O chefe de polícia de Dubai disse nesta segunda-feira, 15, que um esquadrão de 11 integrantes, com passaportes europeus e disfarçados com perucas, barbas falsas e roupas de jogador de tênis estão por trás do misterioso assassinato de um comandante do Hamas em seu quarto de hotel, no mês passado, no emirado. As autoridades também divulgaram fotografias dos 11 suspeitos.
O general Dhahi Khalfan Tamim não implicou diretamente Israel na ação, como o grupo militante islâmico havia feito. No entanto, os detalhes divulgados nesta segunda são as mais abrangentes acusações das autoridades de Dubai desde que o corpo de Mahmoud al-Mabhouh foi encontrado no dia 20 de janeiro em seu quarto de hotel, nas proximidades do aeroporto internacional de Dubai.
A polícia de Dubai irá emitir mandados de prisão para os 11 europeus identificados como suspeitos pelo assassinato. Entre eles há cidadãos de Grã-Bretanha, Irlanda, Alemanha e França.
Segundo o policial, um importante suspeito, portador de passaporte francês, deixou Dubai com destino a Munique, via Qatar. Ele não descarta o envolvimento do Mossad (serviço de inteligência de Israel). "Quando prendermos esses suspeitos saberemos quem foi o mentor."
Tamim contou detalhes da operação altamente organizada nas horas anteriores ao assassinato, claramente realizada com o conhecimento dos movimentos da vítima. Segundo ele, os assassinos passaram menos de um dia no país. Testes indicaram que al-Mabhouh morreu por sufocamento, mas exames laboratoriais ainda estão sendo realizados para detalhar outros fatores para sua morte.
Metodologia
Durante a coletiva de imprensa realizada nesta segunda, Tamim mostrou vídeos de segurança do grupo de assassinos chegando em voos separados a Dubai no dia anterior ao que al-Mabhouh foi encontrado morto. Os integrantes do suposto esquadrão hospedaram-se em hotéis diferentes. Nas imagens de segurança, a única mulher do grupo de suspeitos parece estar usando uma peruca e, algumas vezes, um grande chapéu e óculos de sol, para se misturar aos turistas. Os demais também tentam parecer turistas, usando roupas de tenistas e carregando raquetes.
Os suspeitos são vistos entrando e saindo do hotel, juntos ou em pares, no lobby do hotel e entrando e saindo do elevador no andar em que al-Mabhouh estava hospedado. Eles aparecem individualmente, algumas vezes em pares ou em grupos de três ou quatro.
De acordo com Tamim, eles pagaram todas as contas em dinheiro e usaram diferentes cartões de telefone celular para não deixar pistas. O assassinato levou apenas dez minutos. Em alguns momentos da ação, vários integrantes do esquadrão seguiram o homem do Hamas - até mesmo correndo para pegar o mesmo elevador que ele para determinar o número de seu quarto - e se hospedaram em um quarto próximo. Quatro assassinos do grupo mais tarde entraram em seu quarto no hotel Al-Bustan Rotana enquanto ele estava fora, usando um aparelho eletrônico para abrir a porta. Eles esperaram até que al-Mabhouh voltasse.
O grupo também foi cuidadoso em não tirar nada do lugar no quarto e, de alguma forma, trancar a porta do lado de dentro para que a vítima não percebesse que havia pessoas estranhas no interior. Após a ação, o grupo foi para o aeroporto. Alguns pegaram aviões para a Europa e outros para a Ásia.
"O Hamas não nos disse quem ele era. Ele andava sozinho", disse Tamim, explicando que as autoridades não sabiam que al-Mabhouh era uma figura tão importante. "Se ele era um líder tão importante, por que não havia pessoas o escoltando?", questionou. O assassinato ocorreu cerca de cinco horas depois de al-Mabhouh ter chegado ao hotel. Todos os 11 suspeitos deixaram os Emirados Árabes Unidos 19 horas após terem chegado.
Prisão
O policial afirmou que os mandados de prisão serão expedidos em breve.
Tamim afirmou ainda que dois palestinos suspeitos de apoio logístico à morte de Mabhouh foram presos. A TV Al Arabiya disse que a dupla foi entregue pela Jordânia.
Em nota, o chefe de polícia disse que os Emirados Árabes Unidos, onde há pouca criminalidade, "não permitirão que seu território seja usado como arena para acerto de contas, qualquer que seja sua natureza ou a causa, ou qualquer que seja a filiação dos envolvidos." "Os Emirados são um país de justiça e estado de direito," acrescentou.
Fonte: Agência Estado via Estadão (com informações da Associated Press e Reuters) - Foto: AP/Assessoria de Imprensa de Dubai