidade do Estado de Washington, e do renomado Paul Davies, da Universidade do Estado da Flórida, ambas nos Estados Unidos.
Eles acabam de delinear como seria uma missão sem volta a Marte em um artigo publicado na revista científica Journal of Cosmology, chamado To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars - Para Audaciosamente ir: Uma Missão Humana sem Retorno a Marte, em tradução livre. O "audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais foi antes" é a marca registrada do seriado Jornada nas Estrelas.
Os dois físicos consideram que, embora tecnicamente factível, uma missão tripulada de ida e volta a Marte é improvável num horizonte de tempo razoável - principalmente, segundo eles, porque seria um projeto incrivelmente caro, tanto em termos financeiros quanto em sustentação política.
E, como a maior parte do gasto está ligado à necessidade de trazer os astronautas de volta em segurança, uma missão só de ida poderia não apenas reduzir os custos a uma fração do projeto inicial, como também marcar o início da colonização humana de longo prazo do planeta.
Colonização de Marte
Marte é o alvo mais promissor para uma colonização humana porque ele é muito similar à Terra: possui uma gravidade moderada, uma atmosfera, "água abundante", dióxido de carbono e uma infinidade de outros minerais essenciais.
Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta - Imagem: NASA/JPL
É o segundo planeta mais próximo da Terra, depois de Vênus, e uma viagem a Marte levaria apenas seis meses, usando a opção de lançamento mais favorável e a atual tecnologia dos foguetes químicos.
"Uma estratégia seria enviar inicialmente quatro astronautas, dois em cada uma de duas espaçonaves, ambas com módulo de pouso e com suprimentos suficientes, para estabelecer um único posto avançado em Marte. Uma missão só de ida a Marte seria o primeiro passo para o estabelecimento de uma presença humana permanente no planeta," explicou Schulze-Makuch.
Embora afirmem que seria essencial que os astronautas fossem voluntários, Schulze-Makuch e Davies ressaltam que não estão propondo que os pioneiros espaciais sejam simplesmente abandonados à própria sorte em Marte - eles propõem uma série contínua de missões, suficientes para dar suporte à colonização de longo prazo.
Terráqueos marcianos
"Teria de fato muito pouca diferença dos primeiros pioneiros brancos que foram para o continente norte-americano, que deixaram a Europa com poucas expectativas de retorno," diz Davies.
"Exploradores como Colombo, Frobisher, Scott e Amundsen, embora não embarcassem em suas viagens com a intenção de se fixar em seus destinos, de qualquer forma assumiam riscos pessoais gigantescos para explorar novas terras, sabendo que havia uma probabilidade significativa de que poderiam morrer na tentativa."
Rocha com um desenho que lembra um crânio humano, encontrada em Marte - Imagem: NASA/J.P.Skipper/Eduardo Lucena
Embora proponham que os colonos espaciais comecem logo a cultivar e explorar os recursos do próprio planeta, os cientistas afirmam que eles poderiam receber periodicamente suprimentos enviados da Terra.
E eles vão audaciosamente ainda mais longe: o posto avançado poderia se tornar autossuficiente e se tornar uma base para um programa de colonização espacial ainda maior, de onde os "terráqueos marcianos", ou mesmo terráqueos de nascença, poderiam partir para ir mais longe.
Seguro contra catástrofes
Os cientistas afirmam que o primeiro passo para a missão sem volta seria a seleção de um local adequado para a colônia, que preferencialmente tenha uma caverna ou outro relevo que sirva de abrigo, assim como recursos nas proximidades, como água, minerais e nutrientes para agricultura.
Áreas apontadas pelos pesquisadores como promissoras para a primeira colônia humana em Marte, por conterem cavernas e relevo capaz de funcionar como proteção para os colonos espaciais - Imagem: Schulze-Makuch/Davies/NASA
Marte não tem uma camada de ozônio e nem uma magnetosfera que proteja contra a ionização e os raios ultravioleta. Por isso, uma caverna seria muito importante. As cavernas marcianas também poderiam conter depósitos de gelo em seu interior, embora isso ainda não tenha sido comprovado.
O artigo sugere que, além de oferecer um "bote salva-vidas" no caso de uma mega-catástrofe na Terra, uma colônia em Marte seria uma plataforma inigualável para pesquisas científicas. Os astrobiólogos acreditam que é grande a probabilidade de que Marte tem ou já teve vida microbiana, e que seria uma oportunidade imperdível estudar uma forma de vida alienígena e um segundo registro evolucionário.
Espírito explorador
Embora acreditem que a estratégia para colonizar Marte com missões sem retorno coloque o projeto, financeira e tecnologicamente, ao alcance das possibilidades atuais, Schulze-Makuch e Davies afirmam que a ideia precisará não apenas de um grande esforço de cooperação internacional, mas também exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra.
A colonização de Marte exigirá o retorno o espírito explorador e do ethos de assumir riscos do período das grandes explorações na Terra - Imagem: NASA/JPL/John Olson
Segundo eles, ao levantar a ideia entre seus colegas cientistas, vários deles manifestaram a intenção de se inscreverem como voluntários para tal missão.
O próprio Schulze-Makuch afirma que seria o primeiro voluntário a se inscrever no projeto - mesmo reconhecendo o fato de que, quando tal missão estivesse pronta para partir, ele certamente não teria mais idade para embarcar.
"Pesquisas informais feitas após palestras e conferências sobre a nossa proposta mostraram repetidamente que muitas pessoas gostariam de se voluntariar para uma missão sem retorno, tanto por razões de curiosidade científica, quanto por um espírito de aventura e de cumprir o destino da humanidade," afirmam eles.
Bibliografia:
To Boldly Go: A One-Way Human Mission to Mars Dirk Schulze-Makuch, Paul Davies Journal of Cosmology October-November, 2010 Vol.: 12, 3619-3626 http://journalofcosmology.com/Mars108.html
O Embaixador dos EUA no Japão, John Roos (esquerda) e o Ministro dos Transportes do Japão, Sumio Mabuchi
As autoridades japonesas e americanas assinaram nesta segunda-feira o acordo "open sky" (céu aberto), que permite às companhias aéreas dos dois países organizar livremente o tráfego de um lado a outro do Pacífico.
O acordo "open sky" permite às companhias aéreas dos dois países ajustar o número de voos oferecidos. Até o momento a possibilidade era limitada em virtude de antigos acordos bilaterais prejudiciais aos japoneses.
A United Airlines, a Continental e a All Nipon Airways receberam a imunidade anti-truste do Ministério do Turismo do Japão, conforme exigência da Lei de Aeronáutica Civil para o estabelecimento de uma joint-venture combinando as redes aéreas. O Departamento de Transportes dos Estados Unidos já havia concedido a permissão no inicio do mês (dia 6).
Com a aprovação provisória da IAT e a conclusão do acordo de ‘céu-aberto’ entre os Estados Unidos e o Japão, as três empresas aéreas poderão iniciar a implementação da joint-venture já na primavera de 2011, ainda no primeiro trimestre. Serão disponibilizadas em conjunto os horários de voos e atividades comerciais de venda dos bilhetes.
Os programas de fidelidade das companhias aéreas atraem cada vez mais passageiros, algumas pessoas, inclusive, concentram todos os gastos no cartão de crédito só para acumular pontos. Entretanto, muitos clientes só descobrem as limitações impostas pelas empresas de viagem na hora de comprar as passagens usando milhas.
As companhias aéreas criaram os programas de milhagem para garantir a fidelidade dos clientes, e cada empresa tem suas próprias regras. Mesmo sem nenhuma lei que regulamente esses programas, o Código de Defesa do Consumidor garante alguns direitos ao cliente.
De acordo com o Idec (Instituto de Defesa do Consumidor), se o consumidor não consegue usufruir, há o que o código chama de descumprimento de oferta. Se fez a ligação no tempo que a empresa indicou, ele pode exigir um assento disponível a ele. Portanto, ele tem o direito de usufruir o programa de milhagem.
Para não mudar os planos da próxima viagem, é importante evitar feriados e períodos de alta temporada, entre junho e agosto, e entre dezembro e março. Evitar usar as milhas para destinos que ofereçam pacotes pelas agências de viagens, que na maioria das vezes saem mais barato, também é recomendável.
Além disso, antes de transferir os pontos do cartão de crédito para o programa de fidelidade, é importante confirmar se há vaga para o destino escolhido. Outra dica importante é ler todas as regras do programa e conferir o extrato de pontos da companhia. E, se mesmo assim algum imprevisto ocorrer, o consumidor não deve deixar de registrar queixa.
Fonte: Jornal da Band - Imagem: viajaroperadora.com.br
O sistema treinará os pilotos do AS350 no centro da American Eurocopter, em Dallas (Texas)
Trata-se do sistema de treinamento mais avançado tecnologicamente que existe para os helicópteros monomotores
A Indra reforça sua posição no mercado de simulação civil, um setor onde a demanda está crescendo
A Indra, uma das principais multinacionais de Tecnologia da Informação da Europa e América Latina, entregou para a American Eurocopter um simulador de helicóptero AS350 para vigilância policial. A companhia implantou o sistema no centro de treinamento do fabricante de aeronaves em Dallas (Texas). O preço aproximado no mercado de um sistema deste tipo gira em torno de US$ 6 milhões.
Os requisitos que foram estabelecidos pela American Eurocopter para o desenvolvimento do sistema fazem com que este seja um simulador para helicópteros de um único motor, os mais avançados tecnologicamente do mundo. Sua missão é formar os pilotos de um dos helicópteros de vigilancia mais utilizados nos EUA. Existem atualmente mais de 750 aeronaves deste tipo em serviço apenas neste país. Por exemplo, as polícias de Washington, Los Angeles, Atlanta e Dallas, entre outros, contam com estes dispositivos.
O simulador da Indra também é o primeiro nos EUA que incorporará uma solução para treinamento em ambientes táticos civis. Esta funcionalidade facilita a preparação dos pilotos para realizar operações policiais comuns em áreas urbanas. Podem fazer, por exemplo, exercícios de apoio de efetivos terrestres, escolta de pessoas ou seguir veículos suspeitos, entre outros, todos recriando a comunicação e coordenação que matem com o comando.
A aviônica e os sistemas de navegação que integram o simulador são os mesmos do helicóptero real. Quanto ao sistema visual, proporciona uma visão de 210° e um alto nível de detalhe dos cenários, já que, por se tratar de uma aeronave que voa em muito baixa altura, os gráficos reproduzem as ruas e edifícios com muita precisão. O simulador dá a opção de treinar em condições meteorológicas diferentes e em modo noite.
Este contrato foi fechado depois que a Indra havia entregue previamente a American Eurocopter simuladores de helicópteros EC135 e EC145. A fabricante de aviões contratou o desenvolvimento desse novo sistema depois de ter testado os simuladores da Indra, o que comprova a sua satisfação.
Crescente presença na simulação de helicóptero
Esse projeto reforça a posição da Indra no mercado internacional de simulação civil e estreita sua relação com a Eurocopter, uma das principais fabricantes mundiais de helicópteros.
De fato, a demanda por soluções de treinamento para helicópteros tem crescido progressivamente nos últimos anos, devido às autoridades internacionais estarem estabelecendo normas cada vez mais exigentes em matéria de formação. Esta medida está associada com um crescente esforço realizado pelas empresas que operam helicópteros para melhorar a preparação dos seus pilotos e elevar os níveis de segurança.
O contrato para o desenvolvimento do AS350 se soma a outro, recentemente fechado, para desenvolver o simulador EC225, com a qual se treinarão os pilotos que transportam passageiros e equipamentos para plataformas de petróleo no Mar do Norte. A empresa também entregou os simuladores de helicópteros EC 135, um versátil helicóptero civil de uso policial para Alemanha e Polónia, além do centro da Eurocopter, em Dallas.
Simulação Civil
A Indra é uma das principais fabricantes de simuladores em nivel mundial, com mais de 25 anos de experiência. Desenvolver sistemas de treinamento para os aviões, trens, metrôs, ônibus e outros veículos, assim como para máquinas pesadas, entre outros.
Dentro da simulação aeronautica, a Indra tem sido capaz de transferir a sua liderança e conhecimento como desenvolvedora de simuladores militares tecnológicamente de ponta- como o Harrier AV 8B, entregue ao US Navy, da Eurofighter e o helicóptero Tigre-, para o campo civil. Neste sentido, destaca-se o sistema recentemente desenvolvido para areronaves de passageiros ATR 72, a mais avançada que existe atualmente deste modelo, e do Airbus-320.
Indra
A Indra é uma das principais multinacionais de Tecnologia da Informação da Europa e América Latina. É a primeira companhia europeia de seu setor em investimentos em P&D. Em 2009 suas vendas superaram os US$ 3.550. Conta com mais de 30.000 profissionais e com clientes em mais de 100 países.
Indra no Brasil
A Indra está presente no Brasil desde 1996, conseguindo ao longo destes anos, uma sólida posição nos mercados de administração pública, telecomunicações e indústria e consumo.
A companhia se destaca no país pela sua experiência no mercado de energia e utilities, onde a multinacional tem se posicionado como referência, apontando o crescimento de seus profissionais e tecnologia de ponta. No Brasil possui uma ampla cobertura no território nacional, somando mais de 40 clientes.
Do mesmo modo, a Indra trabalha no Brasil com importantes companhias de setores como telecomunicações e indústria e consumo, além disso, mantém contrato de BPO com importantes companhias aereas do país.
Fonte: Edna De Divitiis (segs.com.br) - Imagem: Reprodução
Agência espacial norte-americana publica vídeo ao vivo de seus engenheiros trabalhando em veículo
Quem é fã de viagens espaciais agora já pode ficar um pouco mais por dentro do que acontece nos laboratórios da Nasa. A agência espacial americana lançou um canal de vídeo online que transmite ao vivo a construção de um veículo terrestre que será usado para explorar o terreno de Marte, em viagem programada para agosto de 2012.
Engenheiros da Nasa são vistos em laboratório durante transmissão ao vivo
O veículo, batizado de Curiosity, é do tamanho de um carro e tem seis rodas, pesando mais de 900 quilos. Ele é duas vezes mais longo e cinco vezes mais pesado que o Spirit e o Opportunity, últimos veículos de exploração produzidos pela Nasa.
A câmera, colocada no alto do laboratório principal de construção do Curiosity, mostra os engenheiros trabalhando entre 11h e 16h (horário de Brasília), de segunda a sexta. Eles usam macacões brancos, com luvas e toucas, para evitar que qualquer partícula não desejada seja enviada para Marte "de carona" no veículo.
Para assistir ao trabalho dos engenheiros, basta acessar o site streaming de vídeo da Nasa e torcer para flagrar alguma ação. Na maior parte do tempo, só é possível observar o veículo aguardando a chegada dos engenheiros.
O Curiosity deve iniciar sua viagem para Marte no final de 2011 e deve chegar ao planeta somente em agosto de 2012. Lá, ele irá recolher e analisar dezenas de amostras de rochas encontradas no solo do planeta.
A principal missão do veículo será a de procurar áreas de Marte para condições favoráveis, no passado ou no presente, para a reprodução de vida animal. Para isso, ele vai levar a tecnologia mais avançada já usada na superfície do planeta até o momento. A câmera que transmite sua construção ficará online e disponível para todos os internautas durante todo o ano.
A nave de carga russa Progress M-05M se desprendeu hoje da Estação Espacial Internacional (ISS, por sua sigla em inglês) para começar uma missão científica de três semanas, informou o Centro de Controle de Voos Espaciais (CCVE) da Rússia.
"A Progress M-05M se soltou do módulo russo ''Pirs'' da ISS às 18h25 no horário local (12h25 de Brasília) e seguirá em órbita de maneira autônoma até 15 de novembro, quando afundará no oceano Pacífico", afirmou o porta-voz oficial do CCVE, Valeri Lindin, citado pela agência "Interfax".
A quinta nave de carga da série Progress-M chegou à plataforma internacional em 1º de maio, quando se desprendeu após uma falha no sistema de acoplamento automático.
O lugar que ela deixará será ocupado no sábado pela Progress M-08M, cujo lançamento a partir da base de Baikonur, no Cazaquistão, está previsto para a próxima quarta-feira às 13h12 (horário de Brasília).
A nova nave levará alimentos, água potável, oxigênio, combustível e equipamentos de informática até a plataforma espacial, destacou Lindin.
Segundo o CCVE, a Progress M-05M participa do experimento geofísico russo "Otrazhenie", que tem como objetivo estudar as características refratoras da nave, assim como a transparência da atmosfera.
Outras três naves de carga já tinham sido utilizadas com fins científicos no experimento antes de seu afundamento no Pacífico.
A atual tripulação da estação espacial é integrada pelos cosmonautas russos Fiodor Yurchikhin, Aleksandr Kaleri e Oleg Skrípochka e pelos americanos da Nasa (agência espacial americana) Scott Kelly, Doug Wheelock e Shannon Walker.
A Nasa (agência espacial americana) lançará o ônibus espacial Discovery rumo à Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) pela última vez em 1º de novembro, confirmaram encarregados da missão esta segunda-feira.
A decisão foi tomada depois de uma reunião entre estes funcionários no Centro Espacial Kennedy para determinar se a nave e seus seis tripulantes estão prontos para o lançamento previsto para as 20h40 GMT (14h40 de Brasília) da Flórida (sul), segundo um comunicado publicado no site da Nasa na internet.
Este será o quarto e último voo de um ônibus espacial este ano e o último do Discovery.
A Nasa tem programados oito lançamentos com destino à ISS até o fim de fevereiro. Depois, resta oficialmente a última missão do programa, antes de as três naves da frota de ônibus espaciais irem para um museu.
Mas o orçamento de 2011 da Nasa, recentemente aprovado pelo Congresso e assinado pelo presidente Barack Obama, deixa a porta aberta para um voo adicional, que poderá ocorrer em junho de 2011.
A missão da tripulação de seis astronautas americanos, entre eles uma mulher, é levar o módulo de carga multifuncional Leonardo, projetado para ser anexado permanentemente à ISS de forma a oferecer um volume adicional de armazenamento.
O Discovery também levará em seu compartimento de carga o Robonauta 2, primeiro robô humanóide enviado ao espaço e que se tornará um hóspede permanente da estação orbital.
Nesta segunda-feira (25), o avião que realizava o voo JJ 3574 da TAM (Brasília-Rio Branco) teve de retornar ao Aeroporto Juscelino Kubitschek, na capital federal, uma hora após decolar. Em nota, a TAM informou que o avião teve de voltar em razão de uma manutenção não programada. Mas, segundo funcionários da empresa, após a decolagem o comandante do voo teria informado ao pessoal em terra a ocorrência de problemas de vazamento de combustível.
O pouso aconteceu às 12h47m. Cinco carros do Corpo de Bombeiros cercaram a aeronave, que foi vistoriada. Os passageiros foram retirados e levados de volta à sala de embarque. Uma comissária recebeu atendimento médico e saiu da ambulância caminhando.
O pouso de emergência não provocou atrasos em outros voos. A aeronave foi trocada, mas os passageiros esperaram mais duas horas porque a equipe de comissários não estava completa. O avião substituto só saiu de Brasília às 14h55m.
Um avião da TAM que seguia de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, teve de fazer um pouso não programado em Londrina, no início da tarde desta quinta-feira. Segundo nota enviada pela companhia aérea, o motivo foi um parabrisa trincado durante o voo.
Esse é o quarto incidente envolvendo aeronaves da mesma companhia em uma semana. O voo JJ 3133 da companhia aérea TAM, previsto para decolar às 14h55 deste domingo, partindo de Vitória, com destino ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, apresentou um problema técnico antes da decolagem. Segundo o passageiro identificado como Carlos, que ligou para a Rede Gazeta para falar sobre o problema, os freios da aeronave teriam travado e os passageiros ficaram cerca de uma hora aguardando a manutenção.
Na tarde de quinta-feira, um avião da TAM que seguia de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, teve de fazer um pouso não programado em Londrina. Segundo nota enviada pela companhia aérea, o motivo foi um parabrisa trincado durante o voo.
Na noite do dia anterior, a TAM cancelou o voo JJ 3580 após ameaça anônima de bomba na aeronave que seguia de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, para Brasília. Os 95 passageiros e 6 tripulantes foram desembarcados da aeronave. A Polícia Federal realizou uma varredura no avião, mas não encontrou o artefato.
O voo TAM 3751 que estava previsto para sair às 13h25min do Aeroporto Internacional de Campo Grande, com destino à Brasília (DF) - no domingo (24) - apresentou problemas em seu trem de pouso e os passageiros tiveram de ser acomodados em outro voo, com escala em São Paulo.
O voo JJ 3133 da companhia aérea TAM, previsto para decolar às 14h55 deste domingo (24), partindo de Vitória, com destino ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, apresentou um problema técnico antes da decolagem.
Segundo o passageiro identificado como Carlos, que ligou para a Rede Gazeta para falar sobre o problema, os freios da aeronave teriam travado e os passageiros ficaram cerca de uma hora aguardando a manutenção.
Em nota, a assessoria da TAM confirmou que a aeronave sofreu um problema técnico antes da decolagem e precisou seguir para uma manutenção não programada. A empresa, no entanto, não divulgou em qual parte do avião houve o problema técnico. Ainda de acordo com a assessoria da TAM, os 98 passageiros foram desembarcados para que o fosse realizado o reparo na aeronave.
Um avião com 10 pessoas a bordo caiu e pegou fogo nesta manhã (24) em uma montanha perto da cidade de Santa Isabel, mas sem deixar vítimas, informou a polícia.
O acidente ocorreu às 11:00 (hora local) depois que o avião decolou do aeródromo da cidade, localizada na região oeste dos Pampas.
O avião taxiou e decolou. Poucos metros depois, desabou e caiu sobre uma montanha e acabou pegando fogo.
A causa do acidente seria uma falha mecânica, segundo o relato do piloto à polícia em Santa Isabel, uma cidade a 310 quilômetros a oeste de Santa Rosa.
O Antonov An-2, prefixo CX-CAP (foto acima), transportava paraquedistas das localidades de Santa Rosa, Córdoba e Buenos Aires.
Este avião de fabricação russa foi utilizado em exposições e é considerado único na América do Sul.
A área do acidente foi preenchida imediatamente por curiosos e pessoas que foram resgatar os ocupantes do avião.
O piloto eo passageiro foram atendidos no Hospital Santa Isabel, enquanto uma pessoa que estava com uma fratura foi transferida para um centro de saúde em Santa Rosa.
Fontes: La Nacion / El Clarín - Foto (11.07.2009): Andres Luna (airplane-pictures.net)
Plano pretende a arrecadar mais de 6,8 bilhões de euros por ano.
Dinheiro ajudaria países em desenvolvimento a combater mudança climática.
Um relatório encomendado pela ONU propõe taxar com imposto global os bilhetes aéreos como parte de um plano destinado a arrecadar mais de 6,8 bilhões de euros (mais de R$ 16 bilhões) ao ano para ajudar os países em desenvolvimento a adaptarem-se à mudança climática e reduzir as emissões de CO2.
O imposto, que encareceria inicialmente em média 5,7 euros (cerca de R$ 13) o preço de um bilhete, seria aplicado a todos os voos internacionais, informa neste sábado (23) o jornal britânico "The Times", que teve acesso ao relatório, elaborado por um grupo nomeado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon.
Presidido pelos primeiros-ministros da Noruega e Etiópia, e do qual faz parte Nicholas Stern, autor de um relatório sobre a economia da mudança climática, as viagens aéreas poderiam ser uma fonte importante de financiamento porque no geral porque são fontes dos gases do efeito estufa de mais rápido crescimento.
Um imposto à aviação permitiria arrecadar 6,8 bilhões de euros ao ano, metade para o país e a outra cota para o novo fundo contra a mudança climática, diz o relatório.
Os voos dentro da UE poderiam ficar excluídos do mesmo porque terão de pagar por suas emissões de CO2 a partir de 2013 pelo novo mecanismo europeu de troca de emissões.
O relatório encomendado pela ONU propõe diversas fontes de financiamento, incluindo impostos para navegação, transações financeiras globais e a dedicação de parte dos royalties obtidos na extração dos combustíveis fósseis.
Três pessoas, uma das quais amiga do príncipe Carlos da Inglaterra, morreram sábado (23) num acidente de helicóptero na Irlanda do Norte, anunciou a polícia local.
De acordo com as informações policiais, nem o piloto nem os dois passageiros da aeronave Agusta Spa A-109A-II, prefixo N2NR, sobreviveram à queda do helicóptero nas montanhas de Mourne, na costa sudeste do Ulster.
Entre as vítimas inclui-se Charles Stisted, 47 anos, amigo do príncipe Carlos de Inglaterra e diretor geral do clube de pólo Guards.
Fontes: Diário de Notícias (Portugal) / ASN - Fotos: belfasttelegraph.co.uk
O australiano Julian Assange (foto acima), que tornou-se famoso divulgando milhares de documentos confidenciais americanos sobre a guerra no Afeganistão, voltou à cena nesta sexta-feira, com uma série de documentos sobre a guerra do Iraque; mas em relação à própria vida é um verdadeiro partidário da arte do segredo.
Criador e figura emblemática do Wikileaks, o site especializado em vazar informações da inteligência, este homem de 39 anos acumulou muitas revelações nos últimos anos, do Iraque ao Quênia, passando pela Islândia, pelo Afeganistão e agora pelo Iraque.
Nesta sexta-feira, a rede de televisão Al-Jazeera divulgou as "principais revelações" do site WikiLeaks, anunciando que o Exército dos Estados Unidos "encobriu" torturas no Iraque e causou a morte de centenas de civis em seus postos de controle militar.
"Queremos três coisas: liberar a imprensa, revelar os abusos e salvaguardar documentos que fazem História", explicou anteriormente Assange à AFP sobre sua decisão de publicar documentos confidenciais sobre a guerra do Afeganistão.
Em pouco tempo, Assange se converteu no homem que fez a CIA tremer, o grande revelador de abusos, o apóstolo da transparência... mas, ao mesmo tempo, manteve um grande enigma em torno de sua pessoa.
Por exemplo, ele se nega a dizer para onde vai ou de onde vem, viaja de capital em capital hospedando-se em casa e simpatizantes ou conhecidos, não dá o número do seu celular e também não fornece a data exata de seu nascimento.
"Estamos ante organizações que não obedecem às regras. Estamos ante agências de inteligência", assegura.
Nascido em 1971, sem que se saiba a data, em Magnetic Island, nordeste da Austrália, Assange teve uma infância agitada, passando por 7 escolas, segundo a imprensa australiana.
Em sua adolescência, Assange se destacou como hackker até ser descoberto pela polícia de Melbourne. Para escapar da justiça, teve que pagar uma multa e jurar que manteria boa conduta.
A polícia jamais conseguiu estabelecer se esteve envolvido num incidente, em outubro de 1989, no qual as telas dos computadores da Nasa s viram repentinamente cobertas pela palavra "WANK" (masturbação) pouco antes do lançamento do ônibus espacial Atlantis.
Assange conta que foi "conselheiro de segurança, fundador de uma das primeiras companhias de serviços informáticos na Austrália, assessor tecnológico, investigador jornalístico, coautor de um livro".
Em 2006, fundou a Wikileaks com "umas dez pessoas procedentes dos âmbitos dos direitos humanos, da imprensa e da alta tecnologia".
A Islândia e a Suécia, onde conta com apoios e está amparado por legislações favoráveis, são escalas privilegiadas em seu constante ir e vir por todo o mundo, de Londres a Nairóbi, da Holanda à Califórnia.
Na Islândia foi onde se encerrou durante semanas em uma casa com as persianas sempre fechadas, para combinar com alguns companheiros do Wikileaks sua primeira grande "exclusiva": um vídeo gravado pela câmera de um helicóptero militar americano em Bagdá, em 2007, que mostra uma incursão que causou a morte de dois empregados da agência de notícias Reuters e de vários civis.
Segundo a revista americana New Yorker, Assange foi quem decodificou o vídeo militar, classificando a tarefa de "moderadamente difícil".
Assange milita, além disso, por um novo jornalismo.
"Geralmente nos perguntam: vocês verificam suas fontes? O que verificamos são documentos. Ligamos e perguntamos: esses documentos são seus? E acho que temos um padrão muito mais elevado".
Em meio às críticas do Pentágono sobre a divulgação de documentos e o perigo que ela pode trazer aos americanos, Assange afirma que "encaramos nossa responsabilidade de publicação com seriedade".
Anunciada como a divulgação "mais importante de documentos militares da história", os textos publicados na sexta-feira pelo site WikiLeaks são "SIGACT" ("Significant Action in the war") ou relatórios de militares americanos durante a guerra (do Iraque).
Principais pontos destes documentos após análises realizadas por AFP, The New York Times, The Guardian e Le Monde.
Morte de civis
Os documentos informam que 109.032 pessoas morreram no Iraque, sendo 66.081 civis (deste total, 15 mil não foram revelados), 23.984 "inimigos", 15.196 membros das forças iraquianas e 3.771 soldados aliados.
Tortura
O fundador do site, Julian Assange, qualificou de "banho de sangue" a ação das forças iraquianas, que agiram com o conhecimento do Exército americano, que fechou os olhos para barbáries.
Em um dos documentos, um preso revela como "foi golpeado com um cabo por um policial iraquiano durante duas noites consecutivas". Outro detido apanhou "na planta dos pés com um objeto".
Mas nem todos os abusos são de responsabilidade das forças iraquianas. Assange destaca "mais de 300 casos documentados de tortura cometidos pelas forças da coalizão liderada pelos Estados Unidos, e não apenas em (na prisão) Abu Ghraib, mas por todos os lados".
Violações e assassinatos cometidos pelas forças iraquianas foram constatados pelo Exército americano, mas nenhuma investigação ocorreu para se apurar estes casos.
Outros Crimes de Guerra
As forças americanas mataram entre 600 e 700 civis em postos de controle instalados em todo o Iraque, ou com disparos feitos contra civis por engano. Um helicóptero americano matou em 2007 dois rebeldes que se renderam, após um advogado do Exército concluir que ninguém pode se entregar a um helicóptero.
Alguns documentos revelam casos de assassinatos de civis por agentes da empresa privada americana de segurança Blackwater, cuja reputação foi gravemente abalada após a morte de 14 civis em um incidente em 2007 no Iraque.
Irã
Os documentos apoiam as acusações americanas de que o Irã treinou e armou as milícias xiitas no Iraque para matar ou sequestrar americanos. Segundo um dos relatórios, os iranianos planejavam atacar a "Zona Verde" de Bagdá, onde estão os principais prédios do governo iraquiano e as embaixadas ocidentais.
Um helicóptero do Exército britânico estava a ponto de deter em 2005 o jordaniano Abu Musab al-Zarqawi (foto), chefe da Al-Qaeda no Iraque morto em 2006, mas teve que dar meia volta porque não tinha combustível suficiente, segundo um documento publicado pelo WikiLeaks e analisado pelo The Observer.
No dia 17 de março de 2005, no início da tarde, os serviços secretos britânicos com base em Basra, no sul do Iraque, localizaram Al-Zarqawi - por quem era oferecida uma recompensa de 25 milhões de dólares - viajando em uma rota próxima à cidade, explica um documento publicado na sexta-feira pelo WikiLeaks e analisado pelo The Observer, versão dominical do jornal britânico The Guardian.
O informe é um dos 400 mil documentos confidenciais do Exército americano publicados na sexta-feira pelo site WikiLeaks.
Um helicóptero Lyns cobria a zona e descobriu um veículo suspeito. Manteve a vigilância por 15 minutos mas, após esgotar as reservas de combustível, teve que voltar à base para reabastecer.
"Portanto, a zona de interesse esteve sem vigilância por 20 a 30 minutos", acrescentou o documento confidencial do Exército americano. Passado esse tempo, um batalhão britânico chegou à região, mas como não tinha apoio aéreo, pôde apenas efetuar buscas aleatórias, que não tiveram êxito. O informe do incidente é concluído com esta frase: "às 22H14, as buscas foram interrompidas".
Abu Musab al-Zarqawi morreu quinze meses depois, em julho de 2006, em um ataque americano.
Dados vazados pelo site WikiLeaks revelam que empresas privadas de segurança mataram civis
Os documentos oficiais dos Estados Unidos divulgados pelo site WikiLeaks na sexta-feira comprovam que entidades privadas de segurança contratadas pelo governo americano atuaram impunemente como milícias durante o conflito no Iraque.
Segundo relatos publicados no site e reproduzidos pela imprensa internacional, integrantes de grupos pagos pelo Pentágono para auxiliar na segurança iraquiana mataram civis e conseguiram escapar sem punição, muitas vezes subornando autoridades locais.
Além de civis, estas empresas privadas estão envolvidas, de acordo com os documentos do WikiLeaks, na morte de membros das forças de segurança iraquianas e até mesmo, acidentalmente ou de propósito, na de militares dos EUA e de aliados.
O uso de mercenários deve-se, segundo o Pentágono, à necessidade de mais tropas americanas em conflitos simultâneos no Afeganistão e no Iraque. Diferentemente do que ocorria na Guerra do Vietnã, o serviço militar americano deixou de ser obrigatório. Assim, os EUA possuem menos soldados do que o necessário para lutar em duas frentes.
A saída encontrada pelos EUA foi contratar serviços privados de segurança pagos com dinheiro do governo. Em muitos casos, os agentes privados atuam apenas como tradutores ou cozinheiros nas bases, além de engenheiros e outras atividades técnicas necessárias na reconstrução. Porém parte deles está no Iraque com funções militares. Muitos antigos oficiais e soldados deixaram as Forças Armadas americanas para ingressar nestas companhias privadas, onde recebem melhores salários.
Os documentos divulgados pelo WikiLeaks detalham informações que, de uma forma ou de outra, já eram conhecidas das pessoas que acompanham o conflito no Iraque. Segundo os papéis, os EUA acobertaram torturas de iraquianos e a influência do Irã sobre o regime de Bagdá é crescente.
A pressão se acentuava neste domingo sobre os Estados Unidos, após as revelações sobre os maus tratos cometidos ou encobertos pelo Exército americano durante a guerra no Iraque que aparecem nos cerca de 400 mil documentos publicados pelo site WikiLeaks.
Governos e organizações de defesa dos direitos humanos esperam respostas sobre as atitudes das tropas dos Estados Unidos, seus aliados e iraquianos com relação aos casos tortura e abuso revelados pelos documentos publicados pelo WikiLeaks.
As pilhas do material revelado, que abrange o período de 2004 a 2009, dão um retrato sombrio do conflito, em especial sobre o abuso dos civis iraquianos pelas forças de segurança do Iraque.
Os documentos mostram que o Exército americano "não fez nada" para impedir casos de tortura e abusos sobre civis cometidos pelas forças iraquianas.
O WikiLeaks sustenta que os documentos revelam que houve cerca de 15 mil vitimas civis a mais do que se sabia anteriormente.
O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, qualificou as informações do site como "extraordinariamente sérias" e disse que as pessoas "vão querer ouvir uma resposta".
"Cabe lamentar a forma pela qual esse vazamento ocorreu, mas penso que (...) as acusações realizadas são extraordinariamente sérias", declarou Clegg em uma entrevista à rede de televisão BBC One.
"Suponho que o governo dos EUA vai querer dar sua própria resposta. Não cabe a nós dizer como fazer isso", acrescentou.
"Tudo o que dê a entender que as regras de base da guerra, dos conflitos e do combate foram violadas ou que a tortura foi tolerada é extremamente grave e deve ser estudado", continuou Clegg.
Na sexta-feira, a secretária americana de Estado, Hillary Clinton, condenou o vazamento de qualquer documento que possa colocar em perigo "a vida dos soldados e dos civis dos Estados Unidos e de seus aliados", algo que também fizeram os ministros da Defesa da Austrália e Inglaterra.
Os documentos publicados na sexta-feira contêm relatos de torturas, assassinatos de civis e a interferência do Irã na guerra do Iraque, informes que documentam os sangrentos anos que se seguiram à invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003 para depor Saddam Hussein.
Outros documentos descrevem os abusos contra prisioneiros e mulheres mortas em postos de controle militares dos Estados Unidos.
Sobre o papel do Irã no conflito do Iraque, os últimos documentos revelam a guerra nas sombras feita por Teerã contra as tropas americanas no país vizinho e a suposta utilização de milícias por parte da República Islâmica para matar e capturar soldados dos EUA.
A organização Human Rights Watch disse que o Iraque deveria investigar se suas forças de segurança recorreram sistematicamente à tortura e ao abuso dos presos.
Por sua vez, a Anistia Internacional convocou Washington a iniciar uma investigação, estimando que é "uma grave violação do direito internacional" o fato do Exército americano entregar "milhares de presos às forças iraquianas sabendo que continuavam recorrendo à tortura".
Já o ministério iraquiano de Direitos Humanos afirmou que as revelações não eram "uma surpresa".
Um porta-voz do Pentágono disse que os documentos eram "essencialmente trechos de acontecimentos, trágicos e banais, e que não contam toda a história".