Dentre as contas suspensas, uma que seguia o jato do dono do Twitter, Elon Musk.
O Twitter suspendeu na quarta-feira (14) mais de 25 contas que rastreiam aviões de agências governamentais, de bilionários e indivíduos de perfil destacado –incluindo uma que seguia os movimentos do proprietário da empresa de rede social, Elon Musk, que disse estar comprometido com a "liberdade de expressão".
Jack Sweeney, 20, um estudante universitário e entusiasta do rastreamento de voos, disse que ao acordar na quarta descobriu que sua conta automatizada no Twitter, @ElonJet, tinha sido suspensa. Nos últimos meses, a conta acumulou mais de 500 mil seguidores usando informações e dados públicos de voos para postar o paradeiro do avião particular de Musk. Posteriormente, o Twitter restabeleceu a conta @ElonJet antes de suspendê-la novamente.
O bilionário conhecia a @ElonJet há meses. Depois de comprar o Twitter por US$ 44 bilhões (R$ 234,9 bilhões) em outubro, ele disse que permitiria que a conta continuasse na plataforma. "Meu compromisso com a liberdade de expressão se estende até mesmo a não banir a conta que segue meu avião, mesmo que isso seja um risco direto à minha segurança pessoal", tuitou Musk no mês passado.
Elon Musk em coletiva de imprensa da SpaceX no sul do Texas (Foto: Jim Watson/AFP) |
A conta pessoal de Sweeney no Twitter também foi suspensa na quarta-feira, junto com as outras contas que ele administra que rastreiam aviões de bilionários da tecnologia, como Mark Zuckerberg, Jeff Bezos e Bill Gates. Sweeney compartilhou uma mensagem que recebeu do Twitter, dizendo que sua conta tinha sido suspensa por violar as regras "contra manipulações e spam na plataforma".
Em uma entrevista, Sweeney disse que não mudou a forma como as contas de rastreamento de aviões se comportam e não recebeu uma razão específica sobre por que foram suspensas. "Ele está fazendo exatamente o oposto do que disse", disse o estudante sobre Musk, acrescentando que as suspensões parecem arbitrárias, visto que as contas existem há meses.
Desde que assumiu o Twitter, o novo dono tem decidido qual conteúdo e quais contas devem ou não estar na plataforma. Ele inicialmente disse que formaria um conselho para tomar decisões sobre moderação de conteúdo, mas depois abandonou esses planos.
Ele também aprovou a volta da conta do ex-presidente Donald Trump e declarou anistia a pessoas, incluindo nacionalistas brancos, que haviam sido suspensas do Twitter por violar suas regras sobre discurso de ódio ou incitação à violência.
Musk e o Twitter não responderam a um pedido de comentário. Mas o bilionário disse no Twitter que "a postagem em tempo real da localização de outra pessoa viola a política de ‘doxxing’, mas a postagem posterior de localizações está ok" ["doxxing" ou "doxing" é a prática de pesquisar e transmitir na internet dados privados sobre um indivíduo ou organização].
Uma análise da "política de informações privadas e mídia" do Twitter mostrou que a empresa parece ter criado novas regras sobre localização ao vivo, que foram publicadas nas últimas 24 horas. "Se as informações não forem compartilhadas durante uma situação de crise para ajudar em esforços humanitários, removeremos todos os tuítes ou contas que compartilhem a localização ao vivo de alguém", diz a política.
Mas na terça-feira (13) o Internet Archive mostra que a página da web sobre a política da companhia sobre informações privadas e mídia não menciona a expressão "localização ao vivo".
Na tarde de quarta, @ElonJet foi brevemente reintegrada depois que Sweeney enviou um apelo ao Twitter dizendo que poderia retardar suas postagens sobre a localização do avião de Musk. Ele disse que faria o mesmo com suas outras contas de rastreamento aéreo.
Na noite de quarta-feira, Musk reiterou a nova política no Twitter e disse que tomaria "ações legais" contra Sweeney.
Antes de comprar o Twitter, Musk ofereceu a Sweeney US$ 5.000 (R$ 26,7 mil) para fechar a conta @ElonJet; mais tarde, ele bloqueou o estudante depois que Sweeney tentou negociar. Desde então, Sweeney criou mais de duas dúzias de contas automatizadas no Twitter usando dados públicos de aviação para rastrear aeronaves de bilionários da tecnologia, oligarcas russos e agências governamentais nacionais e internacionais.
Jason Calacanis, um investidor em tecnologia e consultor de Musk para a aquisição do Twitter, tuitou na quarta-feira que sua crença pessoal era que "o compartilhamento contínuo de informações de localização pública é de fato ‘doxing’".
Sweeney disse que as informações compartilhadas nas contas já eram públicas.
"Se alguém quisesse fazer algo, poderia fazê-lo sem mim", disse ele.
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