Quem visitar a Igreja Batista Central de Brasília poderá ter a leve sensação de estar no Aeroporto Internacional JK ou em algum hangar de companhia aérea ou de táxi aéreo da cidade. Mas não é nem um nem outro. Trata-se de parte do estacionamento externo do templo, que fica em uma quadra da L2 Sul. O avião no local tem explicação. É parte do projeto Pan Am Brasil, idealizado pelo pastor brasiliense Ricardo Espindola.
O religioso teve a ideia dois anos atrás, assim que a igreja ergueu a réplica de uma aeronave para atrair fiéis para um evento promovido no local. O objetivo era oferecer uma experiência gastronômica em pleno voo, mesmo que fictícia. A iniciativa deu tão certo que alçou voos maiores, desta vez com a doação da “sucata” de um Fokker 100, que pertenceu à extinta Avianca Brasil.
A aeronave doada acidentou-se anos atrás após aterrissar em Brasília. Uma falha no trem de pouso fez com que o nariz do avião arrastasse no chão da pista, ficando danificado. Após o episódio, o equipamento ficou por anos abandonado em um hangar do aeroporto. Foi quando veio a oportunidade da doação da aeronave, que após reforma ganhará outra missão.
Assim que ficar pronta passará a abrigar uma experiência saudosista, a de servir passageiros em um voo de faz de conta nas cores da icônica e extinta companhia aérea americana Pan Am. É a Pan Am Experience, que apesar de levar o nome de um projeto parecido em Los Angeles, será totalmente diferente. Uma experiência que o brasiliense poderá ter, voltando ao tempo do glamour da aviação mundial.
“Usaremos a marca Pan Am apenas por questões jurídicas. Pensamos em nomes de companhias brasileiras como a Varig, Vasp, Transbrasil e Panair, mas havia muitas restrições para as marcas de empresas aéreas do Brasil. Acabamos optando pela Pan Am, que apesar de não ser brasileira é conhecida por todos nós, como uma das companhias que marcaram a história da aviação”, diz Ricardo Espindola.
O pastor ainda enfatiza que será mais que uma experiência gastronômica. “A Pan Am Brasil se propõe a oferecer uma viagem no tempo para se reviver os anos dourados da aviação. Viagem em um Fokker 100 restaurado nos moldes dos 707 que voaram na Pan Am nos anos 1960. Essa experiência se materializará em todos os elementos. Seja nos uniformes, no interior da aeronave ou nas louças do serviço de bordo.”
A expectativa é grande já que uma operação de guerra que durou sete horas, três carretas e dois guindastes envolvidos, no dia 14 de agosto do ano passado, em meio a pandemia, em plena madrugada nas ruas quase desertas de Brasília, foi realizada. O F100, ou MK28 como a Avianca o chamava, voou para seu destino final e para o novo futuro que o aguarda, no terreno da Igreja Batista. Agora é apertar os cintos de segurança e dar asas à imaginação.
Como será o projeto?
O Pan Am Brasil será um misto de várias ações. Um projeto social que atenderá escolas públicas e comunidades carentes do Distrito Federal, além da terceira idade. Haverá uma base para ensino e treinamento para futuras tripulações (eles possuem uma parceria com a única escola de formação de comissários do DF). Gastronomia e entretenimento também estarão presentes. O que for arrecadado com os jantares e eventos será revertido para ações beneficentes. A própria igreja irá utilizar o espaço para atendimento infantil.
Quando ficará pronto e como irá funcionar?
Previsão é que tudo fique pronto no final do mês de abril |
A previsão de conclusão das obras é final de abril. O início das operações regulares em junho depende da evolução da vacinação e da contenção da pandemia. O funcionamento do projeto é similar ao de uma empresa aérea. Há um site onde serão disponibilizados os “voos” e os destinos. O passageiro pode adquirir tudo pelo site, marcar assentos e indicar restrições alimentares.
No dia do evento, terá check-in, emissão de cartão de embarque e sala de espera. O embarque remoto como era feito antigamente e a experiência interna vai surpreender. A equipe uniformizada irá receber os passageiros com welcome drink, após a acomodação de todos nos assentos. Haverá decolagem com efeitos visuais e sonoros. O avião vai “tremer e vibrar”. O serviço de bordo será por meio dos trolleys com bandejas e louças da época. Já o cardápio será de primeira classe.
Via Marcelo Chaves (Jornal de Brasília) - Fotos: César Rebouças
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