As operações de busca do avião militar chileno que caiu no mar na sexta-feira (2) próximo à ilha de Robinson Crusoe, no Pacífico, indicam que os 21 passageiros a bordo do aparelho morreram de forma imediata. A confirmação, feita no final deste sábado (3), é do ministro da Defesa chileno, Andrés Allamand.
"Diante da busca que realizamos e das observações chegamos à conclusão de que o impacto foi de tal magnitude que produziu morte instantânea de todas as pessoas que estavam a bordo do avião", disse Allamand, na ilha de Robinson Crusoe.
De acordo com Allamand, que lidera os trabalhos de resgate, a conclusão é resultado das "evidências" observadas durante a operação de resgate realizada pela Força Aérea e a Marinha do Chile, envolvendo seis aviões e duas fragatas.
Até o momento, só foi possível resgatar quatro corpos, levados a Santiago, onde foram identificados como Erwin Núñez, cabo da Força Aérea, Galia Díaz, funcionária do Conselho Nacional de Cultura, Roberto Bruce, jornalista do canal TVN, e Silvia Slager, produtora da TVN.
Corpos levados a Santiago
Os quatro corpos de vítimas da queda de um avião que decolou ontem (2) do Chile foram trasladados na tarde deste sábado (3) para capital do país, Santiago. Eles foram localizados nesta manhã pela Marinha chilena e ainda não foram identificados.
"Nunca perdemos a fé, mas não queremos criar falsas expectativas", havia dito, mais cedo, o presidente Sebastián Piñera.
Segundo informações do jornal argentino “Clarín”, o traslado dos corpos a partir do arquipélago de Juan Fernández, a 670 quilômetros do litoral central do Chile, foi feito pelo inspetor-geral da Força Aérea do Chile, Ricardo Gutiérrez. De acordo com a Marinha, já há uma equipe disponibilizada na capital para o reconhecimento das vítimas.
Paralelamente, a busca pelos demais passageiros vai entrar em uma etapa submarina com oito mergulhadores especializados em trabalho de alta profundidade.
Os corpos resgatados hoje estavam sem coletes salva-vidas, o que poderia indicar que não tiveram tempo de se preparar para uma fuga de emergência, disse o prefeito de Juan Fernández, Leopoldo González, ao jornal chileno "La Tercera".
"Inicialmente se reportou um corpo feminino, posteriormente um corpo masculino e novamente um segundo corpo feminino. Estamos falando de três pessoas, ainda não identificadas", disse em Santiago o general Maximiliano Larraechea, secretário-geral das Forças Aéreas do Chile.
Os corpos "foram resgatados da água por moradores locais, aparentemente muito perto uns dos outros", afirmou Larraechea. O quarto corpo resgatado é de um homem, segundo informação do "La Tercera".
Corpos mutilados
Conforme informações do jornal chileno “El Mercurtio”, o presidente do sindicato de pescadores de Juan Fernández, Marcelo Rossi, relatou a uma rádio que os corpos localizados estão mutilados. “Não há dúvida de que morreram de forma instantânea”, disse. “Havia restos de fuselagem do avião espalhados por todos os lados pelo contato que o avião fez com o mar”, detalhou.
Desaparecimento
O avião de transporte CASA C-212 caiu na tarde de sexta-feira (2) no mar no arquipélago de Juan Fernández, a 670 quilômetros do litoral central do Chile. O acidente aconteceu após duas tentativas frustradas de aterrissar na ilha Robinson Crusoé, segundo o general da Força Aérea Maximiliano Larraechea.
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Vista aérea da ilha Juan Fernandez mostra a pista onde o avião que caiu deveria ter pousado |
Havia 21 pessoas a bordo, incluindo o apresentador Felipe Camiroaga, o mais popular da televisão chilena, e o empresário filantropo Felipe Cubillos, que apoiava a organização "Desafío Levantemos Chile", criada para impulsionar os trabalhos de reconstrução após o terremoto de fevereiro de 2010.
A provável morte de Camiroaga causou grande comoção no país. A equipe liderada pelo apresentador se dirigia à ilha para realizar uma reportagem sobre os trabalhos de reconstrução do povoado - de cerca de 600 habitantes - atingido por um tsunami no dia 27 de fevereiro de 2010.
Estavam a bordo também funcionários do Conselho da Cultura e pessoas da Força Aérea do Chile.
Operação de resgate
As autoridades chilenas iniciaram neste sábado uma intensa operação marítimo-terrestre para localizar os corpos das pessoas que estavam a bordo da aeronave.
A missão de resgate, formada por várias aeronaves e embarcações, é liderada pelo ministro da Defesa, Andrés Allamand, e o comandante-em-chefe da Força Aérea do Chile (FACh), o general Jorge Rojas.
A expedição partiu rumo ao arquipélago de Juan Fernández às 4h deste sábado, depois que o presidente chileno, Sebastián Piñera, anunciou que seriam adotadas "todas as medidas para esclarecer as circunstâncias" do acidente.
Moradores do arquipélago e alguns navios que se encontravam na zona também ajudam nas buscas. Nas próximas horas devem partir rumo ao local mais voos com equipes de resgate.
As buscas foram dificultados pelas "condições meteorológicas adversas e a escuridão" da zona, segundo Allamand.
O primeiro corpo foi encontrado às 07h20 (horário local e de Brasília) por funcionários da Marinha chilena.
Presidente do Chile
Ao chegar às instalações da Força Aérea de onde está sendo coordenada a operação de resgate, o presidente Sebastián Piñera declarou, na noite desta sexta-feira, que o acidente representa "um duro golpe para o país".
Apesar disso, Piñera manteve a reunião prevista com os líderes do movimento estudantil que há três meses travam uma queda de braço com as autoridades para exigir uma profunda reforma no sistema educacional.
Por outro lado, o desaparecimento do avião da Força Aérea motivou a suspensão do funeral do ex-presidente Salvador Allende, cujos restos mortais seriam enterrados neste domingo no cemitério geral de Santiago.
Fonte: UOL Notícias (com informações das agências internacionais) - Arte: G1 - Foto: Luis Hidalgo/Reuters