sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Novo acidente aéreo é questão de tempo, afirma presidente interino da Infraero

Cleonilson Nicácio Silva assume hoje interinamente a presidência da Infraero

Para ele, tragédias sempre ocorrerão porque "todos são humanos e erram" e, por isso, funcionários citados em inquérito terão apoio jurídico


ANDREA MICHAEL
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de operações da Infraero, brigadeiro Cleonilson Nicácio Silva, assume hoje interinamente a presidência da empresa no lugar de Sérgio Gaudenzi, que se demitiu por discordar da decisão do governo de privatizar os aeroportos.

Nicácio evita a polêmica, mas não se furta de outra. Ele diz que sua gestão dará "todo suporte jurídico" aos quatro funcionários da Infraero apontados pela polícia de SP entre os responsáveis pelo acidente da TAM. E que "é questão de tempo" para que tragédias voltem a ocorrer, porque errar é humano. Leia trechos da entrevista.

FOLHA - O sr. assume a Infraero enquanto o governo discute a concessão dos aeroportos para a iniciativa privada. Qual a sua posição?

CLEONILSON NICÁCIO DA SILVA - A Infraero é a terceira maior do mundo em embarque e desembarque de passageiros. Devemos chegar neste ano a 120 milhões. Crescemos à média de 10% ao ano. É uma empresa sadia. Agora, mudança de modelo não é da nossa alçada, é assunto de governo, que é o acionista único e principal da empresa.

FOLHA - O sr. no comando seria um obstáculo à privatização?

NICÁCIO - Não. Vou ficar na empresa por um período de transição, meu tempo é limitado [pelas regras da Aeronáutica, em julho de 2009 ele tem que retornar para a ativa] e continuarei fazendo o que sempre fiz.

FOLHA - Como o sr. avalia o caso do acidente da TAM, em que servidores da Infraero foram responsabilizados pela polícia de São Paulo?

NICÁCIO - Sou aviador, pilotei Boeing 737, voei com o papa, com o presidente e sei a responsabilidade, tanto da pessoa mais simples, que é o caso dos dois garotos em Congonhas [que liberaram a pista no dia do acidente, após medição] quanto do piloto. Ninguém brinca com a vida, até porque, quando se está no avião, o primeiro a morrer é o piloto. O pára-choque do avião é a cabeça do piloto. Sempre ocorreram e sempre ocorrerão acidentes aeronáuticos. E não acabou. Quem acha que nunca vai haver um acidente igual ao da TAM, da Gol, da Vasp, isso é questão de tempo.

FOLHA - Mas a investigação policial apontou culpados...

NICÁCIO - A polícia faz o que ela quer. A da Aeronáutica não tem o caráter de buscar o culpado.

FOLHA - O que será feito com relação aos funcionários da Infraero apontados no inquérito da polícia?

NICÁCIO - Daremos suporte jurídico porque temos certeza de que não estão errados. Todos são humanos, todos erram.

FOLHA - Como vai ser a operação Feliz 2009?

NICÁCIO - Vamos reforçar todos os aeroportos geradores e receptores de tráfego. Nos principais, o desembarque será mais rápido. Haverá pessoas para liberar o fluxo de bagagens.

Fonte: Jornal Folha de S.Paulo

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