Alerta foi feito por subsecretário para Políticas de Defesa ao Congresso americano nesta terça-feira.
Logo do Pentágono vista em uma porta de acesso à sala de reunião |
A comunidade de inteligência americana avaliou que o Estado Islâmico no Afeganistão poderia ter a capacidade de atacar os Estados Unidos em apenas seis meses, e tem a intenção de fazer isso, disse um alto funcionário do Pentágono ao Congresso em Washington nesta terça-feira.
As observações do subsecretário para Políticas de Defesa, Colin Kahl, são o mais recente lembrete de que o Afeganistão ainda pode representar preocupações de segurança nacional para os Estados Unidos, mesmo depois da saída das tropas americanas do país em agosto.
Os talibãs, que retomaram o poder no Afeganistão em meados de agosto, são inimigos do Estado Islâmico — cuja sucursal afegã é conhecida pela sigla Isis-K — e viram suas tentativas de impor a lei e a ordem após a retirada dos EUA frustradas por causa de atentados suicidas e outros ataques reivindicados pelo adversário.
Houve atentados a bomba contra alvos da comunidade xiita, minoritária no país, e até mesmo a decapitação de um membro da milícia talibã na cidade oriental de Jalalabad. Em depoimento à Comissão das Forças Armadas do Senado, Kahl disse que ainda não estava claro se o Talibã tem a capacidade de lutar eficazmente contra o Estado Islâmico após a retirada dos EUA em agosto.
— É nossa análise que os talibãs e o Isis-K são inimigos mortais. Portanto, o Talibã está altamente motivado a ir atrás do Isis-K. Sua capacidade de fazer isso, eu acho, deve ser firme — disse Kahl.
O subsecretário americano estimou que o Estado Islâmico dispõe de um "quadro de alguns milhares" de combatentes.
Ataque em Kundz já é considerado o mais fatal desde que o Talibã assumiu o poder do Afeganistão |
O ministro interino das Relações Exteriores do novo governo talibã , Amir Khan Muttaqi, disse que a ameaça dos militantes do Estado Islâmico será enfrentada. Ele afirmou também que o Afeganistão não se tornaria uma base para ataques a outros países.
Kahl indicou na Comissão que a al-Qaeda poderia uma situação mais complexa no Afeganistão, dados seus laços com o Talibã. Foram esses laços que desencadearam a intervenção militar americana no Afeganistão em 2001, após os ataques da al-Qaeda em 11 de setembro daquele ano a Nova York e Washington, que deixaram cerca de 3 mil mortos. O Talibã tinha acolhido os líderes da al-Qaeda e abrigava o grupo no país.
Kahl disse que a al-Qaeda poderia levar "um ou dois anos" para recompor a capacidade de realizar ataques fora do Afeganistão contra os Estados Unidos.
O presidente democrata Joe Biden, que teve os índices de aprovação prejudicados com a atabalhoada retirada dos EUA do Afeganistão e a retomada do país pelos talibãs, disse que os americanos vão continuar vigilantes, realizando operações de coleta de informações que identifiquem ameaças de grupos como a al-Qaeda e o Isis-K.
Ainda assim, as autoridades americanas advertem privadamente que identificar e desestabilizar grupos como esses é extremamente difícil sem nenhuma tropa no país. Drones capazes de atingir os alvos do Estado islâmico e da al-Qaeda estão sendo levados de avião do Golfo Pérsico. Kahl disse que os Estados Unidos ainda não tinham nenhum acordo com os países vizinhos do Afeganistão para receber tropas que poderiam combater o terrorismo.
Via Reuters / O Globo
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