Nos registros da aviação, o Comet é o primeiro avião a jato destinado à aviação comercial a sair da fábrica, com um vôo de teste histórico em 27 de julho de 1949 e vôos comerciais em 1952.
Mas foi o 707, com suas inovações tecnológicas, que colocou a aviação civil na era do jet, diante de um Comet com reputação manchada por diversos incidentes, entre eles várias tragédias em 1954.
Os infortúnios do Comet ajudaram a Boeing a se impor como o fabricante da aviação de referência mundial, diante da concorrência do Tu-104 do russo Tupolev, do C102 do canadense Avro Canada e do Caravelle do francês Sud Aviation.
A Boeing sempre gostou de contar a lenda do 707 - que ficou conhecido como "Seven Oh Seven" - criado numa época em que os pássaros de ferro estavam mais expostos aos caprichos da meteorologia.
"Foi numa sexta-feira tipicamente fria e chuvosa do Noroeste dos Estados Unidos, dia 20 de dezembro de 1957, que o chefe da tripulação Tex Johnston, seu co-piloto Jim Gannet e o engenheiro Tom Layne embarcaram no primeiro 707 fabricado em série e esperaram, na pista do aeroporto municipal de Renton, o tempo melhorar para o primeiro vôo de teste", lembrou o grupo.
"Às 12H30, a decisão de decolar foi tomada. Mas quando o 707 ganhava altitude sobre Renton, um tempo imprevisível fechou o céu em volta da aeronave, forçando um pouso de urgência depois de apenas 7 minutos de vôo. "Mais tarde, o céu melhorou o suficiente para permitir à tripulação de fazer um vôo de 71 minutos".
O 707, o ponto culminante de cinco anos de pesquisas e experimentos, vai consagrar a revolução tecnológica dos aviões a jato. Estes últimos, maiores, mais rápidos e mais aerodinâmicos, atrapalharam a vida os aviões a hélices, rapidamente relegados à categoria de antiguidades.
Desde 1952, a Boeing apostou no "Dash 80", um protótipo do 707 da série, após mais de 3.000 horas de vôo, de inúmeros experimentos e testes sobre o design, os componentes e ainda as técnicas de aperfeiçoamento de aterrissagme. Movido a motores Pratt & Whitney, o primeiro 707 realizou um vôo comercial Nova York-Paris em 26 de outubro de 1958. Ele era operado pela PanAm, na época a melhor companhia nos Estados Unidos.
Este é o começo da carreira internacional do 707, em sua série 707-120, capaz de garantir vôos de longa distância para 140 passageiros.
Depois deste primeiro sucesso comercial, a Boeing lançou rapidamente outras versões do jato, entre elas o 707-320 Intercontinental, mais longo, com motores mais potentes e mais econômicos em combustível.
O programa 707 melhorou ainda mais nos anos 60 graças a motores de nova geração, permitindo economias de combustíveis extras, uma redução do barulho e um raio de ação de 6.000 milhas (9.600 km), contra 4.000 (6.400 km) de antes.
O 707 ganhou ainda em prestígio com encomendas e, se tornando o avião presidencial americano - Air Force One -, transportando Richard Nixon, Gerard Ford, Jimmy Carter...
Em 1978, a Boeing parou a produção de 707 civil. Contratos com a Defesa, que irão até 1994, permitirão ao 707 a passar de 1.000 unidades entregues.
Aproximadamente 130 Boeing 707 voam ainda hoje, segundo as estimativas do grupo. Alguns foram transformados em aviões de frete, outros pertencem a empresas e a particulares, como o ator John Travolta, um fã da aviação. Um pequeno número garante sempre um serviço comercial.
Fonte: AFP