segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Avião farejador nuclear dos EUA voou na costa do Brasil. O que ele faz?

WC-135R Constant Phoenix, o avião farejador nuclear dos EUA
(Imagem: Ryan Hansen/Força Aérea dos Estados Unidos)
Um avião dos Estados Unidos apelidado de "farejador nuclear" foi observado na costa da América do Sul, passando próximo ao Brasil, há algumas semanas.

Que avião é esse?


Esse tipo de avião é utilizado em missões para detecção de emissão de partículas radioativas na atmosfera, geralmente resultantes de atividades nucleares.

Um dos motivos pode ser monitorar testes nucleares feitos por outros países, o que deixa rastro na atmosfera. Questionada, a Força Aérea dos EUA não respondeu o motivo do voo.

Como foi a operação?


Em um dos voos, segundo dados da plataforma de rastreio de voos RadarBox, um dos aviões decolou de San Juan, capital de Porto Rico (EUA).

Ele seguiu pelo oceano Atlântico desde a Venezuela, acompanhando a costa do Brasil até o Rio de Janeiro. Em seguida, ele deu meia-volta e retornou para San Juan após cerca de 18 horas no ar.

Como é o avião?


  • O "farejador nuclear" é um WC-135, aeronave de coleta atmosférica que capta partículas sólidas e gasosas no ar para serem analisadas.
  • Hoje ele presta apoio ao Tratado de Interdição Parcial de Ensaios Nucleares, assinado em 1963 e que proíbe testes do tipo sobre a superfície terrestre.
  • O avião também é chamado de Constant Phoenix (Fênix constante/fiel).
  • Esse tipo de aeronave possui um duto externo para coletar as amostras e desenhar a situação da nuvem radioativa em tempo real.
  • O programa Constant Phoenix teve início em 1947, em um contexto do pós-2ª Guerra Mundial e início da Guerra Fria.
  • Ele realizava missões rotineiras em diversas partes do mundo, e, inclusive, rastreou detritos radioativos do desastre nuclear da usina de Chernobyl, no território da Ucrânia na então União Soviética.
Mapa do voo realizado pelo WC-135R Constant Phoenix, o avião farejador nuclear,
em 20 de janeiro de 2023 (Imagem: Reprodução/RadarBox)

O que diz a Aeronáutica?

  • A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que, em 16 de janeiro, por volta das 14h, dois aviões da Força Aérea dos EUA entraram em uma área de controle do espaço aéreo sob responsabilidade do Brasil.
  • Um era o farejador nuclear e o outro era um avião tanque que realizou o reabastecimento em voo.
  • A coordenação da movimentação do avião foi feita pelo centro de controle de área de Caiena (Guiana Francesa) em conjunto com o órgão respectivo da FAB localizado em Recife (PE) em conformidade com as legislações internacionais de tráfego aéreo em vigor.
  • A região onde o voo ocorreu não pertence ao espaço aéreo brasileiro em si, mas, devido a tratados internacionais, o país é responsável por prover serviços de navegação aérea e de busca e salvamento nessa área.
  • Questionada, a FAB não informou o motivo do voo.

Incidente com a China


O mesmo tipo de avião já se envolveu em um problema em 2017 com a China. Enquanto realizava uma de suas missões de reconhecimento atmosférico sobre o Mar da China Oriental, foi interceptado por dois caças chineses Sukhoi Su-30.

Esse acompanhamento durante o voo foi tratado como incidente pelo governo dos EUA, que alegou estar operando de acordo com as leis internacionais.

O ministro da Defesa da China à época rebateu a alegação dos norte-americanos, dizendo que o avião estava realizando atividades de vigilância na região, e que a interceptação ocorreu de maneira correta segundo as normas vigentes.

WC-135R Constant Phoenix, o avião farejador nuclear, no aeroporto Lincoln
em julho de 2022 (Imagem: Ryan Hansen/Força Aérea dos EUA)

Ficha técnica

  • Fabricante: Boeing
  • Comprimento: 42,5 metros
  • Envergadura (distância de ponta a ponta da asa): 39,8 metros
  • Altura: 12,8 metros
  • Peso: 54,5 toneladas
  • Velocidade: 650 km/h
  • Altitude máxima de voo: 12,2 km
  • Data de início da operação: 1965
  • Quantidade: Dois na ativa
Um avião WC-135 é reabastecido no ar em uma foto sem data divulgada pela
Força Aérea dos EUA (Imagem: Força Aérea dos EUA via Reuters)
Via Alexandre Saconi (Todos a bordo/UOL)

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