Primeira aeronave da Itapemirim, o Airbus A320 PS-SPJ (Foto: Itapemirim Transportes Aéreos) |
O jornal diz que o pagamento dos salários atrasou “de dois a cinco dias”, enquanto outros benefícios, como vale-refeição e diária, atrasaram até três meses, embora os valores tenham sido liquidados um dia antes da publicação do relatório.
As preocupações com as condições de trabalho no ITA, como também é chamada a empresa, levaram o Sindicato Nacional dos Aeronautas a convocar uma reunião com os associados que trabalham na companhia aérea na sexta-feira anterior.
Outras reclamações, diz O Estado de S. Paulo, vão desde a falta de comunicação entre funcionários e lideranças até o desconhecimento dos pagamentos pactuados, uma vez que não havia valores específicos liquidados antecipadamente.
“No contrato de trabalho”, diz ela, “há apenas uma referência de que parte variável [do salário] vai seguir a política de remuneração da empresa.” Um funcionário disse ao jornal que o desemprego maciço no setor, desencadeado pelos efeitos colaterais da Covid-19, mas também pelo fracasso da Avianca Brasil em 2019, fez com que os funcionários aceitassem essas condições.
Itapemirim, de acordo com os dados mais recentes do Planespotters.net, está operando atualmente quatro Airbus A320-200s. Todos estão configurados para 162 passageiros. O site informa que estão vencidos mais 11 do modelo, além de dois Airbus A319.
A companhia aérea disse ao jornal Folha de S. Paulo que um “problema técnico impediu a empresa de centralizar o pagamento de seus funcionários em um único banco”, gerando atrasos. O ITA também afirmou que “todos os funcionários foram informados sobre o assunto” e que “os últimos pagamentos foram acertados em 10 de agosto”.
Outra questão levantada por fontes do Estado de São Paulo é que “às vezes, os pagamentos são feitos via PIX [uma espécie de repasse bancário no Brasil] por empresas que fazem parte do Grupo [de Itapemirim], como Viação Itapemirim e Viação Caiçara, mas não pelo ITA.”
Daniela Rocha Silva, diretora de marketing do grupo, disse que todas as transações estão registadas no balanço do grupo. No entanto, as duas empresas mencionadas estão vinculadas ao processo de recuperação judicial do Grupo Itapemirim, equivalente no Brasil ao Capítulo 11 do processo de falência.
O ITA não está incluído no processo. No entanto, credores reclamam que recursos de liquidação estão sendo direcionados ao empreendimento aéreo, que já queimou 42,5 milhões de reais (US$ 8,10 milhões) dos recursos da holding, diz O Estado.
Desde fevereiro do ano passado, o dono do Grupo Itapemirim, Sidnei Piva de Jesus, havia afirmado que investidores de Abu Dhabi colocariam US $ 500 milhões no grupo. Entre outros empreendimentos, o dinheiro serviria para abrir a companhia aérea. Até agora, o dinheiro nunca chegou e nenhum outro detalhe foi divulgado, então todos os fundos para abrir a companhia vieram do grupo. É isso que inquieta os credores, alguns dos quais também reclamam de atrasos nos pagamentos.
Reportagem da seção Radar Econômico da revista VEJA afirma que a EXM Partners, gestora judicial do processo falimentar, sugeriu a inclusão de um “cão de guarda” para acompanhar os movimentos dos grupos de forma a resguardar os interesses dos credores. O grupo defendeu-se respondendo que a EXM já emprega um, alegando que, ao fazer tal pedido, “[ele] só quer perturbar a saída do grupo do processo de recuperação judicial”. A Itapemirim requereu sua saída em maio.
Por João Machado (Airline Geeks)
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