terça-feira, 6 de julho de 2010

Carregadores de malas são flagrados vendendo dólares a turistas no Galeão

Taxistas também foram flagrados fazendo transporte irregular.

Imagens das irregularidades foram feitas com câmeras escondidas.




Carregadores de malas foram flagrados vendendo dólares ilegalmente no Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, no subúrbio do Rio. E no local há mais irregularidades: transporte ilegal de passageiros.

A cena não parece suspeita. Uma passageira conversa com o carregador de malas no saguão do aeroporto. Mas com uma câmera escondida, um crime é flagrado: câmbio ilegal.

O homem tenta convencer a produtora do Jornal Hoje, da TV Globo, que se passou por uma turista, a comprar a moeda estrangeira.

“Aqui a gente paga melhor”, disse o carregador.
“Quanto custa?”, perguntou a produtora.
“É o que, dólar?”
“Dólar”, disse ela.
“Vai pagar um, sete, cinco (R$1,75)”, respondeu o carregador.

Os maleiros estão uniformizados, usam crachás, mas não são funcionários de empresa alguma, nem da Infraero. Segundo eles, são os passageiros que pagam os salários deles.“De gorjetas, nós vivemos simplesmente de gorjeta”.

Maleiros negam

Quando foram questionados se fazem a troca ilegal de moedas, todos negaram. O carregador que abordou a produtora da TV Globo também negou o crime.

“O senhor costuma fazer câmbio? Compra e venda de dólar?”, perguntou a repórter da TV Globo. “A gente carrega a mala. Só carrega a mala”, respondeu, se negando a responder outras perguntas.

Em outras duas reportagens, feitas em 2007 e 2008, o Jornal Hoje flagrou os carregadores de malas assediando passageiros para o câmbio clandestino. Nas duas vezes as autoridades foram procuradas e providências foram cobradas.

Irregularidades nos transportes

Trinta mil passageiros embarcam e desembarcam por dia no Aeroporto Internacional do Rio.

E depois de todos esses flagrantes, a impressão é de que lá é um território livre para irregularidades. Mesmo funcionado no local delegacias e postos das polícias Federal, Militar e Civil.

Há unidades especiais voltadas para proteger os turistas, mas a presença das autoridades parece não intimidar os golpistas.

Outro flagrante foi feito pela produção do jornal. A produtora disse ao maleiro que precisava de um táxi e logo apareceu um motorista.

“Copacabana, quanto custa?”, perguntou ela.
“No balcão ali é noventa. Eu faço setenta”, disse o motorista.

Ele levou a jornalista ao subsolo do Aeroporto, onde fica o estacionamento. O carro que a esperava era particular e fazia transporte irregular.

A produção do Jornal Hoje testou quando sairia uma corrida do aeroporto num táxi legalizado. O percurso foi exatamente o mesmo, mas com o taxímetro ligado. A corrida entre o Aeroporto internacional e Copacabana ficou bem mais barata: R$ 41,10, diferença de quase R$ 30.

Os maiores interessados em segurança e bom atendimento não escondem a decepção. Para uma inglesa, o assédio dos golpistas no aeroporto é uma invasão de privacidade. Turistas brasileiros também reclamam: “A gente se sente desprotegido. Uma cidade diferente, você não conhece nada e sem informação”, comentou a supervisora Lucene Gomes.

Em nota, a delegada da Polícia Civil disse que assumiu o posto há três dias, mas prometeu mapear os problemas para tentar combatê-los. A Polícia Militar disse que vai intensificar a fiscalização.

O superintendente do Aeroporto Internacional, Antônio André Luis Barros, afirmou que a Infraero monitora o saguão, e algumas medidas foram tomadas. A Delegacia de Atendimento ao Turista chegou a prender alguns carregadores.

Sobre o transporte ilegal, a Infraero diz que anuncia no sistema de som do aeroporto que os passageiros só devem pegar táxis credenciados. A Federal não respondeu às solicitações da produção do Jornal Hoje.

Fonte: Jornal Hoje (TV Globo)

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