segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Sem cadeira de rodas a bordo, jornalista foi forçado a se arrastar pelo avião para chegar ao banheiro

(Imagem via X de Frank Gardner)
Um renomado jornalista da BBC, que ficou parcialmente paralisado após um ataque a tiros na Arábia Saudita em 2004, relatou ter sido forçado a se arrastar pelo corredor de um avião da polonesa LOT Polish Airlines devido à ausência de uma cadeira de rodas a bordo e de ajuda.

O premiado correspondente de segurança Frank Gardner, de 63 anos, estava viajando de Varsóvia para Londres na última segunda-feira (31) quando descobriu que a companhia aérea não ofereceu naquele voo suporte adequado para passageiros com deficiência que precisam utilizar o banheiro durante o voo.

“É 2024 e eu tive que me arrastar pelo chão deste voo da LOT Polish Airlines para chegar ao banheiro, pois ‘não temos cadeiras de rodas a bordo. Essa é a política da companhia aérea’“, escreveu Gardner em um post no X (anteriormente Twitter). “Se você é deficiente e não pode andar, isso é simplesmente discriminatório“, acrescentou.

Gardner foi alvejado seis vezes em junho de 2004, enquanto fazia reportagens em um bairro problemático de Riad, capital da Arábia Saudita. O ataque, conduzido por homens armados afiliados à Al-Qaeda, deixou Gardner permanentemente paralisado após uma das balas atingir seus nervos espinhais. Tragicamente, seu cinegrafista, Simon Cumbers, foi morto no dia.

Frank Gardner disse que a experiência no voo foi "humilhante"
Apesar dos ferimentos, Gardner retornou à BBC apenas um ano depois e continua a cobrir questões de segurança global, incluindo o conflito em andamento na Ucrânia.

Em uma atualização no X, Gardner elogiou a tripulação do voo: “Para ser justo, a equipe foi extremamente prestativa. Não é culpa deles, e sim da companhia aérea. Não voarei mais pela LOT até que se adaptem ao século 21.“

Em 2022, a Autoridade de Aviação Civil do Reino Unido criticou severamente as companhias aéreas por falhas no atendimento a passageiros com deficiência, expressando preocupação com relatos de passageiros deixados presos em aviões ou com cadeiras de rodas danificadas.

Gardner já havia enfrentado um incidente semelhante quando foi abandonado em um avião no Aeroporto de Heathrow, em Londres, por falta de funcionários disponíveis para trazer sua cadeira de rodas especializada do porão até a porta da aeronave. Na ocasião, Gardner acusou o aeroporto de Heathrow de tratar passageiros com deficiência como “a menor prioridade“.

Muitas companhias aéreas dispõem de cadeiras de rodas especiais para o corredor, utilizadas para transportar passageiros com deficiência de seus assentos até o banheiro durante o voo. No entanto, esse serviço não é amplamente divulgado, dificultando para os passageiros saber quais empresas oferecem esse recurso.

Via Juliano Gianotto (Aeroin)

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