terça-feira, 8 de novembro de 2022

Este avião da Lufthansa vai ser abastecido só com hidrogênio

A Lufthansa pegou num velho Airbus A320 com 30 anos e transformou-o de forma a poder ser abastecido com hidrogênio, que por sua vez vai alimentar uma célula de combustível que produzirá eletricidade.


Depois de agendar o fim dos motores de combustão nos automóveis e veículos comerciais ligeiros no mercado europeu para 2035, existindo igualmente no mercado uma profusão de camiões pesados eléctricos alimentados por baterias e células de combustível a hidrogénio, eis que a necessidade de reduzir as emissões poluentes de meios de transporte que usam motores que queimam combustíveis fósseis parece concentrar-se nos aviões. A Lufthansa mostrou o primeiro protótipo de um velhinho A320 transformado para testar abastecimentos de hidrogénio.

O avião em causa esteve ao serviço da empresa de aviação germânica durante 30 anos, tendo sido recentemente desactivado. Isto abriu a oportunidade de transformar o velho aparelho num laboratório com asas, para testar o uso de hidrogénio em aviões e em condições reais num aeroporto funcional, em Hamburgo.

Denominado Hydrogen Aviation Research Lab, o aparelho está agora ao serviço da Lufthansa Technik, que está encarregue de o transformar, instalando a bordo uma série de sensores e sistemas de teste, além de um depósito para hidrogénio e uma célula de combustível que junta este gás e oxigénio para produzir electricidade, que será utilizada pela fazer deslocar o A320. Paralelamente ao avião modificado, irá surgir no aeroporto de Hamburgo um posto de abastecimento de hidrogénio.


Associado a tudo isto está um laboratório que analisará os resultados recolhidos e testará soluções futuras. O A320 não voltará a voar, mas será rebocado da Lufthansa Technik para o local de testes em condições reais dentro do aeroporto. “Com o Hydrogen Aviation Research Lab, Hamburgo embarcou num grande projecto, que irá permitir o uso de hidrogénio como combustível para a aviação”, destacou o senador alemão Michael Westhagemann, presente na apresentação.

Com a Lufthansa Technik e o A320 transformado num laboratório com asas, os alemães podem agora concentrar-se na manutenção e reabastecimento de hidrogénio de aviões comerciais, o que será determinante para criar uma infraestrutura de hidrogénio, de forma a tornar a aviação mais sustentável. Sabemos que para abastecer um automóvel com um depósito de 6 a 9 kg de hidrogénio, o suficiente para garantir uma autonomia de até 600 km, bastam 3 a 5 minutos. Mas um avião de grandes dimensões, que necessita entre 15 e 20 toneladas de combustível fóssil, deverá precisar de 4 a 6 toneladas de hidrogénio para um voo de 6000 km. E 6 toneladas de hidrogénio, mesmo armazenado a 700 bar (a pressão utilizada nos automóveis com fuel cell, que baixa para 350 bar nos camiões) implicaria, teoricamente, 55 horas para reabastecer.

Westhagemann aproveitou para salientar que “com este projecto, conseguiremos não só desenvolver uma economia suportada no hidrogénio em Hamburgo, como contribuir para a descarbonização dos meios de transporte”, no caso a aviação, um dos mais poluentes. Tudo com o recurso do Fundo Especial para a Aviação, criado pelo Governo germânico.

Via O Observador (Portugal)

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