Soldados colombianos passaram a manhã do dia 1.º vasculhando o campo; equatorianos só chegaram à noite
Um Supertucano da Força Aérea Colombiana
A Operação Fênix, o golpe fulminante que dizimou o acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no Equador e resultou na morte de um dos seus principais líderes, Raúl Reyes, deu-se em duas etapas com três horas de diferença. No primeiro ataque, realizado entre meia-noite e 1 hora de sábado, dia 1º, aviões Supertucanos fabricados pela Embraer lançaram pelo menos seis bombas de 115 kg.
Às 3 horas, os colombianos lançaram outras quatro bombas no acompamento. Nos dois momentos, após o bombardeio, helicópteros ainda investiram contra os guerrilheiros no chão. Cada ataque teve aproximadamente uma hora de duração. No total, foram lançadas dez bombas em duas linhas paralelas.
Essas informações foram dadas por três guerrilheiras - duas colombianas e uma mexicana - que sobreviveram, em depoimentos a militares do Equador. Segundo o coronel José Nuñez, comandante do Batalhão 54 de Operação Especiais na Selva, elas contaram que os aviões surgiram na noite de Angostura, do lado equatoriano da fronteira, vindos da Colômbia no sentido norte-sul. Em uma linha perpendicular à rota dos aviões, helicópteros metralharam o acampamento para ter certeza de que não haveria sobreviventes.
No local, que a reportagem do Estado sobrevoou na última quinta-feira, há marcas de tiros calibre .50 de metralhadora em panelas e árvores. Mas o que mais impressiona são as crateras abertas na floresta de Angostura, na Amazônia equatoriana. Na primeira incursão, as bombas, que têm o poder de devastar com estilhaços tudo o que encontra num raio de 700 metros, produziram seis grandes buracos.
Reyes, que se encontrava em seu confortável espaço no centro do acampamento, uma espécie de gabinete de guerra, com TV e telefone por satélite, teria sido atingido pela primeira chuva de bombas. Ele era o alvo principal da Operação Fênix. “Os colombianos usaram tecnologia militar americana para localizar a presença humana na floresta por meio de sensores térmicos. Assim, foi possível determinar o local onde se escondiam os guerrilheiros”, explicou o coronel Nuñez.
No segundo ataque, às 3 horas da manhã, as bombas lançadas abriram quatro grandes buracos na floresta. Dessa vez, os aviões vieram da fronteira colombiana no sentido contrário, sul-norte. Mais uma vez, os helicópteros cruzaram a linha dos guerrilheiros cuspindo fogo com suas metralhadoras de calibre .50. Nuñez estima que estavam no local cerca de 50 guerrilheiros das Farc. Os que sobreviveram ao primeiro ataque fugiram pelo rio na direção da Colômbia em botes e canoas a motor.
Às 5 horas da manhã, os colombianos desembarcaram no acampamento, utilizando helicópteros. Resgataram o corpo de Reyes e seu fiel escudeiro. Durante cinco horas, vasculharam a área e levaram tudo que era importantes para a guerrilha: dinheiro, computadores, documentos e informações estratégicas e táticas das Farc.
O Exército equatoriano chegou no início da noite daquele mesmo dia e encontrou os corpos dos guerrilheiros mortos. Nuñez afirmou que o próprio Exército equatoriano poderia ter realizado a operação, caso a Colômbia tivesse pedido ajuda. O retrospecto de cooperação entre os dois países no combate à guerrilha é negativo. Eles já dividiram algumas informações confidenciais, mas na hora da batalha foi cada um por si. Na escalada da tensão, a confiança foi a primeira baixa.
Fonte: Expedito Filho (O Estado de S.Paulo) - Foto: EFE
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