segunda-feira, 11 de julho de 2011

Marca Webjet deverá desaparecer caso compra pela Gol seja aprovada


Presidente Constantino Junior não prevê aumento de tarifas ou demissões.

Empresa quer integrar clientes Webjet ao programa de milhagem Smiles.

O presidente da Gol Linhas aéreas, Constantino de Oliveira Junior, afirmou nesta segunda-feira (11) que a marca Webjet deverá desaparecer no futuro, caso a compra da companhia pela Gol seja concretizada e aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em teleconferência para detalhar o negócio, o executivo disse que não vê perspectiva de aumento de tarifas nem demissões por causa da aquisição, e que a intenção da Gol é renovar a frota da Webjet.

“Deverá se extinguir a marca Webjet, ficar com a marca Gol, e isso não implicaria aumento de custo por essa operação”, disse Oliveira Junior, em teleconferência para detalhar o negócio. Ele diz que ainda não comunicou oficialmente o Cade sobre o negócio; pela lei, o órgão regulador precisa ser avisado em até 15 dias do anúncio.

A Gol anunciou na sexta-feira (8) acordo de compra da Webjet, quarta maior companhia aérea do mercado brasileiro. O negócio ainda depende da aprovação dos órgãos reguladores para se tornar realidade e foi fechado em R$ 311 milhões, dos quais cerca de R$ 96 milhões serão pagos aos atuais sócios e R$ 200 milhões são dívidas da Webjet com bancos. Segundo Leonardo Pereira, vice-presidende financeiro da Gol, os principais credores da Webjet são os bancos Bradesco, Safra e Citibank; as dívidas vencem até 2015.

Tarifas

De acordo com a previsão de Constantino Oliveira Junior, a aquisição não deverá resultar em aumentos de tarifas para o consumidor. "Entendemos que com a compra da Webjet a Gol se fortalece, passa a ter condições de oferecer mais serviços, tornar o serviço mais atraente por um custo baixo para os nossos clientes", disse o executivo, que afirmou que o processo de consolidação do setor é uma "tendência mundial' e não traz prejuízos ao consumidor.

"É muito importante conseguir escala, se tornar menos suscetível ao preço do petróleo ou à oscilação da demanda. (...) No mundo desenvolvido existe a concentração e não significa que o consumidor seja prejudicado", avaliou.

O empresário citou que, mesmo quando o mercado brasileiro era dominado por somente duas companhias (TAM e Gol), o preço médio das passagens não deixou de decrescer ao longo dos anos.

Renovação da frota

Segundo o executivo, a Gol pretende renovar a frota da Webjet para adequá-la aos padrões atuais da Gol, que tem 115 aeronaves Boeing Next Generation 737-700 e 737-800, mais modernas que os 24 Boeing 737-300 atualmente operados pela Webjet.

"Estamos imaginando que se o Cade e a Anac aprovassem hoje a operação, por exemplo, poderíamos renovar toda a frota em 18 a 24 meses", estimou.

Para Constantino, o fato de as duas companhias operarem Boeings deve baratear o custo de treinamento de pessoal na renovação. "Torna bem mais barato o treinamento dos tripulantes, conseguiremos renovar a frota sem grandes investimentos em pessoal", estima.

Além disso, avalia o executivo, o custo de operação das companhias por assento é parecido. "Não teremos que fazer uma reestruturação grande para que consigamos imprimir o ritmo da Gol naquilo que hoje é a frota da Webjet", estima.

Integração

A ideia, segundo Constantino, é manter as duas marcas até que o negócio seja aprovado pelas autoridades e, a partir daí, iniciar o processo de integração. Segundo o executivo, tal integração seria possível porque as duas empresas atuam no segmento de baixa tarifa.

A estimativa da companhia é de que a integração gere sinergia de R$ 100 milhões em dois anos após a aprovação do negócio.

O executivo afirmou que a Gol pretende solicitar ao Cade que parte das operações das duas companhias seja integrada mesmo antes da aprovação final do negócio pelo órgão.

"Vamos solicitar ao Cade a possibilidade de fazer acordo de codeshare (compartilhamento de voos entre as duas companhias) tão logo como possível. Mas depende do Cade", afirmou. Outro ponto a ser solicitado pela Gol antes do veredito final do órgão regulador é o de permitir que clientes Webjet possam pontuar no programa de milhagens Smiles, da Gol.

“Pretendemos ampliar o programa Smiles para os clientes da Webjet com as mesmas regras da Gol”, afirmou o executivo, que destacou que a definição das regras ainda depende de autorização do Cade.

Demissões

Constantino Oliveira Junior disse ainda que a empresa não prevê demissões em caso de concretização do negócio, porque a Webjet já tem um quadro de funcionários que ele definiu como "enxuto", sem excesso de funcionários e com um nível de terceirização mais alto que da Gol.

"Por ter um quadro tão enxuto não acredito que haja um processo de demissão, pelo contrário, a gente tem condições de à medida que renovar a frota e tornar mais o processo da Webjet mais produtivo nos permitirá provavelmente continuar o processo de contratação que já temos hoje", disse.

Similaridades

Para Constantino, as características similares entre Gol e Webjet favorecem o negócio, como o fato de as duas se dedicarem ao segmento de tarifas de baixo custo e de trabalharem com aeronaves da Boeing.

"A Webjet tem a mesma proposta que Gol, operação enxuta, tarifas competitivas, facilitaria integração da companhia", diz.

Fonte: Ligia Guimarães (G1)

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