![]() |
| Interior do B-2 Spirit, o bombardeiro mais letal dos EUA (Imagem: Reprodução/Youtube/Newsweek) |
Os pilotos envolvidos no ataque dos Estados Unidos ao Irã no último sábado foram responsáveis por uma missão inédita: lançar bombas destruidoras de bunkers com o avião B-2 Spirit, em um voo de quase 40 horas ininterruptas entre os dois países.
O que aconteceu
As usinas nucleares de Isfahan, Natanz e Fordow foram alvo dos ataques em território iraniano. Para realizar a missão, os B-2 Spirit atravessaram parte do globo em uma viagem que durou 37 horas. As informações são do jornal norte-americano The New York Times com o auxílio de Steven Basham, tenente-general reformado, que pilotou o avião em missões de treinamento e combate por nove anos.
Complexo da Usina Nuclear de Fordow, no Irã, em 20 de junho (à esquerda), antes do ataque dos EUA, e em 22 de junho, após ataque. Análise das duas imagens em comparação com registros anteriores, de 2009, revelam que americanos atingiram dutos de ventilação
Sete bombardeiros B-2 Spirit foram usados no ataque. Cada uma das aeronaves tinha dois pilotos, totalizando 14 militares. Conforme o NYT, para alguns destes 14 pilotos a missão no Irã foi, possivelmente, a primeira vez que levaram o B-2 ao combate real e lançaram bombas. Os ataques também marcaram o primeiro uso de GBU-57, potente bomba antibunker, em combate.
Conhecidas como "fura-bunker", cada bomba carrega 2.400 quilos de explosivos. Lançadas de uma altura de 12 quilômetros, elas têm poder de penetrar até 61 metros de profundidade antes de explodir. Apesar de a Força Aérea dos EUA ter à disposição outros bombardeiros, o B-2 é o único capaz de lançar a GBU-57, que pesa 13.600 quilos.
![]() |
| Vídeo do Departamento de Defesa mostra uso inédito de bomba anti-bunker dos EUA em ataques ao Irã (Imagem: @DODResponse) |
Analisando a missão real, Basham indica pontos que podem ter exposto o B-2 Spirit a radares inimigos. Segundo ele, a abertura das portas do compartimento de armas pode ter alterado momentaneamente o formato do avião. Após a liberação das bombas que, juntas, somavam toneladas, os aviões B-2 ficaram instantaneamente mais leves e "provavelmente subiram rapidamente".
Treinamento intenso e preparação
Segundo Basham, os pilotos envolvidos passaram por um longo treinamento até serem enviados para a missão recente. Nos anos que a antecederam, os militares passaram pelo menos 24 horas seguidas em um simulador de voo que replica a cabine do B-2. De acordo com o tenente, quase todos os detalhes da missão, realizada a partir da Base Aérea de Whiteman, no Missouri, seria parecido com estas simulações.
Nas semanas e nos dias mais próximos ao início da tarefa, as simulações levaram os pilotos para regiões montanhosas. Neste novo cenário, eles treinaram atacar alvos enterrados para se acostumar com o ambiente montanhoso e fortificado que veriam ao chegar no Irã, onde utilizaram 14 bombas GBU-57.
As primeiras missões de mais de 30 horas do B-2 ocorreram durante a guerra do Kosovo, em 1999. Desde então, a Força Aérea norte-americana vem aprimorando seus cuidados com os militares, que costumam voar entre os EUA e países da Europa e da Ásia sem pousar —o B-2 é reabastecido durante o voo por outras aeronaves. Até hoje, o recorde operacional do B-2 Spirit é de 44 horas, em uma missão em 2011 no Afeganistão.
As longas horas dentro do B-2 exigem preparo físico dos pilotos. Segundo o NYT, médicos e fisiologistas da Base Aérea de Whiteman trabalham para ajudar os militares nesta preparação. Até mesmo o sono dos pilotos é ajustado antes que eles partam para a missão, com o objetivo de sincronizar o relógio biológico conforme a necessidade.
As instalações do avião também são adaptadas para estes longos períodos. Atrás da cabine, há um banheiro químico que os pilotos podem utilizar. Para evitar eventuais maus odores, eles contam com aromatizadores de ambiente.
Caso não queiram ou não possam deixar as respectivas poltronas, os pilotos podem utilizar fraldas e urinóis disponibilizados em seus equipamentos. Segundo o NYT, os pilotos devem permanecer em seus assentos durante a decolagem, o pouso, os reabastecimentos em voo e durante todo o tempo em que estiverem sobrevoando território inimigo.
Para descansar, os oficiais têm colchonetes ou uma cama dobrável atrás dos assentos. É possível carregar alimentos e há um micro-ondas a bordo para esquentar a comida durante o voo.
Via UOL



Nenhum comentário:
Postar um comentário