O avião que levava a cantora Marília Mendonça e que caiu na tarde desta sexta-feira (5), na zona rural de Piedade de Caratinga (a 309 quilômetros de Belo Horizonte), estava regular e é considerado um dos mais confiáveis e seguros da aviação, segundo pilotos ouvidos pelo UOL.
Com a queda, morreram a cantora, seu produtor Henrique Ribeiro, seu tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho, além do piloto e copiloto do avião. A aeronave tinha como destino Caratinga (MG), onde seria feita uma apresentação nesta noite.
Segundo o capitão Jefferson, representante da Polícia Militar de Minas Gerais, o avião teve dificuldade de pousar e tentou uma aterrisagem na zona rural, uma região cheia de cachoeiras e pedras. Segundo a Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais), o bimotor que levava a cantora atingiu um cabo de uma torre de distribuição de energia da empresa em Caratinga.
As informações ainda são vagas, e não permitem compreender o que ocorreu ou contribuiu de fato para a queda do avião.
Seguro e confiável
Avião do modelo usado pela cantora Marília Mendonça (Foto: Peter Bakema/Reprodução) |
Ainda segundo os pilotos ouvidos pelo UOL, o modelo, um Beechcraft King Air C90A, é um dos mais confiáveis, e era seguro de ser operado. O avião que caiu pertence à PEC Taxi Aéreo, empresa sediada em Goiânia, e foi comprado em julho de 2020, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Esse modelo do King Air foi fabricado em 1984 e tinha capacidade para transportar até seis pessoas. Tem dois motores e um peso de 4.756 Kg, segundo a Anac. A validade de seu certificado de aeronavegabilidade, que permite a ele operar, tinha validade até 1º de julho de 2022.
Ele ainda poderia voar em situações de baixa visibilidade, principalmente em condições de voo por instrumentos e noturno. 16 acidentes em dez anos O avião pertence à família King Air, que vem sendo fabricada desde a década de 1960.
Existem cerca de 324 aviões do modelo ativos no Brasil. Ao todo, esse avião se envolveu em 16 acidentes nos últimos dez anos, segundo dados do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
A maior parte desses acidentes estava relacionada à falha humana ou tinham um fator humano como desencadeador da falha.
Segundo Miguel Angelo Rodeguero, diretor de segurança operacional da Aopa Brasil (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves), é cedo para definir o que pode ter ocorrido.
"Qualquer afirmação sobre as causas do acidente ainda é prematura. As causas serão investigadas pelos órgãos responsáveis, que irão emitir um relatório quando os trabalhos forem concluídos", diz o piloto.
Denúncias contra a empresa
Um ofício do MPF encaminhado à Anac em junho, ao qual o UOL teve acesso, elencava algumas denúncias contra a PEC Taxi Aéreo. Nele, é informado que a empresa teria instalação precária de macas e cabeamento de oxigênio nos aviões, assim como problemas com a limpeza, o que se torna um problema maior com transporte de pacientes com Covid-19.
Também é apontado que a empresa, supostamente, não respeitaria as folgas dos pilotos, e que teria ganhado licitações de maneira irregular. Uma das denúncias, em especial se refere ao avião que caiu hoje. Nela, é relatada que o exemplar estaria com problemas no para-brisa, o que o deixaria embaçado, prejudicando pousos e decolagens.
Tais fatos teriam sido apresentados à Anac, que não teria feito a vistoria necessária. O UOL entrou em contato com a Anac e com a empresa em busca de um posicionamento de ambas. Não foi enviada resposta até a publicação do texto.
Por Alexandre Saconi (UOL) / O Globo
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