quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Fim de uma era: Airbus entrega o último A380, maior avião comercial do mundo, para a Emirates

Encerramento da produção marca o fim de uma corrida de 14 anos que deu à Europa um símbolo reconhecido em todo o mundo.

Avião da Emirates Airlines modelo Airbus A380-800 decola do Aeroporto Internacional de Dubai. Companhia aposta no uso do maior avião comercial do mundo, que deixa de ser produzido após 14 anos (Foto: Christopher Pike / Reuters)
A Airbus entrega o último superjumbo A380 à Emirates Airlines nesta quinta-feira, marcando o fim de 14 anos de produção de um ícone europeu reconhecido mundialmente na aviação. O evento ocorre em meio à retomada dos voos diários da Emirates para o Brasil com o A380, numa aposta da empresa na retomada do turismo internacional.

A produção do maior avião comercial do mundo - com capacidade para 500 pessoas em dois andares e regalias como chuveiros na primeira classe - terminou depois que 272 modelos foram fabricados, bem abaixo dos mais de mil previstos.


A Airbus, que reúne fabricantes de aviões na Grã-Bretanha, França, Alemanha e Espanha, encerrou o projeto em 2019 depois que as companhias aéreas optaram por modelos menores e mais enxutos.

Espera-se que a entrega seja discreta, em parte por causa das restrições da Covid-19 e também porque a Airbus está focando suas relações públicas nos benefícios ambientais de jatos menores.

Isso contrasta com o espetacular show de luzes que revelou o gigante da aviação diante dos líderes europeus em 2005.

Em voo de pré-entrega do último A380 produzido no mundo, pilotos da Airbus desenharam
um “coração” como forma de despedida (Foto: Reprodução)
No domingo, a Airbus realizou um voo de pré-entrega do último A380 fabricado, partindo de Hamburgo e permanecendo no ar por quase cinco horas.

Para marcar o momento histórico, os pilotos da Airbus desenharam um coração no céu durante o voo realizado na região norte da Alemanha.

Aposta da Emirates


A Emirates é de longe o maior comprador e ainda acredita na capacidade do superjumbo de atrair passageiros. Por isso, mesmo que nenhum outro A380 seja construído, ele continuará voando por anos.

A decisão da Emirates vai na contramão de muitas companhias aéreas, que descartaram o A380 durante a pandemia.

O presidente da Emirates, Tim Clark, se recusa a ceder aos céticos que dizem que os dias dos jatos quadrimotores e espaçosos como o A380 estão contados quando um assento de avião se torna uma mercadoria como qualquer outra.

"Não compartilho dessa opinião... E ainda acredito que há um lugar para o A380", disse Clark recentemente a repórteres.

O presidente da Emirates Airlines, Tim Clark, acredito que há espaço para o A380
no setor (Foto: Abdel Hadi Ramahi / Reuters)
"Tecnocratas e contadores disseram que não era adequado... Isso não ressoa em nosso público viajante. Eles adoram aquele avião", disse ele.

Impacto da crise


O fim do A380 deixou deserto um dos maiores edifícios do mundo, que abriga uma fábrica de montagem de 122.500 metros quadrados em Toulouse, na frança.

A Airbus planeja usar parte dele para fabricar alguns dos modelos "narrowbody" (aeronaves de fuselagem estreita, que oferecem apenas um corredor central) que dominam as vendas.

Mas é em Hamburgo que algumas das características mais marcantes do A380 evoluíram.

Clark relembrou como se reuniu com os desenvolvedores da Airbus no norte da Alemanha para persuadir os chefes da Airbus na França a pagar pela engenharia necessária para tornar realidade os chuveiros de bordo.

"Tive que me sentar com amigos na unidade de desenvolvimento em Hamburgo para construir os chuveiros e, em seguida, pedi à administração de Toulouse para ver como isso poderia ser feito, e eles aceitaram", disse Clark.

Um comissário de bordo apresenta a área de spa com chuveiro para passageiros da primeira classe da Emirates após o primeiro pouso de um Airbus A380 da Emirates no aeroporto de Frankfurt, em 1 de setembro de 2014 (Foto: Kai Pfaffenbach / Reuters)
Essa inovação gerou manchetes, mas não se traduziu nas vendas necessárias para manter o A380 em funcionamento. O avião foi projetado na década de 1990, quando a demanda por viagens crescia e a China oferecia um potencial aparentemente ilimitado.

Quando a primeira entrega foi feita em 2007, o avião estava mais de dois anos atrasado. E, quando a Emirates comprou seu primeiro A380 um ano depois, a crise financeira emergente já estava forçando os analistas a reduzirem suas previsões para os maiores jatos.

Enquanto isso, a Boeing estava capturando pedidos para um novo 787 Dreamliner revolucionário, a ser seguido pelo Airbus A350.

"Houve uma desaceleração do apetite e do entusiasmo. Não compartilhamos dessa opinião. Colocamos essa grande aeronave (A380) para funcionar", disse Clark durante uma reunião com companhias aéreas.

"Temos o que considero uma das aeronaves mais bonitas já voadas."

Via Reuters / O Globo

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