sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Polícia concluí inquérito de 'arrastão' em aeroporto que levou três aviões, entre eles o do cantor Almir Sater

Inquérito foi encaminhado ao poder judiciário para "agilizar" condenação de parte dos bandidos. Ao mesmo tempo, polícia civil de MS instaurou auto complementar e continua a fazer buscas para recuperar aviões.

A Polícia Civil concluiu o inquérito que apurava o "arrastão" no aeroporto de Aquidauana, na região oeste de Mato Grosso do Sul, em que foram levados três aviões, entre eles do cantor Almir Sater.

"A primeira fase foi concluída, com as prisões em flagrante e o inquérito segue para ação penal. Ao mesmo tempo, nós continuamos com as buscas para recuperar as aeronaves", explicou a delegada Ana Cláudia Medina, responsável pelas investigações.

Turismo dias antes do crime


Segundo a polícia, foram anexadas ao inquérito imagens de câmeras que mostram parte da ação dos suspeitos, além de um vídeo em que parte do grupo aparece tomando banho no rio Aquidauana, seis dias antes deles praticaram o crime.

Também foi registrado os suspeitos visitando uma boate da cidade. A polícia já conseguiu até mesmo as comandas de pagamento dos integrantes do grupo.

Mentor do crime está foragido


Foto ao lado: Preso condenado a 80 anos fugiu da cadeia e pode estar envolvido em roubo de aviões (Foto: Agepen-MS/Divulgação)

A investigação do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), até o momento, apontou que Laudelino Ferreira Vieira, o “Lino”, de 42 anos, é um dos mentores do crime. No dia 31 de maio deste ano, ele fugiu do presídio de segurança máxima, em Campo Grande, onde cumpria pena de 80 anos de reclusão.

“Lino” tem histórico de participação no mesmo tipo de crime, o roubo de três aviões em Corumbá, em janeiro de 2004, quando um piloto foi assassinado, e agora no aeroclube de Aquidauana, a 140 quilômetros de Campo Grande.

Conforme os depoimentos de dois envolvidos que foram presos pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar (BpChoque), Roger Breno Wirmond dos Santos, 22 anos, e Cristhofer Cristaldo Rocha, de 21 anos, o foragido dava as ordens por chamada de vídeo, de um local desconhecido.

Diante das informações, o juiz Alexsandro Motta, de Aquidauana, converteu a prisão de Roger e Cristhofer em preventiva e também concedeu ordem para a captura de Laudelino Vieira e mais três suspeitos: Lázaro da Silva Ramirez, em nome de quem estava a casa identificada pela polícia como base do bando, Ivanildo da Silva Dias, e Kevin Moreno, esse último de nacionalidade boliviana.

Ameaças


Aeronaves levadas por bandidos em MS durante a madrugada (6) (Foto: Polícia Civil/Divulgação)
Rendido durante o roubo dos aviões, o vigia do aeroclube de Aquidauana contou sobre como os suspeitos agiam. "Eles jogaram combustível em mim. Me ameaçavam o tempo todo. Fiquei nervoso, com medo", resumiu o vigia do local há 23 anos.

O vigia falou ainda que ao ser rendido, acreditou que os bandidos queriam dinheiro dele. "Eu disse: rapaz, eu não tenho dinheiro. Tenho R$ 100 na carteira. Aí ele falou: pode ficar sossegado. Nós só quer avião". Depois disso, fizeram mais ameaças, jogaram combustível e fugiram. "Pegaram três aviões e saíram. Saíram no escuro. Um atrás do outro", conta.

Antes de decolarem com as aeronaves, os suspeitos fizeram o abastecimento e, segundo o vigia, toda a ação durou cerca de uma hora.

A aeronave de Almir Sater era uma do tipo Sky Lane, matrícula PT-DST (Foto: Polícia Civil e Almir Sater)

Foram levados os seguintes aviões:

  • Um do tipo Bonanza V35B, matrícula PT-ING, de propriedade do pecuarista e político José Henrique Trindade;
  • Um do tipo Cessna 182P Skylane, matrícula PT-KDI, do pecuarista Zelito Alves Ribeiro e de seu sócio, Joel Jacques;
  • Um do tipo Cessna 182N Skylane, prefixo PT-DST, do cantor Almir Sater.
Ao G1, o cantor Almir Sater, proprietário de um dos aviões roubados lamentou a perda da aeronave. "Bens materiais a gente trabalha, mas espero que seja recuperado. Mas se não, vão os anéis e ficam os dedos".

Almir contou ainda que trabalhava no campo, em uma das fazendas no Pantanal, pouco antes de saber sobre o roubo da aeronave. "Estou no Pantanal. Estava no campo trabalhando, cheguei na hora do almoço e tinha por volta de 300 ligações", disse.

Por Graziela Rezende, G1 MS

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