domingo, 15 de janeiro de 2023

Férias: veja como um voo longo impacta a saúde do corpo humano

Viagens com trajetos grandes de avião podem influenciar o desenvolvimento de trombose, desidratação, jet lag e maior exposição a doenças.


As férias chegaram e, de acordo com a Infraero, o movimento nos aeroportos deve aumentar 45% durante os meses de dezembro e janeiro. Se a ideia é uma viagem longa, existem alguns cuidados com a saúde para levar em consideração. Voos compridos, com mais de oito horas, podem ser responsáveis pelo desenvolvimento, por exemplo, de desidratação e trombose.

A médica intensivista Adele Vasconcelos, do Hospital Santa Marta, em Brasília, explica como um voo longo pode impactar a saúde do corpo e destrincha formas de lidar com grandes viagens. Confira:

1. Desidratação


Em longos trajetos de avião, é comum que o passageiro se desidrate. O interior do transporte aéreo é seco e a alta altitude não possui a mesma umidade de condições normais, e Adele acrescenta que a despressurização da cabine faz com que o interior fique ainda mais seco.

“É recomendado sempre que o indivíduo consuma mais líquido do que o normal. É interessante levar uma garrafinha para se hidratar dentro dos voos”, afirma a médica. Outra dica é não beber muito álcool ao longo do caminho, pois a bebida é um diurético que resulta no aumento do fluxo urinário, causando desidratação.

2. Influência nos ouvidos, respiração, intestino e sono


Adele lembra que a pressão é diferente dentro da cabine e os gases do corpo reagem de acordo. Eles se expandem conforme a aeronave sobe e a pressão diminui, e o contrário ocorre quando o avião desce. Por isso, podem acontecer, por exemplo:
  • Dores de ouvido, que acontecem quando a pressão do ar nos dois lados do tímpano é diferente;
  • Dores de cabeça, que podem ser causadas pela expansão do ar preso nos seios da face;
  • Problemas intestinais, como soltar mais gases.
A viagem também pode causar sono, visto que o corpo não é capaz de absorver tão bem o oxigênio do ar na altitude quanto no solo. Logo, ficar sonolento é a forma do organismo se proteger.

3. Trombose


Ficar entre 8 e 12 horas sentado sem se movimentar aumenta o risco de formação de coágulos sanguíneos nas pernas, problema conhecido como trombose venosa profunda (TVP). O ideal é fazer caminhadas pequenas dentro do avião, respeitando os momentos adequados.

Adele sugere levantar pelo menos de hora em hora e evitar mais do que 90 minutos sentado, especialmente no caso de pessoas cardiopatas, que já têm alguma doença cardiológica prévia.

“Antes de viajar, esse paciente deve procurar seu cardiologista para orientar as medidas necessária de voo para evitar trombose”, diz a médica. Ela destaca os principais grupos de risco para o quadro:
  • Idosos;
  • Obesos;
  • Pacientes com histórico anterior ou familiar de coágulos;
  • Pessoa com câncer;
  • Índivíduo com imobilização ou cirurgia recente;
  • Gestantes;
  • Pessoas que fazem terapia de reposição hormonal ou pílula anticoncepcional oral.

4. Jet Lag


A confusão no horário biológico, que causa distúrbio temporário no sono, é o efeito jet-lag, segundo a médica. “Sair de um ambiente à noite, viajar muitas horas e chegar em outro país onde ainda é noite nos faz perder a noção. E aí acontece esse efeito rebote, de não conseguir dormir mesmo depois de muitas horas acordado”, explica.

A alteração do nosso ciclo circadiano normal, ritmo em que o organismo realiza suas funções ao longo do dia, causa a fadiga. A confusão é mais comum em voos longos.

5. Maior exposição à Covid-19


A exposição a doenças dentro da cabine é maior. Qualquer vírus, como o coronavírus ou outra infecção respiratória, se propaga com mais facilidade em ambientes fechados e com permanência prolongada.

Adele chama a atenção para a utilização dos filtros hepa, que são tecnologias de separação de partículas, por parte das companhias aéreas. “Eles diminuem a propagação de vírus, bactérias e fungos dentro dos ambientes fechados”, analisa.

No entanto, o passageiro ainda fica muito próximo das outras pessoas e usar máscara diminui a propagação e contaminação por doenças como a Covid-19.

Via João Vítor Reis (Metrópoles) - Foto: Getty Images

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