O governo americano pediu para que as companhias aéreas modifiquem suas aeronaves para facilitar o tráfego aéreo entre dois estados.
Com a chegada do inverno no hemisfério norte, vários turistas se deslocam para o sul a fim de fugir da neve e clima gelado, sendo a opção favorita dos americanos a Flórida. Com isso, os voos para o estado americano aumentam significativamente e, por consequência, o tempo de voo também, gerando certo congestionamento no espaço aéreo, em especial de Orlando e Miami.
No entanto, o governo dos EUA, através do Departamento dos Transportes (DOT) e da FAA, a Agência de Aviação Civil americana, descobriram que existe uma maneira “simples” de reduzir os atrasos e minimizar os congestionamentos, mas ela não deve ser de agrado das companhias aéreas.
Para exemplificar, foi feito um estudo que considerou rotas entre a Carolina do Norte e a Flórida, e detectou que os voos são feitos sempre “margeando” a costa leste americana, ao invés de irem diretamente, passando pelo mar.
Na imagem abaixo, por exemplo, o voo AA-671, da American Airlines, entre Raleigh-Durham, capital e segunda maior cidade da Carolina do Norte, e Miami, maior região metropolitana da Flórida, sobrevoa a costa, mas não em linha reta pelo mar. Isso tem um motivo: a aeronave não é preparada pra este tipo de voo sobrevoando o Oceano Atlântico, segundo as leis dos EUA.
Isto porque, para realizar voos de mais de 185 km distantes da costa, é necessário que a aeronave tenha equipamento adicional de salvamento, como botes com pistolas sinalizadoras, coletes salva-vidas com luz de sinalização, rádio a prova d’agua e alimentação de sobrevivência. As aeronaves que têm esse equipamento são as chamadas de “maritimizadas”.
No Brasil, as regulações são similares e algumas companhias aéreas mantinham jatos “maritimizados” para voar sem escalas entre o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e o Rio de Janeiro, por exemplo, quando se afastava mais da costa.
Acontece que para manter uma parte da frota ou toda ela desta maneira não é barato e gera um custo operacional maior por causa do peso a mais levado no avião, além da necessidade de treinamento extra para os comissários e pilotos. Com isso, ao longo dos anos, este tipo de equipamento foi retirado da maioria das aeronaves de menor curso – apesar delas contarem com escorregadeiras que se transformam em botes.
Isto fez com que as empresas preferissem fazer uma rota maior, gastando mais combustível a uma mais reta, levando mais equipamentos de sobrevivência. A única exceção são os voos para o Havaí, que obrigatoriamente sobrevoam o oceano, mas para estes existe uma frota dedicada de aviões mantida na costa oeste do país.
Agora, o Secretário do DOT, Pete Buttigieg, quer mudar isso e enviou uma carta às companhias aéreas americanas pedindo para que adaptassem os aviões para este tipo de voo, citando que isso aliviaria o espaço aéreo, e também poluiria menos. A maior afetada, nesse caso, seria a American Airlines, que tem mais da metade da fatia de mercado na Carolina do Norte e também é a que tem mais voos para a Flórida, além de ter dois gigantes centros de operações nos dois estados: Miami e Charlotte.
A resposta das empresas aéreas, através da associação Airlines 4 America (A4A), foi dura, mas não é nova: o governo americano estaria tentando evitar um novo caos aéreo de alta temporada, colocando a culpa nas companhias aéreas e não na falta de controladores de voo.
Segundo a associação informou à televisão WRAL, afiliada da NBC News, os números de voo já superaram os pré-pandemia na região da Carolina do Norte, mas a FAA aumentou em apenas 10% o número de controladores. Citando outra associação, a de controladores de tráfego aéreo, a A4A afirma que este aumento não é suficiente, e que novamente problemas serão enfrentados, mesmo com um desvio custoso pelo mar.
Apesar da carta de Buttigieg, a passagem pelo mar continua sendo de livre e espontânea vontade das companhias aéreas.
Via Carlos Martins (Aeroin)
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